O que se leva da morte... - Arnaldo D. R. de Camargo
Não podemos escolher como vamos morrer. Não há cura para o nascimento e para a morte, a não ser usufruir o intervalo. - George Santayana
“O que se leva da vida... É a vida que se leva!”. Essa frase de autoria de um humorista que tinha o pseudônimo de Barão de Itararé tem uma grande revelação espiritual. Na verdade, ele quis dizer que levamos nossas ações (boas ou más), nossas realizações morais e espirituais. As coisas materiais que acumulamos aqui permanecem.
Em uma carta datada de que quase dois mil anos, um dos apóstolos, de nome Tiago, baseado nos ensinos de Jesus, escreveu uma definição muito lúcida em torno da mensagem do Cristo, diferenciando a religião da espiritualidade, que é este: “A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e guardar-se da corrupção do mundo” (Tiago 1.27).
No Rio Grande do Norte, nasceu uma criança que passaria por provações que elevariam sua alma para a aproximação do Cristo, no dia 12 de setembro de 1876, em Macaíba, e recebeu o nome de Auta de Souza.
Teve uma infância muito sofrida. Sua mãe desencarnou quando ela tinha três anos de idade, e o pai quando ela tinha 4 anos. Seus avós que cuidaram dela e dos irmãos. Aos sete anos já sabia ler e escrever, graças a um professor amigo, e aos oito anos de idade "lia para as crianças pobres, para humildes mulheres do povo ou velhos escravos, as páginas simples e ingênuas da História de Carlos Magno".
Quando ela tinha 10 anos, um de seus irmãos faleceu, com o incêndio provocado por uma chama de lamparina. Aos 14 anos, ela teve tuberculose. Conviveu com a doença até os 24 anos, ocorrendo sua desencarnação em 07 de fevereiro de 1901, em Natal.
Escreveu um único volume de poemas, "Horto", publicado em 1900, pouco antes de sua morte, com prefácio de Olavo Bilac.
Na vida espiritual, volta a escrever através do médium mineiro Chico Xavier, e, entre outros, ditou este poema que lembra a fala de Jesus e a carta de Tiago, de amor ao próximo, constante no livro Auta de Souza, e publicado pela Editora IDEAL, de título: AGORA.
“Agora, enquanto é hoje, eis que fulgura
O teu santo momento de ajudar!...
Derrama, em torno, compassivo olhar
Estende as mãos aos filhos da amargura...
Repara!... Aqui e além, a desventura
Caminha ao léu, sem pão, sem luz, sem lar,
Acende o próprio amor! Faze brilhar
A tua fé tranquila, doce e pura.
Agora! eis o minuto decisivo! ...
Abre o teu coração ao Cristo Vivo,
Não permitas que o tempo marche em vão.
E ajudando e servindo sem cansaço,
Alcançarás, subindo passo a passo,
A glória eterna da Ressurreição.”
Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo é editor da Editora EME.
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