O pensamento de Jesus, Emmanuel e Joanna - Rogério Coelho

O Espiritismo não possui palanque para espectador ocioso

"E foram sós num barco, para um lugar deserto."  - Mc., 6:32


O mundo moderno com suas conquistas tecnológicas apresenta-se enfermo! A falência dos valores éticos   na atualidade é inquestionável.   Aclaradas algumas interrogações pela Ciência contemporânea, outras incógnitas surgem - desafiadoras - convidando a mais apuradas investigações...  O   organismo social   padece    conflitos alarmantes e o homem, ansioso, no báratro das   realidades cotidianas, delira ou angustia-se, apresentando-se insatisfeito e sofrido em todos os seguimentos da comunidade onde se movimenta...

Multiplicam-se as conquistas da inteligência e fazem-se mais complexos os quadros do sentimento amarfanhado.

Loucura e suicídio dão-se as mãos, solidão e estados depressivos encarceram vidas, alienações e enfermidades psicossomáticas   aumentam vertiginosamente   com   estatísticas assustadoras, viroses de gênese   desconhecida   alastram-se, enquanto a fome, a pobreza, o abandono explodem em agressividade e em violência difíceis de controladas. O panorama apresentado pela dor é sombrio e as perspectivas futuras desenham-se temerárias.   É certo que nem tudo são tragédias e desconcertos, vez que há muita beleza e amor diminuindo as tensões e espocando em esperanças de melhores dias, atestando a vitória da inteligência sobre a força, do bem sobre o mal.  Homens e mulheres estoicos dedicam-se a tarefas nobilitantes, amando e ensinando a amar...

Não podemos, porém, esquecer que o homem vitorioso nos empreendimentos externos, não soube, ou não quis ainda triunfar sobre as paixões primitivas, que prosseguem em predomínio dando mostras de impiedade, que atoleimam as demais criaturas.

Sem desejarmos apresentar um quadro deprimente dessas ocorrências dantescas e sem nos determos nas evocações do passado distante, rico em chacinas, genocídios e destruições, recordamo-nos de que, nas suas vitórias no Egito, depois de conquistada a cidade de Jaffa, Napoleão Bonaparte, alegando escassez de víveres e recursos para os prisioneiros que lhe caíram sob o jugo, mandou-os degolar, no mês de março de 1799, em número de 3.000.

A Segunda Guerra Mundial ceifou 50 milhões de vítimas, dentre as quais 6 milhões de judeus morreram nas câmaras de gás, l6 milhões de russos e poloneses pereceram sob crueldade incrível e populações várias foram   totalmente exterminadas, como ocorreu em Lídice, na Checoslováquia e em Oradour, na França.

No Camboja, há pouco, o Kmer Vermelho, numa população de 7 milhões de pessoas, mandou matar mais de l milhão, a fim de impor a sua ideologia arbitrária...

No Líbano, repetindo o levante do Gueto de Varsóvia, no ano de 1944, no qual morreram 200.000 judeus, em 1975 os falangistas cristãos (!?) mataram 2.000 palestinos, e por sua vez, mais de 600 cristãos foram massacrados, logo depois, pelos palestinos, em Damour...

Os crimes nos acampamentos de Sabra   e Chatila, ainda não se apagaram na memória dos povos estarrecidos, quando, na Índia, por questões políticas emigrantes de outro Estado foram assassinados em mais de 150 aldeias, não se havendo poupado crianças, gestantes, enfermos, nem idosos...

A relação é larga e dolorosa!...E não estamos nem mesmo mencionando a cruenta atualidade planetária, em especial no Oriente Médio em crescente onda de violências de todo matiz...  O amor está frio no sentimento da maioria dos homens e as doenças do ódio, do absolutismo do poder coletivo e individual contaminam os seres humanos, ameaçando-os de extinção numa guerra total.

Não obstante, Jesus vela pela Nau Terrestre e Se compadece do homem inquieto e violento destes dias, facultando-lhe recomeço e paz.   Para que o mesmo logre a renovação íntima e a saúde, a Doutrina Espírita se lhe apresenta como a terapêutica de emergência através da qual ele consegue o encontro consigo mesmo e logra a felicidade.

O Espiritismo, porém, (segundo Humberto de Campos) não possui arquibancada para espectador inoperante.  Aprendizes do Evangelho, à espera de facilidades humanas, constituirão sempre assembleias do engano voluntário. O Senhor não prometeu aos companheiros senão continuado esforço contra as sombras até à vitória final do bem...

O cristão não é flor de ornamentos para igrejas isoladas.  É o "sal da Terra", força de preservação dos princípios divinos no santuário do mundo inteiro.  A palavra  de Jesus, nesse particular, não padece dúvidas, nem vem mesclada  de subterfúgios: "se alguém quiser vir após mim, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me; no mundo tereis aflições;  amai os  vossos  inimigos; orai pelos que vos  perseguem  e  caluniam; bendizei os que vos maldizem; Emprestai sem nada esperardes;  não julgueis para não serdes julgados; entre vós o maior seja o servo de todos; Buscai a porta estreita; Eis que vos mando como ovelhas ao meio de lobos; porém, não se turbe o vosso coração; Credes em Deus, crede também em mim...”

Mediante afirmativas tão claras e peremptórias, é impossível aguardar em Cristo um doador de vida fácil.  Ninguém se aproxima d`Ele sem o desejo sincero de aprender e melhorar-se.   Se o Cristianismo é esperança sublime, amor celeste e fé restauradora é também trabalho, sacrifício, aperfeiçoamento incessante. Ratificando as lições divinas, Jesus viveu servindo e morreu na cruz da ignomínia.

*

Se estiveres cansado, vem a um lugar à parte, no país de ti mesmo, a fim de repousar um pouco...  Esquece as fronteiras sociais, os controles domésticos, as incompreensões dos parentes, os assuntos difíceis, os problemas dolorosos, as ideias inferiores, os transes inquietantes na área social e profissional. Retira-te dos lugares comuns a que ainda te prendes.  Concentra-te, por alguns minutos em companhia do Cristo, no barco de   teus pensamentos   mais   puros, sobre o   mar   das   preocupações cotidianas...  Ele te aliviará a mente eivada de aflições; balsamizará tuas úlceras; e dar-te-á salutares alvitres.  Basta que te cales e a Sua voz falará no sublime silêncio.  

Oferece-Lhe um coração valoroso na fé e na realização, e Seus braços divinos farão o resto.  Regressarás, então, aos círculos de luta, revigorado, forte e feliz.  Teu coração com Ele, a fim de agires com êxito, no vale do serviço.  Ele contigo, para escalares, sem cansaço, a montanha da luz...                                                                                                                                     

Referências bibliográficas:

Joanna de Ângelis/Franco, D.P. Terapêutica de emergência (Introdução) - LEAL

Emmanuel/Xavier, F.C. Caminho. Verdade e Vida  -  capítulos 168 e 169 - FEB



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