Jesus e o Natal
Mais um dezembro que chega. Como pensar em dezembro, se não pensar em Jesus, o mestre da esperança na Terra?
Reverenciamos o Senhor, que, descendo das alturas celestiais por amor aos homens, envergou a roupagem grosseira que é o corpo humano, perfeito, na criação divina, mas humílimo na grandeza da perfeição!
Curvemo-nos no amor ao Mestre, como ele se curva para nos olhar com seus olhos de luz e nos envolver com sua misericórdia!
O Natal, lembrança doce e feliz dos homens ao nosso Mestre, chega.
Reverenciando o Senhor, aqui transcrevemos, do livro À Luz da Oração, psicografado por Chico Xavier, um poema de Carmem Cinira, intitulado Súplica de Natal:
Senhor, tu que deixaste a rutilante esfera
Em que reina a beleza e em que fulgura a glória,
Acolhendo-te humilde à palavra merencória
Do mundo estranho e hostil, em que a sombra ainda impera;
Tu que por santo amor deixaste a primavera
Da luz que te consagra o poder e a vitória,
Enlaçando na Terra o inverno, a lama e a escória
Dos que gemem na dor implacável e austera...
Sustenta-me na volta à escura estrebaria
Da carne que me espera em noite rude e fria,
Para ensinar-me agora a senda do amor puro! ...
E que eu possa em teu nome, abraçar renovada,
A redentora cruz de minha nova estrada.
Alcançando contigo a ascensão do futuro.
Nesta hora em que tantos sofrem na Terra, em que os canhões que pareciam silenciosos voltaram a rugir e a brutalidade e a violência novamente despertaram entre os homens, lembremos Jesus, o Mestre que nos pediu para sermos pacificadores.
Que sejamos mansos. Que exercitemos a mais pura caridade em nossas vidas, dentro do possível e de nossas limitações
Que o amor seja a nossa atitude, pois assim nos pediu Jesus: que nos amássemos uns aos outros...
E lembrando, do Parnaso de Além-Túmulo, por Chico Xavier, do espírito de Rodrigues de Abreu, a poesia Vi-te Senhor!
Eu não pude ver-te meu Senhor,
Nos bem-aventurados do mundo
Como aquele homem humilde e crente do conto de Tolstói.
Nunca pude enxergar
As tuas mãos suaves e misericordiosas
Onde gemiam as dores e misérias da Terra;
E a verdade, Senhor,
É que te achavas, como ainda te encontras,
Nos caminhos mais rudes e espinhosos,
Consolando os aflitos e os desesperados...
Estás no templo de todas as religiões,
Onde busquem teus carinhos
As almas sofredoras,
Confundindo os que lançam o veneno do ódio em teu nome,
Trazendo a visão doce do céu
Para o olhar angustioso de todas as esperanças...
Estás na direção dos homens,
Em todos os caminhos de suas atividades terrestres,
Sem que eles se apercebam
De tua palavra silenciosa e renovadora,
De tua assistência invisível e poderosa,
Cheia de piedade para com as suas fraquezas.
Entretanto,
Eu era também cego no meio dos vermes vibráteis que são os homens,
E não te encontrava pelos caminhos ásperos...
Mocidade, alegria, sonho e amor,
Inquietação ambiciosa de vencer,
E minha vida rolava no declive de todas as ânsias...
Chamaste-me, porém,
Com a mansidão de tua misericórdia infinita.
Não disseste o meu nome para não me ofender;
Chamaste-me sem exclamações lamentosas,
Com o verbo silencioso do teu amor,
E antes que a morte coroasse a tua magnanimidade para comigo,
Vi que chegavas devagarinho,
Iluminando o santuário de meu pensamento
Com a tua luz de todos os séculos!
Falaste-me com a tua linguagem do Sermão da Montanha,
Multiplicaste o pão das minhas alegrias
E abriste-me o céu, que a terra fechara dentro de minh’alma...
E entendi-te Senhor,
Nas tuas maravilhas de beleza,
Quando te vi na paz da natureza,
Curando-me com a dor.
Que continuemos nossa trajetória de autodescobrimento e de amor e que tenhamos um Natal de muita paz.
Feliz Natal a todos!
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