A lição do lenho - Arthur de Sales
Erguia-se, ditoso, o trono peregrino,
Amava a passarada, o vale, a fonte, o vento!...
Um dia, geme e tomba ao machado violento...
Alguém surge e faz dele emérito violino.
Ninguém lhe viu no bosque o trágico destino,
Hoje, porém, alheio ao próprio sofrimento,
Comove multidões... E segue, humilde e atento,
O artista que lhe tange o arcabouço divino.
Oh! coração, se o mal te fere, pisa, corta
E te lança por terra a vida semimorta,
Lembra o lenho harmonioso – intérprete profundo!
Entrega-te a Jesus e Jesus há de usar-te
A transfundir-se a dor em luz, por toda a parte,
Enxugando contigo as lágrimas do mundo!...
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ARTHUR Gonçalves de Sales (Salvador, 7 de março de 1879 — Salvador, 27 de Junho de 1952) foi poeta, traductor e escritor brasileiro. Foi Imortal da Academia Baiana de Letras, ocupando ali a Cadeira de número 3, que ocupou até sua morte, em 1952
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