Nós e o Natal

Este ano que termina foi um ano completamente diferente para a nossa humanidade. Um aprendizado e tanto na situação dolorosa gerada por um micróbio microscópico.

Há uma unanimidade entre muitos com os quais conversamos, ricos ou pobres, de religiões diversas, de que esse vírus veio ajudar as pessoas a serem mais fraternas, a descobrirem as dores ocultas da miséria e socorrerem. Nós vimos a personalidade humana se revelando, naqueles que obedeceram à ciência, protegendo a si e a sua família, o que é muito bom e aqueles que se levantaram heroicamente, para protegerem a todos, saindo de si para fazerem trabalhos de auxílio aos sofredores. Temos a certeza de que a humanidade estará mais solidária depois dessa crise, pois os milhares que se levantaram para ajudar, nunca mais pararão, pois terão sorvido o cálice de amor e altruísmo, que, uma vez experimentado, gera o desejo de continuar a lida para sempre, pelo bem que causa em quem o experimentou.

O final do ano chegou. Muitos sofreram perdas dolorosas de seres queridos, acometidos pela Covid. O Espiritismo levanta a lápide dos túmulos vazios para apresentar a imortalidade e o amor imensurável de Deus, que nos deu a vida. Reveremos os nossos queridos, apenas momentaneamente separados. As saudades vão perdurar, mas o reencontro se dará.

Temos ouvido que este Natal será diferente. Menos presentes, quanto a dar coisas materiais e mais presença, em ofertar aos amados a proximidade, o amor, a união.

Tudo é aprendizado e, para Deus, agradecemos a bênção de termos chegado até aqui. E com Emmanuel, deixamos aqui, psicografada por Chico Xavier, a prece do Natal, lembrando esse dia, que é para todos nós, de profundo significado de amor, no ano todo lembrando Jesus:

“Senhor Jesus! ...

Recordando-te a vinda, quando te exaltaste na manjedoura por luz nas trevas, vimos pedir-Te a bênção.

Releva-nos, se muitos de nós trazemos saudade e cansaço, assombro e aflição, quando nos envolve em torrentes de alegria.

Sabes, Senhor, que temos escalado culminâncias... Possuímos cultura e riquezas, tesouros e palácios, máquinas que estudam as constelações e engenhos que voam no espaço! Falamos de Ti-de Ti, que volvestes dos continentes celestes, em socorro dos que choram na poeira do mundo,-no topo dos altos edifícios em que amontoamos conforto, sem coragem de estender os braços aos companheiros que recolhias no chão...

Destacamos a excelência de Teus ensinos, agarrados ao supérfluo, esquecidos de que não guardaste uma pedra em que repousar a cabeça; e, ainda agora, quando Te comemoramos o natalício, louvamos-Te o nome, em torno da mesa farta, trancando inconscientemente as portas do coração aos que se arrastam na rua!

Nunca tivemos, como agora, tanta abastança e tanta penúria, tanta inteligência e tanta discórdia! Tanto contraste doloroso, Mestre, tão só por olvidarmos que ninguém é feliz sem a felicidade dos outros...

Desprezamos a sinceridade e caímos na ilusão, estamos ricos de ciência e pobres de amor. É por isso, que, em Te lembrando a humildade, nós Te rogamos que nos perdoes e ames ainda... Se algo podemos suplicar além disso, desculpa o nada que Te ofertamos, em troca do tudo que nos dás e faze-nos mais simples! ...

Enquanto o Natal renova, restaurando-nos a esperança, derrama o bálsamo de Tua bondade sobre as nossas preces e deixa Senhor, que venhamos a ouvir de novo, entre as lágrimas de júbilo que nos vertem da alma, a sublime canção com que os céus Te glorificam o berço de palha, ao clarão das estrelas:

Glória a Deus nas alturas, paz na Terra, boa vontade para com os homens!”

Que o nosso Senhor, em bênçãos de amor e paz, verta suas luzes para o mundo e, que, envolvidos pela experiência das dores que avassalaram a Terra nesse ano, possamos nos lembrar de que todos somos igualmente filhos de Deus, criados pelo amor e para o amor, com a destinação gloriosa de um porvir nas estrelas, cheio de luz e paz, na medida em que vencendo a nós mesmos, possamos edificar em nosso íntimo um reino de luz.

Tudo passará! As dores passarão. Cresceremos com as experiências difíceis. Um dia, com o amadurecimento do espírito imortal que somos, teremos o reino de Deus em nós e, por conseguinte, um planeta de mais amor e esperança.

Que Deus nos ampare e fortaleça.

Um Natal de amor para todos, com a simplicidade e afeição que ele merece e um ano novo de muita fé e muito trabalho no bem.



Comentário

0 Comentários