Descobertas e transformações - Orson Peter Carrara

Nada criamos. Tudo descobrimos ou transformamos. Aprendemos a descobrir as leis da natureza, extraímos a madeira das árvores, descobrimos os alimentos nas plantas e nos animais. Gradativamente fomos desenvolvendo a inteligência, produzindo ferramentas, equipamentos, utensílios e materiais que nos atendessem às exigências ou necessidades de conforto, proteção, locomoção etc. Com isso, transformando os elementos naturais disponíveis ou gradativamente descobertos – principalmente pela observação, pela pesquisa ou pela mera exploração – chegamos ao atual estágio de uso de tudo que produzimos, transformando os elementos naturais que fomos descobrindo, entendendo seu mecanismo ou disciplinando seu uso.

Atualmente desfrutamos de alta tecnologia, que está sempre se multiplicando em novos benefícios para todas as áreas. Isso é muito bom e resultado natural da inteligência humana. O idealizador original, Deus, colocou as leis naturais a nosso serviço, em nosso favor, e estimulou que fossemos aos poucos descobrindo seus fabulosos recursos.

Com isso alcançamos a anestesia, o avião, o ar-condicionado, a luz elétrica, canalizamos a água e o esgoto, aprimoramos a indústria, usamos a criatividade no comércio, nos especializamos em diferentes áreas, investimos na medicina e na odontologia, e criamos inúmeros confortos que hoje facilitam a vida e seus desdobramentos. Tudo fruto da inteligência. E o universo virtual abriu nova era na comunicação, na transmissão de dados e em tantos outros meios já disponíveis.

O que virá nas próximas décadas? Não sabemos. Mas muito ainda virá, valorizando a oportunidade de viver, conviver, aprender.

E é exatamente nesse conviver que está o outro grande desafio dessas descobertas e transformações. Eis que no conviver nos relacionamos uns com os outros, onde as diferenças de todos os tipos se encontram. É aí que surge a descoberta e a transformação moral.

A consolidação moral solicita a honestidade, o respeito, a solidariedade, a retidão, o trabalho no bem, a gratidão, a fraternidade. E como ainda não descobrimos efetivamente isso – apesar da informação já disponível – vivemos na patinação dos conflitos de maior ou menor gravidade. Conosco mesmo nos desequilíbrios próprios, com aqueles que pensam diferente – gerando desprezo, disputa, maledicência, violência, desrespeito – ou até mesmo com a vida como se apresenta, onde temos a opção de escolha entre a revolta e a resignação, a fé ou o desespero, a violência ou a pacificação, a solidariedade ou a indiferença e a omissão, o trabalho e a acomodação, o egoísmo e o altruísmo.

Notemos! Todos valores morais. Degradantes ou elevados, enfermiços ou saudáveis.

Lutemos agora para descoberta dos benefícios morais – pois ainda estagiamos na mediocridade moral, apesar do avanço material – para que efetivamente nos transformemos para melhor. A vida fluirá em paz e alegria. Falta-nos esse comprometimento com o bem geral.



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