Bens para a eternidade - Rogério Coelho

É necessário esposar a vida cristã na elucubração da teoria e no esforço da aplicação.

"(...) mas ajuntai tesouros no Céu..." - Jesus.  (Mt., 6:20.)

A inquietação e o desconforto íntimo sempre andaram de mãos dadas nas avenidas do coração de quem não ergue os olhos acima do nível da humanidade, mantendo-os na horizontal dos interesses subalternos em detrimento dos reais valores do Espírito Imortal...

Não podendo servir a contento a dois senhores (Mt., 6:24), quem permanece alimentando a ambição pelas coisas perecíveis (materiais), por incompatibilidade de sintonia aparta-se das aquisições imperecíveis (espirituais) para as quais não se sensibiliza.

Quando Jesus avisa (Mt., 6:25) para não andarmos cuidadosos quanto à nossa vida, pelo que haveríamos de comer, beber e vestir, Ele não estava estimulando a negligência para com as necessidades básicas da vida material. Notemos que depois dessa advertência, Jesus mandou que "olhássemos para as aves do Céu" (Mt., 6:26), num convite franco e explícito para levantarmos nossas vistas para os altiplanos espirituais, para elevarmos o nível das cogitações, a fim de que lográssemos amealhar os verdadeiros e imperecíveis tesouros, isto é, os bens para a Eternidade, inacessíveis à traça, à ferrugem e aos ladrões, vez que constituem propriedade particular e inalienável do Espírito Imortal.

O Meigo Nazareno esparziu a mancheias as bênçãos de luz e os bens para a Eternidade; apontou-nos o roteiro que leva à emancipação espiritual e provou com o próprio testemunho a excelência de Seus ensinamentos, desvelando os panoramas do proscênio espiritual como desiderato alcançável... Sua vida foi o exemplo maior a convidar-nos à mesma exemplificação a fim de lograrmos a aquisição dos bens imperecíveis do Espírito.

Consoante assertiva[1] dos Maiores da Espiritualidade, Jesus é o "Modelo e Guia mais perfeito que Deus há dado à humanidade" e, portanto, quem O segue "jamais andará nas trevas".

Segundo Emmanuel[2]        "(...) Jesus esteve sempre ao lado da verdade, que lecionou em todas as circunstâncias de Sua peregrinação messiânica; a todos concedeu amor puro, ministrou a caridade simples e natural; apontou a lógica real das circunstâncias da vida; jamais enganou ninguém; não sofismou por nenhuma razão; perdoou sem apresentar condições; cedeu a benefício de todos; não temeu, nem vacilou ao indicar a realidade, nem fugiu de demonstrá-la no próprio exemplo; não aguardou bonificações: serviu sempre! De ninguém reclamou; sacrificou a Si mesmo; não permaneceu em posição de neutralidade: definiu-Se...

Cabe, portanto, a quem recolhe os dons divinos da claridade evangélica amar e perdoar, construindo o bem e a paz, esposando ostensivamente a vida cristã, na elucubração da teoria e no esforço da aplicação.

Se possuímos a luz da verdade, por que não lhe seguir a rota de luz", conquistando, assim, em definitivo os bens para a Eternidade?


[1] - KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 88.ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2006, q. 625.

[2] - XAVIER, F. Cândido. O Espírito de Verdade. 3.ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 1977, cap. 94.



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