Vida com amor

Saudades de bons tempos vividos. Bom é rememorar os momentos passados junto a Hugo Gonçalves, o querido “paizinho” de Cambé, espírita exemplar, idealizador, junto a Luiz Picinin, do jornal “O Imortal”, que levou o Espiritismo além das fronteiras do Brasil.

Poucos anos após sua desencarnação, recebemos uma missiva de Cuba, um espírita de lá enaltecendo o jornal e o fato de uma cidade tão pequena, como Cambé, ser capaz de produzir um jornal espírita de relevância.

As histórias de Hugo Gonçalves ainda nos tocam o coração. Numa ocasião ele nos contou os problemas financeiros que passava com o jornal.

Estava pensando em parar temporariamente, depois recomeçando, quando as finanças melhorassem. Na época, a despesa do Lar Infantil Marília Barbosa, que ele e Dulce, a esposa, cuidavam com tanto amor, era grande. “O Imortal” circulava. Eram os idos de 1955.

Ele estava triste, pensou que “O Imortal” ia ter que parar e nunca tinha visto um jornal espírita que tivesse parado voltar a circular.

Picinin o enviou a Curitiba para receber um dinheiro que ele poderia usar para comprar o papel. Hugo andou por vários lugares em Curitiba, mas não conseguiu receber o dinheiro que estava reservado para o Lar Infantil Marília Barbosa. Até o governador, ele procurou, com a ajuda do professor Zaqueu de Melo, então deputado estadual. Não conseguiu receber, embora todos se propusessem para tal.

Quando nos contou essa história, já idoso, Hugo nos disse, rindo, que ainda esperava aquele dinheiro.

Desesperançado naquele momento, foi para a Federação Espírita do Paraná. Era um trabalho no clube de mães. Foi-lhe pedido que fizesse a prece. Ele estava triste, mas atendeu ao pedido. A senhora Mari, que estava presente, era médium. Transmitiu-lhe pela psicofonia uma mensagem de Cairbar Schutel, seu querido amigo. Disse ele: “Hugo, como você nessa madrugada eu também chorei algumas vezes, pensando que O Clarim teria que parar de circular, mas ele não parou. Ele está circulando até hoje. O Imortal também não vai parar. O Clarim é um jornal de raiz. O Imortal é um jornal de futuro. Ele não pode parar. Volte, trabalhe, confie. Nós estaremos juntos”.

Voltando de Curitiba, ele conseguiu o papel para continuar o jornal, que perdurou até se tornar no formato atual, digital, no meio desta crise econômica pela qual passa o Brasil, com a esperança de que o jornal não pare. E ele, assim prossegue.

Esperamos que um dia, em apreço a Hugo Gonçalves, a forma impressa volte e fique dos dois modos, no formato digital e no formato impresso, como antes, se houver material humano e econômico para tal. Sonhar é bom. Cria, energeticamente.

Hugo, o nosso paizinho, sonhou e realizou. Sonhou com um mundo melhor, onde o amor vencesse.  Jesus era seu modelo e guia. As meninas do Lar Infantil eram suas filhas. Dele e de Dulce. Mais de 400 passaram por seu amor e pela educação que lhes davam, e até hoje os amam e reverenciam.

Hugo foi um verdadeiro mestre. Desencarnou há seis anos, no dia do professor, aos 100 anos de idade.

Grandes espíritos precisam ser lembrados.

Nossa gratidão, paizinho! Até breve!



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