Pílulas gramaticais (Julho de 2022)

Observe estas frases:

– Me faça um favor, eu lhe peço.

– Nos mandamos de lá, assim que a confusão começou.

– Se manda daqui, menino!

– Me desculpem, foi mal!

– Vos desejo toda a alegria do mundo...

As frases acima contêm um erro que na chamada linguagem culta não se permite: iniciar a oração com um pronome pessoal do caso oblíquo: me, te, se, o, a, lhe, nos, vos, os, as, lhes.

O correto então seria escrevê-las assim:

– Faça-me um favor, eu lhe peço.

– Nós nos mandamos de lá, assim que a confusão começou.

– Manda-se daqui, menino!

– Desculpem-me, foi mal!

– Desejo-vos toda a alegria do mundo...

*

Entre os pronomes oblíquos citados há um que requer especial atenção: a partícula “se”, que pode assumir várias funções em nosso idioma, seja como pronome, seja como conjunção.

Como pronome, pode funcionar:

1. como partícula apassivadora: Vendiam-se ali produtos variados.

2. como pronome reflexivo: O palestrante atrapalhou-se no início de sua fala.

3. como partícula integrante do verbo: Muitos se queixaram do governo local.

4. como partícula de realce ou expletiva: Quase todos se foram embora.

5. como índice de indeterminação do sujeito: Falava-se de tudo ali.

Em todos os cinco casos é, como foi dito, incabível usá-lo na abertura de uma oração.

Como conjunção, pode ser:

a) subordinativa condicional: Se a família deixar, viajarei ainda hoje.

b) subordinativa integrante: Não sei se o fato narrado é realmente verdadeiro.

Nos dois casos acima, a partícula “se”, por ser uma conjunção, pode perfeitamente iniciar a oração.



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