Boa viagem, amigo!

Inúmeras vezes pronunciamos esta frase, com olhos marejados de lágrimas, e uma saudade da sua presença amorosa, parental, jovial, sorridente, bom humor a toda prova. Por mais de 50 anos o Reino Unido beneficiou-se da presença física do Embaixador da Paz, nosso amigo de longa data, Divaldo Franco.

Lembrando um calendário inscrito no coração, aquele dia nublado num veranico agradável na cidade de Curitiba ficou gravado em minha memória.  A mim fora reservada uma tarefa que certamente milhares de pessoas gostariam de poder ter tido, e dezenas a tiveram. Sou uma delas.  Seriam 3 dias de minha responsabilidade junto ao Divaldo, no maior evento do movimento espírita do Paraná em 1993, que veio a ter a partir do ano de 1994 a denominação de CONFERÊNCIA ESTADUAL ESPÍRITA. A FEP, nossa federativa do coração, após a recente partida de meu esposo, em 1991, para a pátria espiritual, ficou sendo o meu refúgio de trabalho nos diversos cargos que eu assumira a convite da presidência da Federação Espírita do Paraná.

O suor frio nas mãos mostrava quanto eu estava nervosa com a tarefa de assessorar naqueles dias o conferencista Divaldo Pereira Franco. Era a primeira vez que eu o faria, que o levaria ao local de hospedagem, cuidaria de levá-lo ao restaurante que a FEP reservara, levá-lo a descansar após o almoço na residência de dona Neusa, um apartamento confortável, onde fizemos à tarde o Evangelho no Lar, com a dissertação de Divaldo sobre a mensagem lida. Eu não queria mesmo acreditar que tudo era real, estava acontecendo, não era um sonho.  Mesmo que fosse um sonho, eu já estaria muito feliz.

Fiquei então à disposição do nosso orador querido, 24 horas por dia. Levava-o ao local da conferência, cuidava para que não fosse alugado pelos seus leitores, que todos pudessem ter o contacto, a conversa fraterna, o aperto de mão, algumas vezes um abraço. Assim a palestra aconteceu, e em seguida já eu sentava-me ao seu lado, para a fila de autógrafos, uma experiência que veio a acontecer em Londres 7 anos mais tarde, quando resolvemos mudar de país, para melhor servir à causa espírita na sua divulgação. Outra realização de um sonho de infância que acontecia. Certamente voltando ao local de reencarnação passada, que ficou marcada indelével no meu consciente.

Na madrugada inglesa do dia 14 de maio, desperto-me como se tivesse adormecido por 12 horas, com muita energia. Observo o relógio, eram 2hs da madrugada em Londres. Pelo fuso horário, eram 10hs no Brasil. Com o vigor do despertar, abro o celular, e imediatamente a notícia, DIVALDO ACABA DE DESENCARNAR. Deus meu. Deus meu. Parei o pensamento e o cristalizei na Mansão, como as coisas estariam se passando lá. Escrevi umas mensagens passando a informação, sentei-me ao computador e preparei um cartão com uma linda mensagem em Inglês e coloquei nos meus grupos de WhatsApp da Europa.

Aconteceu então algo inusitado no correio espiritual. Recebi no mesmo momento uma mensagem de Andrei, da cidade de Minsk, da Bielorrússia, em prantos.  Ele ainda tinha esperança de vir ao Reino Unido no mês de setembro, para o Congresso Internacional Joanna de Ângelis. Estaria feliz pois iria entregar em mãos ao Divaldo a tradução de uma das obras de Joanna de Ângelis.

Trocamos áudios, no silêncio da madrugada britânica. Corações europeus, ou não, brasileiros, como o de Andrei Latinnik, demonstram o amor, a gratidão ao nosso querido amigo. Compreensivos devemos ser, e entender que ele retornou à pátria espiritual, conforme a sua agenda previamente elaborada e aprovada pela Espiritualidade. De nossa parte, um dia partiremos também, e não sabemos ainda as nossas condições.  Certamente se seguirmos o exemplo de tio Di, colocando em prática os postulados de Jesus, e abraços pelo esclarecimento espiritual, partiremos serenos e agradecidos pela nossa oportunidade nesta existência. 

Em tudo damos graças.  Vai com Deus, nossa frase preferida. Deus abençoe, sai de nosso coração. Vai em paz, como sempre Divaldo falava e escrevia. A Paz que ele trouxe a todos os cantos do Brasil e em terras de além-mar.

Saudades, muitas saudades!

Foto CEI - Conselho Espírita Internacional (Divaldo Franco, Vitor Mora Féria, Manuel De La Cruz, Jorge Velasques, Jean Poule, Elsa Rossi, Jussara Korngold, Fábio Villarraga, Jorge de Berrio)
 

Elsa Rossi, escritora espírita radicada no Reino Unido, é presidente do Allan Kardec Study Group-Centre for Spiritist Teachings e da União das Sociedades Espíritas Britânicas – BUSS.



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