Como será nossa vida depois da morte?

Por que tememos tanto a morte?

Claro que variados são os motivos, mas o principal deles é, sem contestação, o desconhecimento de como se opera essa transição e o que nos aguarda no chamado além-túmulo.

O assunto pode parecer inadequado nos dias que correm, tantos são os problemas e vicissitudes que as criaturas humanas enfrentam neste mundo tão conturbado e confuso.

É necessário, contudo, reconhecer que a morte é, em verdade, um final de um ciclo que começa com o nascimento e constitui a única certeza que todos temos com relação à nossa própria existência, ou seja, todos morreremos!

Quando?

Ninguém sabe; pode ser hoje, pode ser daqui a 30 anos.

Que nos virá depois dela?

Lembremos inicialmente que nossa existência corpórea é apenas uma fase, mas não a única, das múltiplas experiências que todos nós deveremos enfrentar no longo caminho que nos levará à perfeição, uma meta que Deus assinalou para todas as suas criaturas.

As pessoas de nosso tempo têm lutado bastante para se darem bem na vida e poderem, dessa forma, desfrutar as benesses que o progresso da civilização engendrou.

Muitos, é justo reconhecer, sonham com a felicidade, um objetivo compreensível e válido que pode, no entanto, revelar-se um desastre se, para alcançá-la, negligenciarem os chamados valores espirituais indispensáveis à vida, porque inerentes ao Espírito imortal que todos somos.

As comunicações transmitidas pelos Espíritos mostram-nos que a vida pós-morte é uma espécie de continuação da existência corpórea, com a diferença de que nela os valores e as preocupações levam em conta nossa condição de Espírito e nossas verdadeiras necessidades, enquanto que a existência corpórea se apresenta como um lance rápido, efêmero e transitório, como verdadeiramente ela o é.

Com efeito, por mais longa que seja nossa estada neste plano, os anos passados numa existência corpórea formam um período de tempo irrisório se comparado com a eternidade que se abre à vida dos Espíritos.

No além-túmulo o homem se apresenta com as qualidades e os defeitos que tem, bem como os sentimentos e as recordações que o sensibilizam. As relações familiares verdadeiras se mantêm e se intensificam. Aqueles que se amam jamais se apartam...

A morte não deveria, por isso, assustar a ninguém, uma vez que nada perdemos com ela, a não ser os bens que desfrutamos provisoriamente enquanto reencarnados, como simples usufrutuários que somos, e até mesmo nosso corpo material, que nenhuma falta fará ao Espírito liberto, que se expressará então em outro corpo, semelhante ao primeiro, ao qual Paulo de Tarso chamou de corpo espiritual (*) e Kardec define como sendo o envoltório sutil da alma, ou perispírito.

A desencarnação – ensinam os imortais – atinge-nos de modos diferentes, segundo a condição moral de cada um.

Lemos no livro O Céu e o Inferno:

“A causa principal da maior ou menor facilidade de desprendimento é o estado moral da alma. A afinidade entre o corpo e o perispírito é proporcional ao apego à matéria, que atinge o seu máximo no homem cujas preocupações dizem respeito exclusiva e unicamente à vida e aos gozos materiais.” (O Céu e o Inferno, de Allan Kardec, 2ª Parte, cap. 1, item 8.)

Existe, pois, uma relação direta entre o modo pelo qual vivemos no mundo e o começo da vida além-túmulo, porquanto o desprendimento da alma, em seguida à morte corporal, é semelhante ao despertar da pessoa que renasce para uma nova existência corpórea.

Duas conclusões podemos tirar dos ensinamentos acima. A primeira é que é preciso compreender melhor o sentido da vida, que não se resume aos poucos anos que compõem nossa existência corpórea.

A segunda é que, submetidos à lei do progresso, temos o dever indeclinável de trabalhar por nosso aprimoramento moral, identificando-nos com a vida espiritual e abdicando, se preciso, das vantagens imediatas em prol do futuro, sem nos esquecermos de que somos Espíritos e temos objetivos que transcendem as metas e as preocupações exclusivamente de natureza material.

 

(*) Semeado corpo animal, ressuscita corpo espiritual. Se há um corpo animal, também há um espiritual. (I Coríntios 15,44.)



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