Faça o que eu digo, não faça o que eu posto!

Uma das criações da era moderna que veio pra ficar com toda a certeza são as redes sociais. A tecnologia evoluiu na última década de modo vertiginoso e a nossa forma de comunicar nunca mais será a mesma, somos detentores de um poder de liberdade como nunca antes visto na história da humanidade na área de expressão do pensamento. E digo isto mesmo com tudo aquilo que existe e ainda é necessário de ser melhorado!

Quer um exemplo disso? Observe, neste momento, o que te impede de ir agora mesmo na sua rede social e postar algo exclusivamente do seu interesse? Postar uma foto sua, de onde você está, do seu momento, do seu almoço, jantar ou simplesmente opinar sobre a matéria que acabou de assistir na televisão, que leu em um site ou que recebeu do seu amigo pelo whatsapp?

É a sua liberdade. É a sua rede social, é a sua vida...não é verdade?

Talvez esta verdade seja mais reveladora de quem somos do que realmente imaginamos. Temos a internet o conceito que por vezes está desassociado do resto da nossa vivência. Uma espécie de terreno próprio onde as ideias que compartilhamos tende a seguir o nosso lado mais emocional e libertador do ego. E por vezes você não precisa falar nada, nem ao menos escrever um ponto, basta dar um like ou utilizar um emote mais adequado ao momento.

E esta expressão social não é somente nossa, afinal ninguém acessa uma rede social para olhar apenas seu próprio perfil. Queremos saber o que está rolando, o que nossos amigos, famosos ou ilustres desconhecidos estão fazendo, o que estão curtindo, qual a opinião deles sobre o que ta acontecendo. Isto é natural, com certeza você já postou uma foto inspirada em alguém, ou quis conhecer um restaurante, praia ou um lugar legal que você viu em outra rede social, você já se imaginou viajando pra outros lugares ao ver fotos de paisagens, ou de pedir um delivery ao ver o post daquela pizza num sábado a noite! Pode ser faxina do sábado, aquela frase motivacional, um problema que você superou e que quis compartilhar, sua foto pensativa frente ao mar ou um rolé aleatório. São muitas as possibilidades.

Mas uma coisa é certa, nossos momentos podem ser fontes de motivação para alguém e nem sabemos.

E nós Espíritas o que temos motivado?

Quem nós temos seguido ou curtido ou compartilhado?

Que ideias temos propagado?

Temos um discurso dissociado das nossas redes?

Somos mais um dos motivadores do discurso de ódio ou do amor do Cristo?

Temos empatia aos problemas do outro ou somos compartilhadores de memes dizendo que é “mimimi” a dor alheia, que é exagero as reivindicações justas?

Digitamos amém nas fotos ou curtimos mas esquecemos de fazer uma oração?

Na indignação que sentimos naquilo que nos choca nos expressamos pedindo a lei de talião ou a justiça?

Somos espíritas em qual perfil? No perfil social, no perfil familiar, no perfil dentro da casa espírita?

“Ah mas só me faltava essa, ter que ficar filtrando o que eu posto!”

“Nem brincar mais se pode?!”

“Até parece que tem algum santo por aqui”

“Não mandei ninguém me seguir, segue quem quiser”

Calma jovem, não é essa ideia! Mas a proposta é se perceber.

Se você precisa pensar duas vezes antes de postar é porque existe algo que está te preocupando. A repercussão disto será positiva? Continue. Não? decline.

Se sua “brincadeira” machuca ou denigre o próximo, não é uma brincadeira.

Se sua postagem vai de encontro ao que professa o ideal cristão, abstenha-se.

E é verdade, talvez não tenha solicitado que ninguém  te seguisse, mas se assim o fazem não é porque algo os interessa?

“Mas eu não sou assim na vida real, quem me conhece sabe que não penso assim”

Essa dissociação dos papéis é um meio de negarmos a responsabilidade que nos cabe.

Dessa forma, podemos notar que com a progressiva evolução do meio virtual, passa-se também a existir uma realidade paralela, a virtual. E como em qualquer outro espaço ele fala um pouco sobre nossos desejos ou até características que gostaríamos de ter, na vida real e ainda não fora alcançada, como também existem os que se manifestam de formas diferentes nas duas realidades.

O que marca o espírita como característica de grupo, dentre várias, está no foco de superar suas más tendência, portanto, por que não supera-las também na nossa realidade virtual?

Já notamos o quanto é falado sobre a "internet", como a terra de ninguém, um espaço que pode ser falado ou questionado. Até por que, como muitos dizem, é apenas uma "tela fria", é um espaço para dizer o que no real não conseguiria. Que mal há?

Se você estivesse só, seria apenas isso, mas quando o mesmo espaço é lugar de fala de qualquer pessoa além de sua existência, já há o que se pensar, e bem pensado.

Todos temos o direito a nos expressar, quando ocupamos um lugar de respeito e de escuta ativa, não apenas de despejo de nossas indignações, que muitas vezes representam nossas fugas ou negações.

Mas afinal, em qual realidade estamos sendo nós mesmo? Em nenhuma? Sim, desde quando só a utilizemos para finalidades superficiais. Nós somos espíritos imortais vivenciando experiência humana, e nossa expressão ser apenas ódio, críticas destrutivas, discurso que não condiz com minhas ações em sociedade e individual, algo não está certo? Percebe?

E se isso chega a ser muito discrepante, quando você observa suas fotos, ou suas postagens e compara com sua realidade, e algo estranho aparece de fato, então se faz necessário uma reflexão. Mas sempre em mente que a realidade virtual não é o todo, mas uma parte disso. Por isso, tenhamos a compreensão de perceber que não existe apenas a nós mesmos numa tela fria, que a mínima agitação pode se tornar acalorada trazendo para sua casa vibrações de medo, ódio, tristezas, inveja como também alegria, amor, afeto, esperança e confiança.

Entretanto, para que isso seja possível, você precisou se inspirar em alguém que pensou sobre a postagem e intencional (ou não) despertar esse sentimento em você. Levando-o a tomar atitudes mais ou menos positivas em sua vida, quiçá em mentes  mais vulneráveis.

Por isso, volto a questionar-te jovem, o que você posta tem a intenção de despertar quais sentimentos no seu próximo?

E o discurso que você se utiliza na internet corresponde a sua vibração?

Você se preocupa também com as pessoas que recebem essa energia em forma de postagem?

Lembre-se daquele post que você leu, da ideia compartilhada que te fez desabafar, do vídeo que assistiu e te fez sentir melhor quando mais precisava. Portanto vibre amor, seja um motivador, construtor de bons momentos, sensações e sentimentos. Seja a influência que você gostaria de receber, seja a palavra amiga, o sorriso franco e a presença que nos faz melhor em momentos difíceis.

Seja autêntico, seja você mesmo. Desvios podem acontecer mas não se perca no caminho do bem, da vivência cristã. O conhecimento espírita o conduz, e quando perceber estará postando o que você pensa e vive refletindo a alegria daqueles que aceitaram o desafio de se autoconhecer.

É um assunto muito presente em nossas vidas, e que será ainda mais, nos próximos anos. Então reflita, jovem. Assim poderemos avançar e dizer:

“Faço o que eu digo, pratico o que posto."



Comentário

2 Comentários

  1. Excelente! Sou mãe de jovem adulto e tive a satisfação de ler isso aqui, importante e urgente essa reflexão!

    Fantástico! Parabéns pelo belo texto e pela contribuição positiva não só para todos os jovens, mas para todos nós espíritas.