O Apocalipse de João e o coronavírus - Ricardo L. Chaves
Apocalipse é, no que tange ao seu aspecto etimológico, um termo originário do grego que significa, em síntese, revelação, desvendar ou descobrir. Conforme a tradicional e milenar cultura judaico-cristã, apocalipse é, também, o último livro do Novo Testamento, que é atribuído ao apóstolo João de Patmos. Como livro bíblico, esotérico e profético, o Apocalipse Joanino realmente revela à humanidade um conjunto de acontecimentos sociais, religiosos e espirituais trágicos, os quais atingirão, inevitavelmente, o povo de Deus.
Não obstante a polissemia da palavra, apocalipse pode significar, ainda para outros biblistas, cataclismo, desastre, hecatombe, tragédia e, até mesmo, o fim dos tempos. Nessa mesma linha de pensamento, vários pesquisadores do cristianismo moderno também consideram o Apocalipse de João como um conjunto de narrações metafóricas, as quais representam, de fato, tragédias e catástrofes, como, por exemplo, guerras, pestes, fome e miséria, vejam: “E olhei, e eis um cavalo amarelo, e o que estava assentado sobre ele tinha por nome Morte; e o inferno o seguia; e foi-lhes dado poder para matar a quarta parte da terra, com espada, e com fome, e com peste, e com as feras da terra” (Ap 6:8). Ademais, o Livro das Revelações pode significar, igualmente, a fase escatológica do homem, o Juízo Final e o fim do mundo, confiram: “Mas, quanto aos tímidos, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos que se prostituem, e aos feiticeiros, e aos idólatras e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre; o que é a segunda morte” (Ap 21:8).
É nesse contexto sociorreligioso trágico e apocalíptico que podemos enquadrar a atual crise que atinge a saúde pública ocidental, oriental e asiática. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o coronavírus foi descoberto por uma equipe de cientistas na década de sessenta, e foi considerado, desde o início, uma grande ameaça para a saúde pública mundial. Assim, o coronavírus é, para a ciência moderna, um vírus muito perigoso que atinge, principalmente, o aparelho respiratório humano. Além disso, e conforme os infectologistas, esse vírus é, também, altamente contagioso, podendo, inclusive, levar o paciente ao óbito poucos dias após a sua contaminação.
Não obstante o alerta da comunidade científica internacional, tudo indica que esse vírus sofreu uma significativa mutação em sua estrutura genética e celular, contaminando, por via de consequência, mais de um milhão de pessoas em todo o mundo. Apesar da crise mundial, o povo e as autoridades brasileiras têm-se revelado bastante unidos e solidários no combate à atual pandemia causada pelo novo coronavírus (Covid-19). Em razão de suas consequências apocalípticas, o povo brasileiro deve continuar seguindo as orientações da OMS no sentido de tomar todas as providências antissépticas necessárias para evitar maiores danos à saúde e à vida humana.
Ricardo Lebourg Chaves é advogado, professor de direito e cristão gnóstico.
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