O presente
Juquinha era um menino muito vivo e alegre, mas tinha um sério defeito: gostava de contar mentiras e vivia fazendo brincadeiras de mau gosto com as pessoas.
Sua mãe sempre procurava fazê-lo entender que não estava agindo direito e poderia ter problemas por isso. Mas Juquinha não se importava.
Na escola, nem se fala! Quantas vezes a mãe do Juquinha recebia reclamações da professora sobre o comportamento do filho. E quando alguém o repreendia, ele ria, dava de ombros, e continuava fazendo das suas.
Certo dia, Juquinha resolveu pregar uma peça na sua avó.
Pegou uma caixa, colocou dentro uma rã (pois sabia que a avó tinha pavor de rãs), embrulhou em lindo papel de presente, amarrou com fita de cetim colorida e deu um grande laço. Depois, guardou o presente para entregar na hora adequada.
A vovó estava completando 80 anos!
Na hora da festa, quando estavam todos reunidos para cortar o bolo, Juquinha trouxe o presente.
O garoto ofereceu o pacote com lindo sorriso estampado na face marota. Nesse momento, Juquinha ouviu o comentário que alguém fez em voz baixa:
— Coitada da vovó! Ela não sabe que tem pouco tempo de vida. Está com um problema grave no coração e não pode levar o menor susto.
Ouvindo aquelas palavras, o menino assustou-se. Não tinha intenção de prejudicar ninguém! Quis retomar o pacote, mas a avó já estava abrindo o presente.
E agora? O que fazer?
Quase em pânico, sem poder fazer nada, Juquinha aguardou que ela desembrulhasse o pacote. Seu coração batia tanto que parecia quer saltar pela boca.
Todos estavam atentos e curiosos. O que haveria dentro da caixa?
Quando vovó abriu o embrulho, sua fisionomia suavizou-se e uma expressão de carinho surgiu-lhe no rosto, enquanto seus olhos umedeceram.
— Oh! Juquinha, que linda lembrança! Quero que você me perdoe, meu neto, pois cheguei a duvidar das suas boas intenções. Pensei até que você não gostasse da sua avó e agora vejo que me quer muito bem.
Com os olhos arregalados de susto, vermelho de vergonha, Juquinha esticou o pescoço para ver o que havia dentro da caixa.
E ali, emitindo suave perfume, via-se um lindo ramalhete de violetas!
— E soube escolher até as flores que mais aprecio! — disse a vovó, toda comovida.
Desapontado, sem entender o que tinha acontecido, Juquinha olhou em torno e viu o semblante de sua mãe, muito severo, e percebeu que ela mudara o conteúdo da caixa.
Envergonhado, ele aproximou-se da mãe:
— Desculpe, mamãe. Queria pregar uma peça na vovó, porém agora percebo como é muito melhor ser gentil e amável com as pessoas. Ela ficou feliz com tão pouco!
— Isso mesmo, meu filho. Além do mais, sua avó poderia ter morrido com o susto, pois tem um sério problema cardíaco.
— Eu não sabia, mamãe. Queria apenas fazer uma brincadeira, e não lhe causar problemas. Vou contar a verdade à vovó e pedir-lhe perdão — afirmou Juquinha, resoluto.
Mas sua mãe o impediu, dizendo:
— Não, meu filho. Temos que aprender a respeitar o sentimento das pessoas. Veja como ela está contente com o presente. Não lhe tire esse prazer. Quero que me prometa, porém, que nunca mais vai pregar peças nos outros e nem contar mentiras.
— Prometo, mamãe. Mudarei meu comportamento de hoje em diante. Quero fazer os outros felizes. Em vez de caras de susto, quero ser rostos sorridentes e amigos.
TIA CÉLIA
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