Canção para as mães - Rogério Coelho
"Por intermédio da mãe, o próprio Deus vela pelas Suas criaturas que nascem." (Allan Kardec)
O instinto materno, o mais nobre de todos que o materialismo rebaixa ao nível das forças atrativas da matéria, em razão de suas consequências, não foi entregue às eventualidades caprichosas da inteligência e do livre-arbítrio que erram. O instinto é um guia seguro não suscetível a equívocos.
Existe uma Sabedoria Previdente e uma Unidade de vistas que presidem a todos os movimentos instintivos que se efetuam para o bem de cada indivíduo. Tanto mais ativa é essa solicitude, quanto menos recursos tem o indivíduo em si mesmo e na sua inteligência. Por isso é que ela se mostra mais pujante nos animais e nos seres inferiores do que no homem. É o que ressalta dos ensinamentos Kardequianos(1).
Em linguagem poética, plena de sensibilidade, Diderot afirma: "(...) a mulher é o primeiro abrigo do ser humano. Nossa primeira morada. Por onde principiou o encontro com a vida”.
É no seio de uma mulher que o homem encontra seu primeiro alimento. É na intimidade uterina que ele encontra seu primeiro e seguro refúgio. É no seu colo que ele encontra os primeiros aconchegos; em suas mãos encontra a firmeza para sustentar os seus primeiros passos; é na sua voz que ouve desde o útero que ele encontra as primeiras matrizes educacionais; é na suavidade do seu maternal embalo que inúmeras vezes conciliou o sono; pelas suas mãos recebeu também a medicação para seus males.
Victor Hugo, num dos mais belos poemas de "Les rayons et les ombres", lembra-nos que, na sua infância, teve três mestres: um padre, um jardim e sua mãe. O jardim, contou-nos, era grande, profundo, misterioso... Quanto ao padre, admirador de Tácito e Homero, nada mais seria que um doce velhinho. E concluía: "minha mãe, era minha mãe”.
Sem um adjetivo, o poeta dizia tudo!...
Hermes Fontes, um de nossos mais inspirados poetas, dizia que um filho que tem mãe tem todos os parentes. Tem mesmo!...
Allan Kardec, vivendo numa época em que a mulher ainda sofria de forma mais impiedosa os rigores do pesado ônus de uma sociedade essencialmente patriarcal, perguntou aos Benfeitores da Humanidade radicados no Mundo Espiritual(2): "as funções a que a mulher é destinada pela Natureza terão importância tão grande quanto as deferidas ao homem?"
Resposta: "sim, maior até. É ela quem lhe dá as primeiras noções da vida”.
No lento decorrer dos séculos, através da maternidade santificadora, a mulher está logrando vencer, passo a passo o predomínio injusto e cruel que sobre ela assumiu o homem.
Ainda afirmam os Espíritos Amigos: “a escravização da mulher marcha com a barbaria e sua emancipação acompanha o progresso da civilização.
Dando Deus à mulher menor força física, deu-lhe, também, ao mesmo tempo, maior sensibilidade, em relação com a delicadeza das funções maternais e com a fraqueza dos seres confiados aos seus cuidados”.
O Espiritismo é uma Doutrina que vem, nos dias atuais, colocar em definitivo, a pá-de-cal na subjugação da mulher pelo homem, valorizando-a e fazendo-a gravitar para a sua relevante posição no proscênio terrestre. Embora com funções diferentes, são iguais seus direitos.
Afirma um Espírito que se dá a conhecer por Agar: "(...) ser mãe é ser anjo na carne, heroína desconhecida, oculta na multidão, mas identificada pelas mãos de Deus”.
Para Casimiro Cunha,
Ser mãe é ser a energia
Que domina os escarcéus
É ser nas mágoas da Terra
Um sacrifício dos Céus.
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[1] - KARDEC, Allan. A Gênese. 43.ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2003, cap. III, item 15.
2 - KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 88.ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2006, q. 821.
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