VOLDEMORT e o Medo da Morte

Será que o mais poderoso bruxo das trevas de todos os tempos (Aquele-Que-Não- Deve-Ser-Nomeado) teria medo de alguma coisa? Parece impossível, mas o que mais move o Lorde Voldemort (não fala muito que ele pode acabar aparecendo) é uma coisa que, honestamente, quase todo mundo tem: Medo da Morte.

Tom Riddle, antes mesmo de se tornar o bruxão das trevas, e até mesmo antes de saber que era um bruxo, tinha um desejo de ser diferente e viver separado dos outros, por conta disso, não gostava de interagir com as outras crianças do Wool's Orphanage1. Quando Dumbledore o disse que era um bruxo, ele não ficou surpreso. Na verdade, Tom estava ansioso para acreditar que tinha um talento especial que ninguém mais tinha. Riddle também demonstrou medo da morte, acreditando ser uma fraqueza humana, e ele como um bruxo não poderia morrer.

O antropólogo Ernest Becker, em seu livro “A negação da morte”, fala bastante sobre a lógica de Tom. De acordo com ele, o homem é um paradoxo, porque ao mesmo tempo que temos um corpo mortal, temos uma mente (Como espíritas, entendemos que a mente na verdade é o Espírito) imortal, que consegue pensar na possibilidade de viver, na visão material, eternamente. Kardec, no segundo capítulo do livro “O céu e o inferno”, titulado “Temor da morte”, nos diz: “No Espírito atrasado a vida material prevalece sobre a espiritual. Apegando-se às aparências, o homem não distingue a vida além do corpo, esteja embora na alma a vida real; aniquilado aquele, tudo se lhe afigura perdido, desesperador.”

Esse apego às aparências junto com o pavor da morte faz com que procuremos formas de se manter imortal nesse plano. No mesmo capítulo do Céu e Inferno, Kardec continua: “O temor da morte decorre, portanto, da noção insuficiente da vida futura, embora denote também a necessidade de viver e o receio da destruição total;”

Isso explica a louca procura de Tom pela imortalidade, e após o professor Horácio Slughorn acabar passando informações sem querer, Riddle cria, no total, 7 horcruxes2. Ernest Becker, diz em “A negação da morte” que muitas vezes usamos símbolos para nos mantermos “imortais”, Voldemort, por um período de tempo, conseguiu se manter infinito materialmente, mas com a chegada de Harry Potter, o inevitável chega: a morte do corpo material.

Falando no Harry, o que diferencia ele do “Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado”, é o medo da morte. Enquanto Voldemort tenta ao máximo vencer a morte, matando e torturando o próximo, Potter está disposto a dar sua própria vida para não se tornar aquele que ele mais combate. Em “Harry Potter e as Relíquias da Morte”, quando, na batalha final, Harry aceita seu destino, conseguimos ver o que Kardec nos diz no capítulo “Temor da Morte” (O céu e o inferno): “À proporção que o homem compreende melhor a vida futura, o temor da morte diminui; uma vez esclarecida a sua missão terrena, aguarda-lhe o fim calmo, resignado e serenamente.”

É a aceitação da morte e o entendimento do amor que diferencia Voldemort e Harry Potter. Voldemort não sabe amar, por isso acha que o amor não importa, e sem amor nenhum humano consegue viver. “Sua mãe morreu para salvar você. Se existe uma coisa que Voldemort não consegue compreender é o amor. Ele não entende que um amor forte como o de sua mãe por você deixar uma marca própria. Não é uma cicatriz, não é um sinal visível. Ter sido amado tão profundamente, mesmo que a pessoa que nos amou já tenha morrido, nos confere uma proteção eterna. Está entranhada em nossa pele. Por isso Quirrell, cheio de ódio, avareza e ambição, compartilhando a alma com Voldemort, não podia tocá-lo. Era uma agonia tocar uma pessoa marcada por algo tão bom.”3

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O conto dele nos ensina que até o homem mais poderoso, não é nada sem o amor. Como disse Dumbledore em Harry Potter e as Relíquias da Morte: “Não tenha pena dos mortos, Harry. Tenha pena dos vivos, e, acima de tudo, daqueles que vivem sem amor.”


Fonte: Revista digital Mundo Jovem Espírita (https://linktr.ee/mundojovemespirita)
Fotos: Google

1Orfanato em que o Tom Riddle passou sua infância.
2Feitiços proibidos que são ativados assim que o bruxo mata alguém e insere em objetos, uma parte de sua alma. Consequentemente, impede a morte de seu dono, visto que um pedaço de sua alma ainda está presa à Terra.
3Harry Potter e Câmara Secreta.

 



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