Sebastião Paraná de Sá Sottomaior
Sebastião Paraná de Sá Sottomaior nasceu em Curitiba em 19 de novembro de 1864 e aí desencarnou no dia 8 de março de 1938. Era filho do Capitão Inácio de Sá Sottomaior e neto do Coronel de milícias do mesmo nome. Seus primeiros ensinamentos foram na escola do professor Miguel Schleder, conhecida, na época, pelos altos padrões rígidos, e a conclusão do curso primário no Colégio Curitibano, então sob a direção do professor Nivaldo Braga.
Em 1883 matriculou-se no Instituto Paranaense. Fez os preparativos em Curitiba e se diplomou em Direito e em Ciências Políticas e Sociais, no Rio de Janeiro. Viveu dilatados anos, sempre batalhador insone nas nobres lides do espírito. Destacando-se no estudo da geografia e história, Sebastião Paraná publicou obras que representam o melhor que se possuía na matéria e demais temas. São de sua autoria os seguintes livros: Esboço Geográfico do Paraná (1889), Corografia do Paraná (1899), O Brasil e o Paraná (1903 e relançado em 1925 e 1941), Guia do Comerciante (1909), Os Estados da República (1911), Exultação (1913), O Alcoolismo e o Jogo (1913), Galeria Paranaense (biografias de 1922), Países da América (1922), Países da Europa (1926), Efemérides da Revolução de outubro de 1930 no Estado do Paraná (1931). O livro O Brasil e o Paraná alcançou sucesso de venda em 1941 quando foi relançada a 22ª edição da obra.
Em 18 de abril de 1900 foi nomeado professor catedrático de Geografia e Corografia do Brasil, no Ginásio Paranaense e Escola Normal de Curitiba. Exaltado patriota, por ocasião da Revolta da Armada, alistou-se no batalhão “Benjamin Constant” para combater os inimigos da República. Finda a campanha, recebeu a patente de capitão honorário do Exército, graças a sua impoluta conduta, disciplina e obediência às leis. Ao retornar a Curitiba, exerceu diversos cargos, entre concursados e indicações, como professor catedrático de Geografia e Corografia do Brasil, no Ginásio Paranaense (atual Colégio Estadual do Paraná) e, interinamente, a cadeira de História Universal. Como professor, foi mestre querido e venerado por muitas gerações de paranaenses que lhe aproveitaram a competência e talentos.
Em dezembro de 1905 casou-se com a jovem Elvira da Costa Faria. Não teve filhos. Em 1906, regeu, interinamente, a Cadeira de História Universal no Ginásio Paranaense. Foi Professor da Universidade Federal do Paraná.
Em 1916, exerceu, interinamente, a Superintendência Geral do ensino. Desse ano, até 1920, foi Diretor do Ginásio Paranaense. Professor da Escola Normal de Curitiba; professor dos colégios secundarista Paternon, Rio Branco, Elysio Vianna e Progresso; foi do Conselho Superior do Ensino Público no Paraná; agente auxiliar do Arquivo Nacional, no Paraná. Como representante do Paraná, integrou a comissão encarregada de receber trabalhos para o Congresso Internacional de História da América. Pertenceu ao Centro de Letras do Paraná e foi homenageado pela Academia Paranaense de Letras como o "Fundador" da Cadeira N° 2 desta instituição; juiz de Direito da capital; ocupou cargos de diretor do Núcleo Central; diretor da Caixa Escolar e de Estudos Doutrinários; sócio correspondente em vários institutos brasileiros e estrangeiros; um dos fundadores da Federação Espírita do Paraná, entre outras.
Como jornalista, foi redator de “A República” e do “O Município” e diretor do “Jornal da Tribuna”. Exerceu a legislatura como deputado no Congresso Legislativo do Paraná para o biênio 1902/1903. Como homem público, cruzou altos cargos com descortino e austeridade. Cidadão, não sabia fazer inimigos. Não deu guarida aos sentimentos mesquinhos da desafeição. Pelo decreto 29 de 22 de fevereiro de 1928, foi nomeado Diretor da Secretaria do Interior e Justiça do Paraná, tendo-se exonerado, então, da cátedra que luminosamente prelecionara quase 30 anos. Por motivo de saúde, em 1930, a pedido, foi transferido para a direção do Museu Paranaense e Biblioteca Pública do Paraná, onde foi aposentado pelo Decreto 774, de 2 de abril de 1931.
Nas lides espíritas, foi um dos fundadores da Federação Espírita do Paraná, em 24 de agosto de 1902, junto a outros homens valorosos, e seu primeiro Presidente eleito, após a aprovação do Estatuto Social em 4 de outubro de 1903. Permaneceu no cargo, por reeleição, até 13 de janeiro de 1907. Também foi, na Federação Espírita do Paraná, membro da Comissão Central de 2 de agosto de 1908 a 18 de julho de 1909 e de 13 de janeiro de 1918 a 1919. Ocupou ainda o cargo de Diretor do Núcleo Central, Diretor da Caixa Escolar e de Estudos Doutrinários.
Escreveu o livro Vade-mécum (Preces e ensinos espíritas), editado pela FEP, em 1929-1930. Modesto e amável, foi dos que muito trabalharam pelo engrandecimento do torrão nativo. Honesto e sincero, só amizades conquistou. Dois anos antes de sua morte, as alunas da Escola Normal deliberaram manifestar publicamente sua gratidão àquele que escrevera Os Estados da República e Países da América. Nos jardins do modelar educandário foi, a 19 de novembro de 1936, inaugurado o baixo-relevo do perfil do Professor Sebastião Paraná, um magnífico bronze de J. Turim, encravado na pedra, e que se encontra à entrada do edifício, como símbolo singular proclamando a gratidão da mocidade.
Retido ao leito, nos últimos anos de sua vida, Sebastião Paraná, ainda assim arrostou sereno os amargores da moléstia que cruelmente o imobilizava.
Morreu no dia 8 de março de 1938. Seu sepultamento se deu no Cemitério Municipal de Curitiba. Discursaram à beira do túmulo Porto Vellozo, pelo Instituto Neo-Pitagórico; Veríssimo de Souza, pela Loja Maçônica Fraternidade Paranaense; Raul Gomes, pela Imprensa Curitiba; Heitor Stockler, pela Academia Paranaense de Letras e Centro de Letras do Paraná; Lourenço de Araújo, em nome de diversas associações operárias.
Curitiba prestou sua homenagem, dedicando-lhe uma rua com o nome de Professor Sebastião Paraná e, em edição do jornal Gazeta do Povo (Curitiba), em 19 de março de 1967, em coluna denominada "Vultos", junto com sua biografia, consta uma série de considerações sobre sua personalidade, dizendo ter sido ele sempre elogiado, não só pelo exemplar comportamento, como pela aplicação, e que ele, sendo modesto e amável, muito contribuiu pelo engrandecimento do torrão natal.
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