Esperança jamais se perde
A conversa era agradável, quando de repente uma chamada telefônica. Olhando a amiga atender ao telefone, observamos a expressão de seu rosto, um misto de dor, espanto, um choro brotando. Estávamos ali, na hora certa. Pois é, queridos amigos leitores do nosso Jornal O Imortal.
A situação que apresentarei a vocês pode já ter acontecido com muitos, ou, pelo menos, alguns já ouviram algo parecido.
Havíamos planejado um encontro de amigas, para assistir a um Oratorium, em determinada Igreja. Éramos sorrisos, abraços, por termos conseguido um horário livre para matarmos saudades e conversarmos sobre lembranças, na celebração de nossos 25 anos de amizade. Enquanto aguardávamos na fila, falávamos: Você se lembra daquela vez que fomos acampar e esquecemos os cobertores, e quase morremos de frio, e tivemos de voltar? Você se lembra daquela vez que fui cozinhar a feijoada e a panela de pressão estourou e furou o teto, que parecia de papelão? Eram risos de tantas lembranças de situações cômicas ou trágicas, sempre com resultado de preocupação e paz. Ao final de tudo, tudo se ajeitava, tudo se acertava.
Bem, combinamos que iríamos desligar os telefones, atendendo a solicitação do mestre de cerimônias. Ao olhar o aparelho, uma de nossas amigas, leu a mensagem, já com algumas chamadas perdidas, que, por conta dos risos e do barulho das pessoas, não ouvimos tocar.
A amiga ligou imediatamente e, para espanto de todas nós, seu semblante ficou pálido, olhos marejados e gaguejando... E nós: O que aconteceu? fale, fale... Mas ela só nos disse: “Tenho de voar hoje para o Brasil. Aconteceu um acidente e minha mãe está hospitalizada”.
Não tivemos alternativa, a não ser dar apoio a nossa amiga. Chamamos o Uber imediatamente e rumamos nós quatro para sua casa. No caminho, uma de nossas amigas, que é funcionária de companhia aérea, já contactou alguém para facilitar o embarque imediato dela. Organizamos sua mala com rapidez, as duas em preces por ela e por sua mãezinha, e a outra atenta na organização da casa, do gatinho, que iríamos cuidar, das plantas a serem molhadas, da chave a ficar com uma de nós, e com o ticket comprado por nossa amiga F. Seguimos então rumo ao aeroporto.
Durante o trajeto, entramos em prece no carro, sob os olhos do motorista, que percebeu algo de muito sério acontecendo. A prece tem o poder de acalmar, trazer um lenitivo a nível perispiritual, que atua nos neurônios, fortalecendo os hormônios da paz e esperança. Demos graças a Deus por termos escolhido esse caminho, que alguns acham ‘piegas’ ou carolas, não nos importamos. O pacto é que, quando uma de nós, mesmo distante, entra em stress sentimental, físico, que colocássemos o pedido de preces no nosso grupo de WhatsApp, e nos conectarmos, para ajudar o mais fraco.
Oramos no carro, a caminho do aeroporto, fortalecendo em saúde e luz, a mãe de nossa querida amiga, que já se encontrava mais calma, e iluminada pela esperança de que sua presença, aplicando o passe na mãezinha, a situação seria de conformidade com a agenda divina.
Assim se deu. Ficamos em contacto continuo, enviando vibrações de luz, saúde e paz, em nosso evangelho no lar. Os dias passaram. Uma semana após ter partido, ela nos informou que a mãe saiu do coma, e deu sinal de vida, a cor do rosto já se normalizara e a paz se sentia nos olhos. “A tua fé te salvou”, mencionamos. Nunca perderemos a fé. Com a oração e a fé, movemos as montanhas da dor, da dificuldade, e transformamos tudo em adubo para fortalecer as flores do jardim de nossos corações.
Confesso que me senti uma das 4 mosqueteiras, uma por todas e todas por uma. Agora, já passados dois meses, combinamos com a querida amiga trazer a mãezinha para se unir a nós, em um novo recital de música clássica. E que tenhamos a certeza absoluta, não relativa, de que com a Fé, a Esperança e a Prece jamais entraremos em pânico, olhando toda e qualquer situação que nos aconteça, com olhos de sabedoria. Assim, meus queridos, fica aí o convite para que mantenhamos a prece como lenitivo para nossas dores, seja onde seja, aqui ou em terras de além-mar.
Elsa Rossi, escritora espírita radicada no Reino Unido, é presidente do Allan Kardec Study Group-Centre for Spiritist Teachings e da União das Sociedades Espíritas Britânicas – BUSS.
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