O laço que liga o Espiritismo à doutrina cristã
No estudo que fez, no capítulo I do livro A Gênese, sobre as três grandes revelações da Lei de Deus, Allan Kardec foi por demais claro.
Recordemos o que o Codificador ali escreveu.
A Moisés devemos – diz Kardec – três grandes realizações: a revelação da existência de um Deus único, Soberano Senhor e Orientador de todas as coisas; a promulgação da lei do Sinai, ou Decálogo, e o lançamento das bases da verdadeira fé.
O Cristo, – lembra o Codificador – tomando da antiga lei o que é eterno e divino e rejeitando o que era transitório, puramente disciplinar e de concepção humana, acrescentou-lhe a revelação da vida futura e dissertou sobre as penas e recompensas que aguardam o homem depois da morte, um tema que não havia sido tratado na doutrina mosaica.
Evidentemente, dada a condição de inferioridade intelecto-moral que caracterizava os homens de sua época, o Cristo não pôde avançar sobre outros temas, razão pela qual disse estas palavras registradas no Evangelho de João:
«Muitas das coisas que vos digo ainda não as compreendeis e muitas outras teria a dizer, que não compreenderíeis; por isso é que vos falo por parábolas; mais tarde, porém, enviar-vos-ei o Consolador, o Espírito de Verdade, que restabelecerá todas as coisas e vo-las explicará todas.»
Surgiu então, 18 séculos depois, o Espiritismo, que, partindo das próprias palavras do Cristo, como este partiu das de Moisés, é – conforme palavras textuais de Kardec – “consequência direta da sua doutrina”.
O laço que liga as três revelações não poderia ser exposto com maior clareza.
A Doutrina Espírita, cujo advento ocorreu numa época bem mais favorável à disseminação do conhecimento, acrescentou às revelações anteriores informações importantes, como a confirmação da existência do mundo invisível que nos rodeia, a definição dos laços que unem a alma ao corpo e, por consequência, a dissipação do véu que ocultava aos homens os mistérios do nascimento e da morte.
Com as luzes trazidas pelo Espiritismo, o homem sabe donde vem, para onde vai, por que está na Terra, por que sofre temporariamente, e vê por toda parte a justiça de Deus, ciente de que, conforme Jesus ensinou, amar a Deus e ao próximo constitui o dever principal de todos nós.
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