O fog curitibano que encanta minha alma

Caros amigos assíduos leitores do nosso Jornal “O Imortal".

A manhã nasceu nublada. Ainda estamos no meio de inverno em Curitiba. Já dá para imaginar um panorama em nossas mentes do que eu vou discorrer no decorrer deste artigo. 

Bem, naquela manhã de sábado, eu tinha combinado com minha amiga Lea de irmos à feira, logo bem cedinho, em torno das 7h15 da manhã, pois minha neta estaria dormindo em meu apartamento de sexta para sábado e tinha curiosidade de ir à feira, logo cedinho, coisa que nunca havia feito nos seus 12 anos de existência.

Quando acordei, ainda estava escuro e muito frio. Esperei um pouco, fiz as orações da manhã, preparei ovos quentes, proteína antes do carboidrato, e em seguida acordei a Bianca.  Não acreditei na agilidade com que levantou, já se organizando para sair para a sua aventura da semana: "Ir à feira com duas senhoras de idade".

Abrimos a janela, a claridade se fazia, mas com muita forte cerração, neblina típica de Curitiba.  Eu gosto muito, pois com a névoa curitibana eu amenizo as saudades do fog londrino. Isso mesmo, Londres permanece em meu coração. E como cidadã britânica amo os dois países.  Na realidade, somos todos cidadãos do mundo, pois ora reencarnamos no Brasil, ora na França, ora no Reino Unido, e quiçá quantas outras paragens já não fomos cidadãos, eu e vocês, leitores.

Bianca olhou para fora da janela:  Vovó, está muito frio, e não dá pra enxergar a rua. Como Lea vai dirigir neste tempo?  Conversamos, respondi, e tomamos nosso café.

Aproveitei o momento, para falar com Bianca sobre os olhos da nossa alma.  Lembrei que ao acordarmos primeiramente deveremos ter a gratidão como bandeira de vida, pois devemos dar graças em tudo o que nos acontece. Reclamar de tudo não é o caminho para um coração que permanece fiel aos ensinos de Jesus. Já que temos o conhecimento espírita, cultivando o bem e alimentando a alma de bons pensamentos e ações, é muito provável que tenhamos os perrengues na existência, mas não nos deixaremos abater, pois os desafios são para nos fortalecer.

Fomos até a janela novamente. Ainda o fog não deixava ver as luzes do Hospital Marcelino Champagnat, aqui pertinho, com seus mais de 12 andares, sempre iluminados. Conversando com minha neta, perguntei o que ela via.  Ela me disse:  Não vejo nada, só névoa e está muito frio.  Pedi a ela que olhasse em determinada direção. Ela olhou e mostrei a ela uma pessoa dormindo na esquina ao relento. Era um vulto sob panos e plástico. Ela constatou ser realmente uma pessoa e ficou penalizada. Falei de que é sempre bom enviar uma oração aos que nada têm, nem teto, nem família, nem alimentos, como nós, abrigadas no apartamento quentinho que podemos desfrutar.  E como contadora de histórias e escritora de livros infantis, penso que todo momento é oportuno para educar com amor, com palavras de carinho e atenção.

Mais uns cinco minutos, e a claridade do dia se fez mais forte, e um raio de sol espantou o nosso lindo fog. Já era hora de descer e esperar nossa amiga Lea, que por mais de 60 anos foi diretora da Creche Espírita Dr. Bezerra de Menezes, e da Escola Profissional Maria Ruth Junqueira, da Federação Espírita do Paraná.  Por "coincidência", somos vizinhas, Lea e eu, moramos na mesma rua Hildebrando de Araújo no Jardim Botânico em Curitiba.  E ambas, Lea e eu fomos voluntárias da Fundação Hildebrando de Araújo, da Federação Espírita do Paraná, ela como Diretora de Educação e eu como sua primeira presidente até dezembro de 1997, quando fui para o Reino Unido. E assim, caros leitores queridos, terminamos mais uma crônica de além-mar. (*)

(*) Fog, termo inglês, significa névoa.

Foto: Daniel Castellano


Elsa Rossi, depois de viver por 25 anos no Reino Unido, onde presidiu por 12 anos a federativa espírita britânica, reside na cidade de Curitiba, Paraná.



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