Jovens e o Espiritismo

As quatro mocidades espíritas da região sul da capital paulista, CEDAN – Centro Espírita Dr. Ailton Nogueira; CECA – Comunidade Espírita Caminheiros do Amor; CCAO – Casa de Caridade Antônio de Oliveira e IEAP – Irmandade Espírita Amigos da Paz, promoveram no dia 10 de novembro de 2018 o Eventão Jovem, na cidade de São Paulo, Brasil, sob o tema “Desmistificando o Espiritismo para o Jovem”.

 

De forma bem despojada, o escritor e palestrante Adeilson Salles, orquestrou um bate papo com 28 jovens das quatro mocidades da região sul de São Paulo. Adeilson é natural do Guarujá, litoral de São Paulo. É autor, médium e poeta premiado pela Prefeitura da cidade. Publicou mais de 40 livros para o público em todas as idades: crianças, jovens e adultos. Escreve pela FEB Editora, e na atualidade está com 12 livros editados para jovens e crianças, são eles: Beijinho Beija-Flor; Bellinha e a Lagarta Bernadete; Cura do Cego de Jericó, A; Espelho do Sentimento, O; Fugindo Para Viver; Maior Brejo do Mundo, O; Menino Chico; Meu Primeiro Amor; Paulo e Estêvão para Jovens Leitores; Segredo da Onça-Pintada, O; Um Mundo sem Livros; Um Por Todos e Todos Por Um; Volta às Aulas. Atua na Federação Espírita do Rio Grande do Sul (FERGS) – Comissão Editorial – e da Federação Espírita do Paraná (FEP).

A conversa basicamente limitou-se aos temas como sexualidade, bulling, liberdade e carreira. Os jovens ali presentes permaneceram no salão principal do evento, enquanto seus pais foram levados para dinâmicas com voluntários da casa. Tudo isso para que os adolescentes pudessem sentir-se a vontade e realmente fazer os questionamentos que muitas vezes não conseguem expressar para seus pais, ora por dificuldade dos próprios responsáveis, ora por medo ou qualquer sentimento que os impede de expor seus medos, suas curiosidades e seus anseios aqueles que lutam diariamente para “defende-los do mundo”.  

A Gênese, de Kardec, em 1868 anunciava a chegada de novos tempos e de uma nova geração. Já naquele momento, afirmava progressos da humanidade no campo das ciências, das artes e do bem-estar material. No entanto, um grande progresso ainda deveria ser realizado, “o de fazerem que entre si reinem a caridade, a fraternidade, a solidariedade que lhes assegurem o bem-estar moral”. A juventude é uma fase de muitas escolhas que podem ser decisivas para a vida. O jovem também carrega muitos questionamentos e dúvidas. E o Espiritismo, como pode contribuir para que esses jovens possam encontrar as respostas que tanto procuram?

Sobre o jovem e o espiritismo, Allan Kardec na questão 385 de O Livro dos Espíritos questiona o que representa essa fase da vida tão importante que pode definir tendências. “Qual o motivo da mudança que se opera no seu caráter a uma certa idade, e particularmente ao sair da adolescência? É o Espírito que se modifica? É o Espírito que retoma a sua natureza e se mostra tal qual era”.

A partir de 1868, foi colocado em ação o plano de transformação moral do planeta Terra. Os espíritos propensos ao bem começarem a reencarnar de maneira cada vez mais frequente. Os jovens anunciados por Kardec já vieram e retornaram ao plano espiritual algumas vezes, mas em que pese os progressos realizados, ainda falta muito a fazer na implantação do bem em nosso planeta. Chico Xavier, ao responder questões no livro Dos Hippies aos Problemas do Mundo, comenta que “os jovens são os nossos continuadores”, entretanto, para que haja continuidade é necessário que uma geração realize conquistas morais, passe o bastão da evolução para outra. Quantos jovens estão reencarnados sofrendo pressões de todo tipo para que não desempenhem as tarefas redentoras? A bebida fartamente anunciada, a droga que promete alegria e que pode ser encontrada com facilidade, o incentivo ao sexo descompromissado e independente de afeto são estímulos que desafiam as nossas conquistas morais ainda frágeis.

Seja o envolvimento com trabalhos voluntários, possibilitando a prática dos ensinamentos de amor e fraternidade contidos no Evangelho do Cristo, ou ajudando no desenvolvimento de suas potencialidades alinhada com a vontade de mudar o mundo dessa geração, o que importa realmente é que exista diálogo entre as famílias e espaço nas casas espíritas para que o jovem tenha a chance da vivência espírita.

A busca do equilíbrio e da realização convive com o medo e a pressão num mundo com disputas acirradas, gerando altos níveis de ansiedade. A competição é contrário a lei de Deus. Kardec nos ensina, que “na adolescência o Espírito retorna a sua natureza e se mostra tal qual era”, ou seja, expressa as necessidades de aprendizado e de evoluções, que geraram o seu projeto reencarnatório.

Para Ercília Zilli, psicóloga e mestre em ciências da religião, o objetivo tanto da família quanto dos centros espíritas deve ser estimular o jovem ao estudo da Doutrina Espírita, aproximando esse estudo com os temas que fazem parte de seu universo. Além disso, o envolvimento dos jovens em grupos que compartilhem objetivos em comum, pode colaborar muito no despertar da consciência de cada um e também na vontade em participar, se sentindo parte integrante de uma causa que acredita e se identifica.

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Após a rica troca de ideias entre Adeilson e os mais de 20 jovens presentes, o palestrante juntou novamente pais e filhos e discursou sobre como foi a conversa com seus protegidos, destacando a grande importância das responsabilidades de ambas as partes, pedindo encarecidamente que apliquem de fato o diálogo em suas famílias. Alertou ainda sobre as facilidades mundanas que por conta dos avanços tecnológicos, os prazeres materiais confundem a cabeça dos jovens, principalmente aqueles que não possuem pais presentes e com que possam contar.

Em entrevista concedida para este jornal, Marília Altíssimo, uma das coordenadoras do JoCa – Grupo da Mocidade Espírita da Comunidade Espírita Caminheiros do AMOR (CECA), destaca que “o jovem tem muito potencial na casa espírita, tanto pela sua vitalidade quanto pela criatividade. Para ela, as casas precisam oportunizar mais os jovens para que possam criar e se envolverem nos trabalhos. Desta forma, sentem-se parte da comunidade e útil nas atividades”.

Marília ainda relembra que “o espiritismo contribui para um aprendizado moral, do que é certo e errado. Mostra as responsabilidades e consequências, além de abraçar, acolher aqueles que chegam em dificuldades. Para mim, o espiritismo mostra que não importa suas diferenças e dificuldades, pois somos todos irmãos, amigos e estamos caminhando para o mesmo lugar, com o mesmo objetivo: o bem e o amor”.

 

Nota do autor:

A palestra foi transmitida ao vivo, e caso não tenha assistido, podes acessar o link https://www.youtube.com/watch?v=TVDz4f8V3dY&feature=youtu.be e visualizá-la na íntegra.

Fotos: Organizadores



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