Nascidos para amar

“Amar, no sentido profundo da palavra, é ser leal, probo, consciencioso, para fazer aos outros o que se quer para si mesmo; é procurar, ao redor de si, o sentido íntimo de todas as dores que oprimem vossos irmãos, para abrandá-las; é encarar a grande família humana como a sua...” -  Sanson, 1863, O Evangelho Segundo o Espiritismo.

Lendo esse pequeno trecho do Evangelho, vemos quanto de virtudes precisamos adquirir para chegar a esse ponto. Somos ainda aprendizes desse sublime sentimento.

O amor é de origem divina, disse-nos nesse mesmo evangelho o espírito de Lázaro, na página intitulada A Lei de Amor.

Diz-nos ele que o amor resume inteiramente a doutrina de Jesus; que os sentimentos são os instintos elevados à altura do progresso realizado. Um dia seremos puro amor, como Jesus o é. Esse dia vai depender de nós, do nosso desejo de alcançar a felicidade destinada aos bons e puros de coração. Ainda nos falta muito, mas chegaremos lá, já que a trajetória evolutiva nos compele a esse sublime sentimento.

Na questão 166 de O Livro dos Espíritos Allan Kardec pergunta como a alma que não alcançou a perfeição na vida corpórea acaba de se depurar. Os espíritos respondem que suportando a prova de uma nova existência. Todos nós, dizem eles, passamos por várias existências físicas e na questão 167 dizem que o objetivo da reencarnação é a expiação, o aprimoramento progressivo da humanidade, sem o quê, aonde haveria o progresso?

Certa ocasião, lemos um livro de Leo Buscaglia, professor ítalo-americano, desencarnado há muitos anos, quando ele contou sobre um curso, intitulado Amor, que realizava na universidade. A fila de espera era grande, muitos desejosos de entender o amor ao próximo. Disse ele que colocava como requisito obrigatório para se frequentar essas aulas um trabalho voluntário. Um dia, um seu aluno, Gary, com cerca de 20 a 21 anos, se dirigiu a ele, dizendo que não sabia o que fazer. Como, perguntou-lhe Buscaglia, numa cidade enorme como esta, você não sabe o que fazer? Procure numa casa de velhinhos (deu-lhe o nome, uma senhora, também nomeada e vá visita-la). Ela sente muita solidão e necessita que a visitem.

Gary obedeceu. No dia da visita lá estava ele conversando com a senhora idosa. No início ela parecia desconfiada, depois foi-se abrindo, contando histórias de sua época e Gary religiosamente a visitava, o que para ele se tornou também um prazer. No dia da visita, a velhinha começou a cuidar melhor dela, se arrumar, afinal, era o dia do Gary. O professor Leo Buscaglia relata que se sentiu realizado como professor, num final de semana, quando haveria um jogo de futebol americano na universidade e o Gary apareceu lá com todos os velhinhos do asilo!

É sua a frase, num de seus livros, como também Joanna de Ângelis reportava que o amor se aprende, como aprendemos a ler e a escrever.

No livro Fonte Viva, de Emmanuel, através da psicografia de Chico Xavier, na página intitulada Na Presença do Amor, o espírito de Emmanuel inicia suas linhas com uma frase do apóstolo João, que diz” Aquele que ama a seu irmão está na luz e nele não há escândalo”.

Em suas palavras Emmanuel relata que quem ama o próximo, sabe, acima de tudo, compreender. E quem compreende sabe livrar os olhos e os ouvidos do venenoso visco do escândalo, a fim de ajudar ao invés de acusar ou desservir.

Diz ele que é necessário trazer o coração sob a luz da verdadeira fraternidade, para reconhecer que somos irmãos uns dos outros, filhos de um mesmo Pai.

Comenta que enquanto nos demoramos na escura fase do apego exclusivo a nós mesmos, encarceramo-nos no egoísmo e exigimos que os outros nos amem. Nesse passo infeliz, não sabemos querer senão a nós próprios, tomando os semelhantes por instrumento de nossa satisfação.

Que beleza o que ele diz: Ama, pois, e assim como a lama jamais ofende a luz, a ofensa não mais te alcançará.

Saberás que a miséria é fruto da ignorância e auxiliarás a vítima do mal, nela encontrando o próprio irmão necessitado de apoio e entendimento.

Aprenderás a ouvir sem revolta, ainda mesmo que o crime te procure os ouvidos, e cultivarás a ajuda ao adversário, ainda mesmo quando te vejas dilacerado, porque o perdão com esquecimento absoluto dos golpes recebidos surgirá espontâneo em teu espírito, assim como a tolerância aparece natural na fonte que acolhe no próprio seio as pedras que lhe atiram.

Ama e compreenderás.

Compreende e servirás sempre mais cada dia, porque então permanecerás sob a glória da luz, inacessível a qualquer incursão das trevas

Essas orientações de Emmanuel são para a nossa profunda meditação, como aprendizes de amor. Os dias vindouros requererão de nós muito amor e compreensão. Que amemos um pouco mais a cada dia, para sermos discípulos dignos de Jesus, nosso mestre divino e inigualável!



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