Viagem ao interior da alma - Rogério Coelho

A redescoberta do sentido da vida é um avanço histórico na busca da maturidade psicológica.

“Conhece-te a ti mesmo.” (Inscrição no Templo de Delfos-Grécia propagada por Sócrates e autoria de Sólon.)

Nosso roteiro evolutivo está assinalado por muitas lutas, suores e lágrimas... Não podemos, em hipótese alguma, dispensar a fé e a coragem como dinamizadores de nossa marcha para o Mais Alto. Não foi sem motivo que Jesus tanto valorizou a fé.  Daí ensinar Emmanuel[1]: “(...) no mecanismo das realizações diárias, não é possível esquecer a criatura aquela expressão de confiança em si mesma, e que deve manter na esfera das obrigações que tem de cumprir à face de Deus.

Os que vivem na certeza das promessas divinas são os que guardam a fé no poder relativo que lhes foi confiado e, aumentando-o pelo próprio esforço prosseguem nas edificações definitivas, com vistas à Eternidade. Os que, no entanto, permanecem desalentados quanto às suas possibilidades, esperando em promessas humanas, dão a ideia de fragmentos de cortiça, sem finalidade própria, ao sabor das águas, sem roteiro e sem ancoradouro.

Naturalmente, ninguém poderá viver na Terra sem confiar em alguém do seu círculo mais próximo; mas, a afeição, o laço amigo, o calor das dedicações elevadas não podem excluir a confiança em si mesmo, diante do Criador.

Na esfera de cada criatura Deus pode tudo; não dispensa, porém, a cooperação, a vontade e a confiança do filho para realizar. 

Por que te manterás indeciso, se o Senhor te conferiu este ou aquele trabalho justo?   Faze-o retamente, porque se Deus tem confiança em ti, para alguma coisa, deves confiar em ti mesmo, diante d`Ele”.

Joanna de Ângelis aconselha[2]: “(...) o desenvolvimento dos valores éticos e emocionais não deve cessar nunca, interrompendo-se o homem na marcha que o leva a alcançar mais altos e expressivos índices de conhecimento, de vivência, de atividade...

Assim, o objetivo é viver com consciência criativa, sinceridade e bondade no coração, tornando a existência um hino de louvor que não deve cessar nem mesmo com a morte corporal... Não consideres instáveis estes tempos, ante o programa que estabeleceste para a tua autorrealização. Se não dispões de amor e coragem para sobrepô-los às circunstâncias de tempo e lugar, não estás edificando para o porvir.

Seja qual for a tua idade cronológica, concede-te viver o encanto e a beleza próprios que lhe são inerentes, aplicando os teus recursos nas metas psicológicas e espirituais que deves atingir.

A tua idade ideal é aquela que te propicia mais amplas possibilidades de autodescobrimento, de autoiluminação e serviços em favor do bem geral.

O homem vem, pouco a pouco, perdendo o significado da vida e o senso da sua dignidade. Os indivíduos tornam-se estranhos a si próprios, desinteressados, sem identidade...  

Integra-te no programa de ascensão das almas. Participa das atividades gerais, vinculando-te ao grupo social no qual te encontras, e contribua para o seu desenvolvimento. Cultiva o senso de humor e do riso, desmanchando a carranca da insatisfação e da cólera. Preserva-te como indivíduo, não te deixando devorar pelos apressados. Mediante uma consideração apreciável de ti mesmo, dar-te-ás conta que és um indivíduo atuante, em uma realidade objetiva, com metas definidas, bem elaboradas.   Assim te libertarás de dois adversários: a ansiedade e o vazio.

A redescoberta do sentido da vida e da re-humanização é um avanço histórico na busca da maturidade psicológica, da tomada de consciência de si mesmo.

Jesus, consciente da missão que veio desempenhar na Terra, conclamou as massas à responsabilidade, aos elevados significados da vida, ao mesmo tempo buscou a identidade de cada discípulo, trabalhando pela sua humanização e insistindo na valorização dos conceitos éticos da existência, a fim de levá-lo a uma perfeita integração no programa libertador de si próprio, primeiro, e da sociedade, depois...

O Seu triunfo não foram os aplausos, a aceitação, a glória da mensagem, mas, a cruz e o escárnio, ensinando que a consciência de si mesmo somente é conseguida quando o homem se imola nos madeiros das paixões, vencendo-as de pé com os braços abertos em atitude de fraternidade amorosa”.

 


[1] - XAVIER, F. Cândido. Caminho, verdade e vida. 26.ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2006, capítulo 14.

[2] - FRANCO, Divaldo. Momentos de iluminação. Salvador: LEAL, 1990, capítulos 5 e 6.

 



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