O respeito às diferenças evolutivas - Eder Andrade

Os livros de História Geral nos contam como os antigos colonizadores do passado conseguiram subjugar os povos por eles dominados, utilizando várias estratégias de abordagem e valendo-se de uma ciência da qual esses povos não tinham domínio e não faziam a mínima ideia.

Embora a crença da reencarnação seja tão antiga quanto a história da humanidade, o homem em momento algum parou para pensar que poderia retornar na condição daqueles que um dia foram subjugados por ele próprio. Em outras palavras, o escravo retorna como um patrício romano e o patrício como escravo.

No Egito Antigo, mesmo a crença na metempsicose ou transmigração da alma não alertou quanto ao seu futuro os faraós e sacerdotes, que exploravam os camponeses, para trabalharem nas obras públicas, ou oferecer tributos nos templos, como alimento ou trabalho forçado. Segundo a religião, essa seria uma forma de adoração aos deuses e, como o faraó era um deus vivo, estariam realizando o culto à divindade do governante.

Curiosamente, ao longo da História encontramos em muitos momentos situações semelhantes, quando o europeu, julgando-se um ser superior, conquistou colônias na África e na Ásia, tirando proveito das contradições culturais locais e usando seu conhecimento tecnológico para garantir uma maior dominação.

As barbaridades que eram feitas nas áreas coloniais, como no continente americano, eram justificadas pelo movimento religioso de colonização contra o protestantismo, assim como o interesse econômico de retirar das áreas dominadas o investimento no empreendimento náutico das grandes navegações atlânticas.

O desrespeito dos povos ditos civilizados com os povos encontrados no movimento de expansão marítima desafiava o bom senso. No livro A Caminho da Luz, psicografado por Chico Xavier e ditado pelo Espírito Emmanuel, podemos ver sob o ponto de vista espiritual quanto muitos sofreram pela prepotência dos governantes. Nos grandes resgates coletivos, espíritos comprometidos no pretérito reparam o erro contraído contra a humanidade ou contra o próximo, tendo a consciência de que nunca tiveram um gesto de compaixão pelos infelizes que foram levados à morte na “Arena Romana” ou no “Circus Máximus” ou até mesmo nos Navios Negreiros, conhecidos na História como Tumbeiros.

Muitas obras psicografadas por Francisco Cândido Xavier nos contam tristes histórias como em Crônicas de Além-Túmulo e A Caminho da Luz, em que encontramos histórias de desencarnes coletivos, onde muitos espíritos comprometidos em um passado distante rogam da espiritualidade a oportunidade de reparação, fazendo-nos lembrar desta passagem bíblica: “Pois todo aquele que a si mesmo se exaltar, será humilhado, e todo aquele que a si mesmo se humilhar, será exaltado.” (Mateus 23:12)

No livro O Céu e o Inferno, de Allan Kardec, encontramos os depoimentos pertinentes a expiações terrestres, em que vários espíritos buscam reparação pelas faltas cometidas, devido ao mau uso do livre-arbítrio, principalmente no que diz respeito à forma como trataram seu semelhante ou subordinado, tanto na relação doméstica como de trabalho ou no mundo de uma forma geral. Poucos deixaram ao longo da história o exemplo do Bom Samaritano, que ajudou a um estranho, sem nem se preocupar com quem ele era de fato.

O exercício do amor ao próximo e a prática da caridade funcionam como uma poupança espiritual a nosso favor, isso para aqueles que realmente acreditam! Não custa reavaliar nossa conduta para com o semelhante. Estamos de passagem na Terra, estagiando em um corpo de carne, vivenciando uma experiência provacional de aprendizagem espiritual. Não somos turistas na Terra, somos eternos aprendizes, que estamos revendo nossa conduta e modificando nosso comportamento.

Buscando informações nos livros de História Geral e da América Latina, temos relatos impressionantes das atitudes dos colonizadores europeus em relação às populações nativas, quando, apoiando as tribos dominantes, conseguiram subjugar as tribos mais fracas, para explorar a mão de obra e, num momento posterior, subjugá-las utilizando sua superioridade tecnológica, que na época era representada, entre outros elementos, pela arma de fogo.

Quando não conseguiam pelo uso da força dos seus interesses, utilizavam estratégias perversas. Distribuíam roupas e cobertas vindas de hospitais de doenças infectocontagiosas, pertencentes a enfermos com tifo e cólera, desencadeando uma tragédia de grandes proporções, nas quais, no auge da epidemia, os colonizadores chegavam a afirmar que os deuses haviam abandonado as tribos, pois na cultura desses povos não existia tratamento para essas doenças.

Ninguém tem obrigação de acreditar nessa correlação que a Doutrina Espírita procura nos apresentar, porém, como diz Divaldo Franco no livro Transtornos Psiquiátricos e Obsessivos que ele psicografou, ditado pelo Espírito Manoel P. de Miranda, “Somos herdeiros de nós mesmos”. A nossa consciência culpada vai produzir um desconforto de ordem moral que nos vai levar a um processo de reparação, em que seremos naturalmente atraídos a viver situações que nos ajudem espiritualmente a saldar antigos compromissos do pretérito.

 

Referências:

1) Xavier, Francisco Cândido; Crônicas de Além-Túmulo; FEB.

2)  _____, _______________, A Caminho da Luz; FEB.

3) Kardec, Allan; O Céu e o Inferno; 2ª parte - Expiações Terrestres; FEB.

4) Franco; Divaldo Pereira; Transtornos Psiquiátricos e Obsessivos; Ed. LEAL.

5) Wikipédia (A Enciclopédia Livre).



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