Vida real

“Deus consola os humildes e dá força aos aflitos que a suplicam. Seu poder cobre a Terra, e por toda a parte, ao lado de cada lágrima, põe o bálsamo que consola...”  - O Espírito da Verdade (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. VI, item 8.)

A maior beleza do Espiritismo está na consolação que prodigaliza aos aflitos. A dor campeia na Terra e clamores por misericórdia se elevam de todos os solos, rogando a Deus, nosso Pai de amor, que acalme os sofrimentos do mundo.

Ali é fome, acolá doença, em outro lugar, guerra, violência... Lágrimas descem dos olhos aflitos dos seres do planeta.

O conhecimento aplaca a dor. A verdade socorre e a esperança acontece. O Espiritismo, como bênção da compaixão Divina, acalenta aqueles que o estudam.

A certeza da imortalidade e do amor como vitória suprema do bem, dando a todos a oportunidade de redenção, traz-nos o enxugar do pranto e a força íntima, nas batalhas da vida cotidiana, na grande luta de si para consigo para se tornar melhor.

A fé está crescente. Apesar de não parecer. As orações aumentam e a solidariedade cresce. A morte vem cedendo, em todas as religiões, à certeza da vida imortal.

Há poucos dias conversamos com uma senhora sexagenária que estava com uma intensa dor abdominal e nas costas, tratando infecção urinária e investigando cálculo renal. Ela nos disse que a dor era tão intensa que ela pensou que sua hora de morrer estava chegando. Então nos confidenciou que não tinha nenhum medo de morrer. E contou-nos o que lhe sucedeu há muitos anos. “Para você eu vou contar. Não conto para ninguém, pois podem pensar que estou louca, disse ela. Têm conhecimento disso meu marido, meus filhos e a equipe médica que me assistiu. A equipe, inclusive, me asseverou que, se um dia eu quisesse falar sobre o acontecimento, eles me respaldariam como testemunhas. Fiquei até amiga dos médicos e enfermeiros.”

Ela nos disse que há cerca de dez anos teve uma parada cardíaca no hospital. Viu-se fora do corpo, no alto, no teto, assistindo a tudo o que eles faziam. Perguntei-lhe se passou num túnel de luz. Ela disse que sim e que um ser, que ela viu brilhando e achou que era um anjo, lhe disse que ainda não era sua hora. De repente, ela se viu de novo no corpo, a equipe médica fazendo de tudo para que ela vivesse. Contou-lhes o que aconteceu e eles acreditaram nela.

Em uma outra ocasião, anos depois, ela se viu de novo no teto, enquanto seu corpo dormia na cama.

Depois dessas experiências, disse-nos ela, não tenho medo nenhum de morrer. Posso morrer a qualquer momento, que irei sem medo. Não é espírita, mas guarda essa certeza e imensa fé.

Nós comentamos com essa senhora sobre o fenômeno de quase morte, que já aconteceu com muitas pessoas e que eram relatos semelhantes ao dela. Estudam muito isso e tentam confirmar a veracidade desses relatos, o que acabaria de vez com a dúvida da imortalidade e com o medo de morrer.

Por falar em medo de morrer, vemos, em O Livro dos Espíritos, na questão 941, Allan Kardec perguntando aos espíritos de onde vem esse medo, que para muitas pessoas é uma causa de perplexidade, visto que elas têm diante de si o futuro. Qual o porquê desse medo?

Os espíritos respondem que é errado ter esse medo, mas o que nós queremos se essas pessoas são persuadidas em sua juventude que há um inferno e um paraíso e que elas irão para o inferno por viverem o que está na natureza e que seria um pecado mortal para a alma; mas, quando se tornam grandes e raciocinam, não admitem isso e se tornam ateias ou materialistas. Assim, pensam que fora da vida presente não há mais nada. As que persistem com sua crença de infância, temem esse fogo eterno, que as queima sem as destruir.

A morte não inspira ao justo nenhum medo, porque com a fé ele tem a certeza do futuro; a esperança o faz esperar uma vida melhor, e a caridade, da qual praticou a lei, dá-lhe a certeza de que não reencontrará, no mundo em que vai entrar, nenhum ser do qual deva temer o olhar.

Essa senhora tão simples, com quem conversamos, passou pela experiência de quase morte. Não tem o conhecimento espírita, mas tem a certeza da vida imortal, a verdadeira vida, e, após o que passou, disse-nos ela, não tem medo nenhum de morrer.

Jesus já nos deu certeza da vida, ao surgir em meio aos seus discípulos e vários amigos. Diante dessa certeza, os cristãos não tiveram medo de se sacrificar em martírios de dor, deixando atônitos os romanos, com sua coragem diante da morte.

Modificaram a história para antes e depois do Cristo.

Estamos em pleno século XXI. A fé precisa crescer entre os homens. A mansidão precisa voltar. A violência precisa desaparecer. A fé e a esperança devem animar os corações e a fraternidade triunfar. Nossos queridos, do mundo espiritual nos confortam, para vencermos na vida material com amor e trabalho no bem. Aguardam por nós. A imortalidade vence a morte e reconforta as criaturas. Urge caminhar com Jesus, para a paz.

Esse relato dessa nossa irmã, quando teve sua parada cardíaca, é mais comum do que se supõe, mas como confidenciou ela, calou-se temerosa de que duvidassem de sua sanidade mental. Muitos pensam isso, pois o relato dela foi um dos muitos que já ouvimos e que começam assim: Para você eu vou contar...

Quantos milhares de nós já ouvimos isso?

Para nós, os que ouvimos e que temos o respaldo dado a nós pelo conhecimento espírita, compete-nos tentar melhorar, para quando adentrarmos a imortalidade, também nos depararmos com um ser de luz a nos sorrir e quem sabe nos dizer: Seja bem-vindo de volta!

Oh! consoladora doutrina, que enxuga as lágrimas e fortalece os aflitos, bendita seja e que o Senhor da vida nos encontre prontos ao chegar o nosso momento de partir e que partamos em paz!



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