Virtude a viver
“Bem-aventurados os pobres pelo espírito, pois deles é o reino dos céus.” – Jesus (Mateus, 5:3.)
Certa ocasião, visitando um pequeno centro espírita, numa reunião mediúnica, no final desta, um espírito amigo se manifestou para os trabalhadores. Disse ele que aquela casa era uma das muitas casas do Caminho de Jesus na Terra. Aquela casa era marcada com o sinal do Cristo. Jesus sabia que ali o amor imperava e que o desejo de se melhorar e de ajudar ao próximo era constante em todos. Que se mantivessem unidos na união fraternal e que se preparassem, pois os trabalhos tenderiam a aumentar, frente às necessidades de muitos de nossos irmãos, tanto encarnados, como desencarnados, que ali aportariam em número crescente. Em terminando suas palavras, ele frisou, parodiando Emmanuel, quando disse a Chico Xavier, que era necessário que tivessem disciplina, disciplina, disciplina, que era preciso que se mantivessem firmes numa virtude, que dela não se afastassem, se quisessem manter ali o sinal do Cristo: humildade, humildade, humildade.
Lição preciosa. No capítulo VII de O Evangelho segundo o Espiritismo, Lacordaire, no texto Orgulho e Humildade, nos diz que a humildade é uma virtude muito esquecida entre nós; que os grandes exemplos que nos foram dados são bem pouco seguidos e, no entanto, sem a humildade, poderíamos ser caridosos para com o nosso próximo? Comenta ele que não, porque esse sentimento nivela os homens; diz-lhes que são irmãos, que devem se entreajudarem e os conduz ao bem. Sem a humildade, nos adornaríamos de virtudes que não temos, como se estivéssemos com um vestuário para esconder as deformidades do nosso corpo. Era para nos lembrarmos de Jesus e de sua humildade.
Sempre Jesus, o mestre que nos é o modelo e guia. Sempre ele a nos pedir que o sigamos e que, para isso, tenhamos muito amor. Como amar, estagiando no orgulho e esquecendo a humildade? É preciso vivê-la constantemente, para que ela fique em nós.
Nosso querido Hugo Gonçalves, o fundador de nosso jornal, juntamente com Luiz Picinin, era um modelo dessa virtude. Nos últimos anos de sua vida, foi muito homenageado em diversos lugares do Brasil. As pessoas o amavam, Brasil afora, pelo trabalho realizado no Espiritismo, pelo amor que vivenciou, junto com sua esposa Dulce. Já velhinho, com seus 97 anos, essas homenagens se intensificaram. Eram muitas. Já comentamos isso no jornal, há algum tempo, mas vale a pena lembrar. Perguntamos a ele como ele aguentava tanto, sem se envaidecer, pois sabemos que um espírito só poderá dizer que foi vitorioso no planeta depois de desencarnar. Ele respondeu: é muito simples. Eu transfiro todas as homenagens para a Dulce, e me liberto delas. Esse era o seu mecanismo para não se envaidecer.
Temos que ter os nossos mecanismos, para manter a humildade viva em nós. Lembramos que além do presente, em vidas passadas, é possível que os nossos benfeitores espirituais nos tenham resgatado de muitos erros praticados. Esse pode ser um auxílio para nós. Colocarmo-nos no lugar daquele que estamos ajudando e pensar que poderíamos, se não fosse o grande amor de Deus, estar na mesma situação.
No livro Fonte Viva, de Emmanuel, psicografado por Chico Xavier, vemos, na página intitulada Riqueza para o Céu, um alerta para acumularmos valores íntimos para comungar a glória eterna. Diz o autor que efêmera será sempre a galeria da evidência carnal. Beleza física, poder temporário, propriedade passageira e fortuna amoedada podem ser simples atributo da máscara humana, que o tempo transforma, infatigável.
Amealhemos bondade e cultura, compreensão e simpatia, diz ele. Sem o tesouro da educação pessoal, é inútil a nossa penetração nos céus, porquanto estaríamos órfãos de sintonia para corresponder aos apelos da vida superior.
Cresçamos na virtude, completa, e incorporemos a verdadeira sabedoria, porque amanhã seremos visitados pela mão niveladora da morte e possuiremos tão somente as qualidades nobres ou aviltantes que houvermos instalado em nós.
O momento reencarnatório que vivemos é ímpar. Fomos abençoados pelo conhecimento espírita. Que possamos aproveitar ao máximo, na melhoria de nós mesmos. Que vivamos as virtudes do bem. A vivência que se necessita intensificar é a da humildade. Sem ela, como a união fraternal? Como o sinal do Cristo?
Sejamos cristãos. O mestre Jesus exemplificou até o final.
Humildade. Virtude a buscar, a viver.
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