E depois da morte? - Ricardo Baesso
Meu avô paterno, Astolfo Olegário de Oliveira, instantes antes da desencarnação, junto de quase todos os filhos, descreveu, muito emocionado, o ambiente espiritual que o cercava. Não era médium, mas a proximidade da morte lhe dilatou a visão espiritual. Viu minha avó paterna, Anita Borela, um grande amigo das lides espíritas, Abel Gomes, e outros amigos desencarnados.
Trata-se de um fenômeno relativamente comum.
Muitas pessoas, de diferentes religiões, se interessam por esse assunto: o que acontece depois da morte?
Conta-se que um padre residente em Juiz de Fora (MG), muito preparado, inteligente e espirituoso, dirigia um seminário de final de semana para jovens católicos. No momento das perguntas, um rapaz apresentou-lhe essa questão: o que se dá depois da morte?
Sua resposta surpreendeu a todos:
- Meus amigos, vamos deixar que os espíritas estudem sobre a morte. A nós cabe estudarmos sobre a vida.
Dentre os espíritas que estudaram sobre a morte, destaca-se o filósofo italiano, Ernesto Bozzano. Ele estudou o assunto em um livro denominado A crise da morte. Segundo ele, grande parte dos Espíritos que se comunicaram através dos médiuns afirmam:
1º) se terem encontrado novamente com a forma humana;
2º) terem ignorado, durante algum tempo, que estavam mortos;
3º) haverem passado, no curso da crise pré-agônica, ou pouco depois, pela prova da reminiscência sintética de todos os acontecimentos da existência que se lhes acabava (“visão panorâmica”);
4º) terem sido acolhidos no mundo espiritual pelos Espíritos das pessoas de suas famílias e de seus amigos mortos;
5º) haverem passado, quase todos, por uma fase mais ou menos longa de “sono reparador”;
6º) terem-se achado num meio espiritual radioso e maravilhoso (no caso de mortos moralmente normais) e num meio tenebroso e opressivo (no caso de mortos moralmente depravados);
7º) terem reconhecido que o meio espiritual era um novo mundo objetivo, substancial, real, análogo ao meio terrestre espiritualizado;
8º) haverem aprendido que isso era devido ao fato de que, no mundo espiritual o pensamento constitui uma força criadora, por meio da qual todo Espírito existente no “plano astral” pode reproduzir em torno de si o meio de suas recordações;
9º) não terem tardado a saber que a transmissão do pensamento é a forma da linguagem espiritual, se bem certos Espíritos recém-chegados se iludam e julguem conversar por meio da palavra;
10º) terem verificado que, graças à faculdade da visão espiritual, se achavam em estado de perceber os objetos de um lado e outro, pelo seu interior e através deles;
11º) haverem comprovado que os Espíritos se podem transferir temporariamente de um lugar para outro, ainda que muito distante, por efeito apenas de um ato da vontade, o que não impede também possam passear no meio espiritual, ou voejar a alguma distância do solo;
12º) terem aprendido que os Espíritos dos mortos gravitam fatalmente e automaticamente para a esfera espiritual que lhes convém, por virtude da “lei de afinidade”.
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