Estudando o cérebro físico e espiritual - Nubor Facure

Anotações preliminares

Os últimos anos foram extremamente férteis no estudo do cérebro e dos neurônios em particular. Usando equipamentos sofisticados foram identificadas funções surpreendentes. Descobriu-se, por exemplo, que existem áreas do cérebro ligadas especificamente ao julgamento moral e à espiritualidade. Olhando alguém que está sofrendo dor, o cérebro de quem observa também põe em atividade neurônios da área sensitiva, como que compartilhando essa dor. Fazer exercícios físicos ativa grupos de neurônios nas áreas motoras. O que surpreende é que a simples imaginação da mesma atividade física também ativa esses mesmos neurônios.

Sempre se acreditou que o adulto não produzia novos neurônios e hoje isso já é aceito como possível, particularmente nas regiões do hipocampo – área do cérebro relacionada com a memória.

Levamos com o perispírito alguns tipos de neurônios? 

Algumas informações confirmadas pela Ciência é necessário que sejam revistas por nós, para compreendermos essa questão.

Os neurônios estão sempre numa atividade frenética. A cada instante que se mede em milissegundos, estamos realizando trocas químicas e enviando receitas genéticas que constroem um novo padrão de receptores nas membranas celulares desses neurônios. Nossa vida mental está, portanto, inteiramente registrada nos impulsos químicos das células cerebrais e nas redes neurais que elas organizam.

Penso eu que no ser encarnado existe uma correspondência entre os neurônios do corpo físico com os do perispírito. Se assim não fosse, viveríamos duas personalidades. Imediatamente após o desencarne as informações do cérebro físico serão transferidas integralmente para o Corpo Espiritual. Nessa fase contaremos com a mesma rede de neurônios que dispúnhamos no corpo físico. Foi por isso que já sugeri que “levaremos” nossos neurônios para a vida espiritual que nos acolhe depois da morte. Posteriormente, os “arquivos mentais” do perispírito se ampliarão, resgatando antigas informações de outras vidas, por mecanismos que ainda desconhecemos.

Quando falamos que os neurônios são células que “levamos” no perispírito, quer dizer: os registros, as informações. Como ficam, então, os neurônios de alcoólatras e/ou drogados? Pela Ciência, são regenerados em vida ou não? Neurônios se regeneram?

As informações de André Luiz nos dão conta de que o “Corpo Espiritual” dos desencarnados prescinde de uma série de órgãos que para o corpo físico são fundamentais. A massa muscular e o aparelho digestório sofrem sensível regressão.

Por outro lado, o cérebro não poderia sofrer restrição após o desencarne, pelo simples fato de comprometer nossa integridade mental.

No caso de lesões que nós mesmos provocamos, ao nos comprometermos com vícios acumulados inadvertidamente – como é o caso do alcoolismo ou da drogadição – estaremos fixando no perispírito um dano cerebral que exigirá, mais cedo ou mais tarde, reconstrução anatômica que, talvez, só a bênção de uma nova encarnação poderá facilitar.

O nosso patrimônio físico/perispiritual merece um zelo que ainda não sabemos dimensionar. 

Hoje em dia já está comprovada a possibilidade da regeneração de neurônios. Já conhecemos alguns fatores químicos que estimulam o crescimento dos neurônios e tanto o aprendizado novo como o exercício físico atuam facilitando a regeneração de neurônios nas regiões do hipocampo, região especializada no arquivo de memórias

Os neurônios ficam no perispírito ou seria no corpo mental?

Allan Kardec optou pela simplificação desses termos e, em toda sua obra, faz referência quase exclusiva ao perispírito quando se refere ao nosso “envoltório espiritual”. André Luiz, em especial, nos esclarece algumas particularidades, fazendo distinção entre o perispírito, o corpo mental e o corpo etéreo, que vêm a ser elementos distintos entre si. Com frequência os termos são usados como representando a mesma coisa, quando, na verdade, se referem a estruturas distintas.

Para usar a linguagem da informática, diríamos que o perispírito teria uma conexão anatômica “compatível” com o nosso corpo físico, e nele encontraremos o correspondente espiritual dos neurônios físicos.

Já nascemos com uma quantidade fixa de neurônios para aproveitar ou “queimar”? 

Curiosamente, nascemos com uma quantidade muito maior de neurônios do que os que vamos usar durante a vida toda. Logo após o nascimento ocorre uma perda contínua e enorme daqueles neurônios que não fortaleceram suas ligações sinápticas – são trilhões de contatos químicos que precisam ser estabelecidos, por isso é importante a estimulação da criança, principalmente nos primeiros anos de vida, justamente para que ela proceda à construção das redes sinápticas, que lhe serão fundamentais para sua vida mental futura. Nessa ocasião, o vínculo materno exerce um efeito protetor incomparável.

Como dissemos, já é aceito que na vida adulta ocorre também a produção de novos neurônios. Essa, porém, não é a regra para todo o cérebro. A reposição de neurônios ocorre comprovadamente no hipocampo, região ligada às nossas memórias. A leitura, os exercícios físicos saudáveis, trabalhos manuais, uma vida mental sem estresse, períodos de férias repousantes, atividade solidária e fraterna com o próximo, alimentação compatível com as necessidades básicas, vitamina E, ácido fólico, Ômega 3, envolvimento sincero com a espiritualidade, são recomendações já comprovadas que garantem benefícios aos nossos neurônios e à construção dessas redes.

Lição de casa:

Toda atividade física ou mental tem seu correspondente na atividade de neurônios em alguma área do cérebro. Está comprovado que durante as fases de depressão grave o hipocampo perde neurônios e quando os antidepressivos corrigem a química dos neurotransmissores o hipocampo constrói outros neurônios que atuarão na cura do processo depressivo. 

Nós espíritas temos na neurologia um magnífico campo de estudo para compreender muito do que nos ensina a Doutrina Espírita.

Ideias fixas que nos aprisionam a mágoas e ressentimentos persistentes têm um efeito deletério sobre o nosso cérebro e não nos convém mantê-las por mais tempo.

O pensamento negativo que nos imobiliza pela depressão pode causar danos irreparáveis ao cérebro, comprometendo nossa vida mental para sempre.

Pensar ou imaginar com persistência criarão padrões de neurônios que podem nos ajudar ou prejudicar. A oração não é apenas uma mensagem imaterial, ela também modifica a química e a estrutura funcional dos nossos neurônios.

Aprender coisas novas, adquirir talentos, exercitar o bem ampliam as redes de conexão entre os neurônios. Comprometer-nos com vícios, consolidar crimes ou vinganças, exigir posses indevidas, impor opiniões deixam marcados impulsos que os neurônios fixam para sempre.

A distância entre imaginar e desejar é muito pequena. Pensar e agir estão mais próximos do que parece.

Precisamos rever nossos desejos ocultos, nossas intenções não concretizadas, as pequenas maldades disfarçadas, os gestos de boa intenção que não se concretizam nunca, o perdão que insistimos em adiar, a ajuda ao próximo que fica sempre para depois. Todas essas atitudes já estão impressas em neurônios do nosso cérebro e nos comprometem enquanto não se resolvem.

A meditação sinaliza nos neurônios um padrão novo de conexões que podem ser muito benéficas para nossa vida mental. Devemos estimular sua prática aliada às orações.

PS - Nos textos de Kardec aprendemos que o perispírito é um organismo semimaterial que não se estrutura em células como ocorre com o corpo físico. Mas convém registrar que O Livro dos Espíritos é de 1857 e a descrição dos neurônios recebeu Prêmio Nobel em 1906.



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