Inexaurível laboratório de observações - Rogério Coelho

O médium que não quiser perseverar no estudo espírita, se abstenha da prática

“(...) Arrebentando as lápides tumulares, as Vozes do Infinito desparzem luzes de esperança sensibilizando   os   que ainda se agitam nas vielas e espinheirais terrenos rogando orientação e arrimo para os próprios passos”. - Camilo[1]


Quando o Mestre lionês tratou[2] do assunto referente às reuniões nas Sociedades Espíritas, ele nos ofereceu importantíssimas instruções para todos os que – pretendendo instruir-se adequadamente – lançam as sondas da perquirição e do estudo no intricado e complexo Mundo Espiritual.

Sob pena de sofrermos revezes de variada ordem, jamais poderemos fazer incursões na área da comunicabilidade com os Espíritos sem uma firme bagagem doutrinária sedimentada em extenuantes estudos dos livros básicos, em especial de “O Livro dos Espíritos” e “O Livro dos Médiuns”; isto, sem falar nas inúmeras obras subsidiárias sérias da lavra de André Luiz, Manoel Philomeno de Miranda, Joanna de Ângelis, Amélia Rodrigues, Dr. Bezerra de Menezes, Yvonne do Amaral Pereira, Dr. Odilon e outros luminares das letras espíritas encarnados e desencarnados...

O Espiritismo prático está inçado de escolhos e cardos ferintes.  Para sobrepormo-nos a eles, tal estudo torna-se vital, indispensável...

Inicialmente há que se examinar, com muito cuidado as condições dos encarnados que formarão a equipe para o intercâmbio mediúnico. Terão que preencher algumas condições básicas indispensáveis, quais sejam[3]: “perfeita comunhão de vistas entre os membros; cordialidade recíproca entre todos; ausência de todo sentimento contrário à verdadeira caridade cristã; um único desejo: o de se instruírem e melhorarem por meio dos ensinos dos Espíritos e do aproveitamento de seus conselhos.

Quem esteja persuadido de que os Espíritos superiores se manifestam com o fito de nos fazerem progredir, e não para nos divertirem, compreenderá que eles necessariamente se afastam dos que se limitam a lhes admirar o estilo, sem nenhum proveito tirar daí, e que só se interessam pelas sessões, de acordo com o maior ou menor atrativo que lhes oferecem, segundo os gostos particulares de cada um deles; exclusão de tudo o que, nas comunicações pedidas aos Espíritos, apenas exprima o desejo de satisfação da curiosidade; recolhimento e silêncio respeitosos, durante as confabulações com os Espíritos; união de todos os assistentes, pelo pensamento, ao apelo feito aos Espíritos que sejam evocados; concurso dos médiuns da assembleia, com isenção de todo sentimento de orgulho, de amor-próprio e de supremacia e com o só desejo de serem úteis”.

A motivação que impulsiona os integrantes da equipe não pode estar mesclada de vãs curiosidades e sim plena de intenções claras e objetivas de se esclarecerem e auxiliar aos necessitados de ambos os planos da vida.

Ensina Léon Denis[4]: “(...) à união de pensamentos é necessário acrescentar a união de corações. Quando reina antipatia entre os membros de um grupo, a ação dos Espíritos elevados se enfraquece e aniquila. Para obter sua intervenção assídua é preciso que a harmonia moral, mãe da harmonia fluídica se estabeleça nos corações, e que todos os adeptos se sintam na conjunção de esforços por alcançar um objetivo comum, ligados por um sentimento de benévola cordialidade.

A limitação do número dos integrantes da equipe é algo que também não pode ser descurado, a fim de evitar-se a intromissão de elementos heterogêneos que levariam as reuniões a resultados pouco proveitosos.

Os grupos pouco numerosos e de composição homogênea são os que reúnem as maiores probabilidades de êxito. Se já é difícil harmonizar as vibrações de cinco ou seis pessoas entre si e os fluidos do Espírito, evidentemente as dificuldades aumentam com o número de assistentes.  É prudente não exceder o limite de dez ou doze pessoas de um ou outro sexo”.

Por fim a meditação e aprofundados estudos das comunicações dos Espíritos, são fontes inesgotáveis de assuntos e constituir-se-ão em meios de instrução para os integrantes das equipes socorristas.

Blaise Pascal dá o seguinte recado para os médiuns que se dispõem a trabalhar com Jesus e Kardec na área delicada da mediunidade[5]: (...) que dentre vós, o médium que não se sinta com forças para perseverar no ensino espírita, se abstenha; porquanto não fazendo proveitosa a luz que ilumina, será menos escusável do que outro qualquer e terá que expiar sua cegueira”.

Aí estão os pontos que devem merecer a atenção dos grupos realmente sérios, dos que mais cuidam de instruir-se do que de achar um passatempo.

E para finalizar um aviso importante: a maior necessidade do médium é evangelizar-se antes de se entregar às tarefas mediúnicas”.     


[1] - TEIXEIRA, Raul. Diretrizes de segurança. ed. FRÁTER, Niterói.

[2] - KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. 71.ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2003, 2ª parte – cap.  XXIX.

[3] - Idem, ibidem, 2ª parte – cap. XXIX, item 341.

[4] - DENIS, Léon.  No Invisível. 19.ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2000, cap. IX – 1ª parte.

[5] - KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. 71.ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2003, 2ª parte – cap. XXI, item 13.



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