Restauração - Valentim Magalhães

Vejo-te, herói marcial!...Soam clarins e trompas.
Brandes a espada ao sol, estrondeia a batalha!...
Gritas, no infando caos e, ao grito da metralha,
Lamenta o povo a guerra, a pedir que a interrompas.

Ao teu carro triunfal de púrpuras e pompas,
Tudo treme, maldiz, soluça e se estraçalha...
Segues e o próprio chão faz-se fogo e fornalha,
Nem cerco, assédio, praça ou muro que não rompas!...

Amedalhado soba, ergues, árdego e pluma!...
Surge a morte, no campo, e o peito se te embruma...
Vencido, as emoções em blasfêmias sublevam!...

Mas, reencarnado, enfim, guardas, por elmo e escudo,
O corpo mutilado, inerme, surdo, mudo,
E o choro de quem lembra o naufrágio nas trevas!...
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VALENTIM MAGALHÃES, (Antônio Valentim da Costa Magalhães), jornalista, contista, romancista e poeta, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 16 de janeiro de 1859 e faleceu, na mesma cidade, em 17 de maio de 1903. Colega de Silva Jardim, Raimundo Correia, Raul Pompeia, Luís Murat e Luís Gama, cedo começou a escrever poesia. Dirigiu A Semana, que se tornou o baluarte literário dos jovens de então.



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