Sobre a Felicidade - Marcos Paulo de O. Santos

A felicidade é um estado de espírito. Independe de circunstâncias exteriores. Pode-se, por exemplo, encontrar uma pessoa nas párias da miséria com infinita alegria existencial. O oposto também é verdadeiro. Pode-se encontrar pessoa em condição material invejável, no entanto, desprovida de qualquer vontade de viver; sem ânimo; carente de alegria.

A felicidade está muito relacionada à concepção que se faz dela.

Deposita-se a felicidade nos bens materiais; na vida regalada e irresponsável. É, portanto, um erro conceitual.

Outros há que não vivem o momento, mas vivem dos “likes”; das “curtidas”; da efemeridade das redes sociais.

Existe uma espécie de “ditadura da felicidade” em que toda e qualquer situação deve ser “postada” para que outros vejam o quanto se está “feliz”. O que, naturalmente, é um engodo!

As redes sociais criaram pessoas vazias existencialmente, que são dependentes virtuais, que necessitam divulgar tudo o que fazem e se esquecem de viver o momento. É como se todos neste mundo virtual fosse eternamente feliz e sorridente. Sem muito esforço cognitivo é possível constatar que se trata de uma inverdade.

O Mestre já teve ensejo de asseverar que “a felicidade não é deste mundo”.

Na questão 920 de O Livro dos Espíritos, Kardec perguntou aos Espíritos: “O homem pode gozar de completa felicidade na Terra?”. Ao que eles responderam: “Não, porque a vida lhe foi dada como prova ou expiação. Mas depende dele amenizar os seus males e ser tão feliz quanto possível na Terra”.

Ora, considerando que o planeta tem por maioria esmagadora habitantes com pesados débitos; desequilibrados; problemas os mais variados, não é de se espantar que a felicidade não seja plena, mas, sim, momentos rápidos, para suavizar o peso da existência.      

Os desafios existenciais que se colocam para a criatura humana são muitos: convivência na família; no trabalho; nos espaços sociais; doenças; dificuldades de relacionamento; dificuldades financeiras; entre outras. Portanto, logicamente, não há que se falar em felicidade plena.

Na seguinte questão, pergunta Kardec: “Concebe-se que o homem será feliz na Terra quando a Humanidade estiver transformada. Mas, enquanto isso não acontece, poderá conseguir uma felicidade relativa?”. Os Imortais responderam: “O homem é quase sempre o artífice da sua própria infelicidade. Praticando a lei de Deus, ele pode poupar-se de muitos males e alcançar a felicidade tão grande quanto o comporte a sua existência grosseira”.

Não há margem para dúvidas. E, considerando a reencarnação, o que se fizer da atual existência será a “colheita” da próxima.

A proposta espírita é de dilatar a consciência das pessoas, para a condição de imortalidade e de progresso constantes. Assim, cônscio da imortalidade, das múltiplas etapas, da condição de aprendiz em evolução é possível ser feliz. Porque entendemos que a dor é passageira. Que a felicidade é momentânea. E que os erros morais de hoje, serão apagados no decurso do tempo e no burilamento existencial. 

Por sermos muito “terra a terra” temos um pouco de dificuldade em compreender a existência de maneira mais ampla. Mas a fé raciocinada propiciada pela Doutrina Espírita nos permite ser feliz já neste mundo. Já conseguimos entender que a morte não existe; que os nossos “mortos” em verdade vivem; que as dores de hoje são resgates de comportamentos infelizes de ontem e que somos donos do nosso amanhã; construtores da nossa felicidade!

Embora estejamos num mundo distópico, de profundas injustiças, violências, resgates pesados, de iniquidades... o porvir será alvissareiro e a chegada rápida dele dependerá das nossas ações HOJE.



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1 Comentários

  1. Artigo altamente esclarecedor e ao mesmo tempo consolador. Chegou no momento preciso caro amigo