Agradeço, Senhor - Maria Dolores
Agradeço, Senhor,
Quando me dizes “não”
Às súplicas indébitas que faço,
Através da oração.
Muitas daquelas dádivas que peço,
Estima, concessão, posse, prazer,
Em meu caso talvez fossem espinhos,
Na senda que me deste a percorrer.
De outras vezes, imploro-te favores,
Entre lamentação, choro, barulho,
Mero capricho, simples algazarra,
Que me escapam do orgulho...
Existem privilégios que desejo,
Reclamando-te o “sim”
Que, se me florescem na existência,
Seriam desvantagens contra mim.
Em muitas circunstâncias, rogo afeto,
Sem achar companhia em qualquer parte,
Quando me dás a solidão por guia
Que me inspire a buscar-te.
Ensina-me que estou no lugar certo,
Que a ninguém me ligaste de improviso,
E que desfruto agora o melhor tempo
De melhorar-me em tudo o que preciso.
Não me escutes as exigências loucas,
Faze-me perceber
Que alcançarei além do necessário,
Se cumprir o meu dever.
Agradeço, meu Deus,
Quando me dizes “não” com teu amor,
E sempre que te rogue o que não deva,
Não me atendas, Senhor!...
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MARIA DOLORES, nasceu em 10 de setembro de 1901 na cidade de Bonfim de Feira, na Bahia, filha de Hermenegildo Leite e Balmina de Carvalho Leite. Foi colaboradora da obra de Divaldo Pereira Franco, a Mansão do Caminho, sendo que algumas das primeiras louças e talheres foram por ela doadas, além de trabalhar voluntariamente na instituição - incluindo-se a confecção de cartões de Natal, pintados por suas mãos para serem vendidos em benefício daquela Casa.
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