Só mesmo o Espiritismo para dar conta! - Rogério Coelho
O Espiritismo demonstra o definitivo triunfo da vida sobre a morte
Segundo a nossa mui saudosa confreira Suely Caldas Schubert[1], “(...) a morte ainda é o grande mistério e a maior desgraça da vida para grande parte da humanidade.
A partida de um ente querido, o fim da existência física de alguém que amamos é, realmente, uma dor que não se consegue traduzir em palavras. O vazio, o sofrimento, a saudade tomam conta dos que ficaram, sensações e sentimentos que se confundem com a dúvida, a incerteza da continuidade da vida, o desconhecimento e o despreparo perante um fato que é o mais certo da nossa existência terrena.
Vive-se como se não houvesse a morte.
Vive-se como se o ser humano fosse o autor da vida.
Vive-se de forma inconsequente e com total indiferença ante o significado da própria vida humana.
Vive-se sem fé em Deus.
Vive-se sem se dar conta de que fomos criados por Deus.
E o que é pior, vive-se com a crença de que Deus é um Ser cruel e vingativo e que pune os Seus filhos com castigos eternos, projetando-se no Pai do Céu a nossa própria sombra interior. Por isso Ele tem tantos defeitos - e que são nossos.
Assim, não é de estranhar-se que a morte seja encarada de forma tão desesperadora. É como se o nosso ser querido tivesse sido enterrado ou cremado e nada mais restasse.
As pessoas totalmente desconsoladas e, não raro, desestruturadas, procuram cada vez mais o centro espírita e as respostas da doutrina espírita. Nada lhes conforta e ameniza a dor, porque, segundo creem, não há mais esperanças nem possibilidade de reencontro com o ser amado que fez a grande viagem.
Mas, de pronto encontram uma nova realidade: ninguém morre. A vida não cessa e continua em outra dimensão. O ente querido está vivo, não morreu! E prossegue amando aqueles que ficaram e percebendo-lhes as vibrações de amor, como também sentindo-lhes a inconformação, a revolta, o desespero... Então se entristece ou se perturba e anseia por voltar e dizer-lhes que não morreu, que está vivo, mais vivo do que antes; que a separação é temporária e que os laços de amor e de afeto permanecem. Todavia não consegue fazer-lhes compreender tudo isso. Não ouvem, não querem, não creem... A comunicação é dificultada pela descrença, pela falta de fé, pelo despreparo da vida ante a morte.
O Espiritismo demonstra o definitivo triunfo da vida sobre a morte”.
Kardec publicou em a Revista Espírita de junho de 1861, p.183-184, o seguinte episódio envolvendo total ignorância no que diz respeito ao papel da morte nos trâmites evolutivos: “(...) uma senhora de meu conhecimento “perdera” seu marido, cuja morte foi geralmente atribuída à falta do médico. A viúva concebeu contra esse último tal ressentimento, que ela o perseguia, sem cessar, com suas invectivas e suas ameaças, dizendo-lhe, por toda a parte onde o encontrava: “carrasco, não morrerás senão pela minha mão!”
Essa senhora era muito piedosa e muito boa católica; mas foi em vão que se empregaram, para acalmá-la, os recursos da religião; chegou ao ponto de o médico crer dever dirigir-se à autoridade policial para a sua própria segurança.
O Espiritismo conta com numerosos adeptos na cidade habitada por essa senhora; um de seus amigos, muito bom Espírita, disse-lhe um dia: - que pensaríeis se se vos colocasse no estado de conversar com o vosso marido?! - Oh! disse ela, se eu soubesse que isso fosse possível! Estaria segura de não o ter perdido para sempre, consolar-me-ia e esperaria! Logo se lhe deu a prova: seu marido veio, ele mesmo, dar-lhe conselhos e consolações, e, pela sua linguagem, não pôde ter qualquer dúvida quanto à sua presença junto dela. Desde então, uma revolução completa se operou em seu Espírito: a calma sucedeu ao desespero e suas ideias de vingança deram lugar à resignação. Oito dias depois, foi à casa do médico, muito pouco confortável com a sua visita; mas, em lugar de ameaçá-lo, estendeu-lhe a mão dizendo-lhe: “não temas, nada, senhor; venho vos pedir me perdoar o mal que vos fiz, involuntariamente. Foi meu marido, ele mesmo, quem me aconselhou a iniciativa que tomo neste momento; disse-me que não fostes, em nada, a causa de sua morte, e, aliás, tenho agora a certeza de que ele está junto de mim, que me vê e vela sobre mim, e que estaremos um dia reunidos. Assim, senhor, não me odieis mais, como, de minha parte, não vos odeio mais.” Inútil dizer que o médico aceitou com solicitude a reconciliação, e que se apressou em indagar a causa misteriosa à qual devia, doravante, a sua tranquilidade. Assim, sem o Espiritismo, essa senhora provavelmente cometeria um crime, tão religiosa que era. Isso prova a inutilidade da religião? Não, de modo algum, somente a insuficiência das ideias que ela nos dá do futuro, que nos apresenta de tal modo vago, que deixa em muitos uma espécie de incerteza, ao passo que o Espiritismo, fazendo por assim dizer tocar o dedo, faz nascer na alma uma confiança e uma segurança mais completas.
Ao pai que perdeu seu filho, ao filho que perdeu seu pai, ao marido que perdeu uma esposa adorada, que consolação dá o materialista? Ele diz: Tudo acabou; do ser que vos era tão caro, nada resta, absolutamente nada senão esse corpo que dentro em pouco será dissolvido; mas de sua inteligência, de suas qualidades morais, da instrução que adquiriu, nada, tudo isso é o nada; vós o perdestes para sempre. O espírita diz: de tudo isso nada está perdido; tudo existe; não há de menos senão o envoltório perecível, mas o Espirito liberto de sua prisão está radiante; ele está ali, junto de vós, que vos vê, vos escuta e vos espera... Oh! Quanto os materialistas fazem de mal inoculando, com seus sofismas, o veneno da incredulidade! Jamais amaram, de outro modo poderiam ver com sangue frio os objetos de sua afeição reduzidos a um montão de pó? Também é para eles que Deus parece reservar seus maiores rigores, porque os vemos todos reduzidos à mais deplorável posição no mundo dos Espíritos, e Deus é tanto menos indulgente para aqueles que estiveram mais na posição de se esclarecerem.
[1] - SCHUBERT, Suely Caldas. Transtornos mentais. Catanduva: ed. Intervidas, 2011, p. 89-91.
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