Pode ser que sim, pode ser que não - Jorge de Oliveira

Salve, leitor amigo!

Estive refletindo sobre a vida de uma família que vi, enquanto aguardávamos atendimento no CBV/Hospital de Olhos, em Brasília. O pai deixou o filhinho brincando, sob o olhar carinhoso da mãe deste, e dirigiu-se ao consultório para tratamento ocular.

E fiquei imaginando... Seria doloroso, certamente, para os três, se o pai da criança feliz retornasse cego de sua consulta; ou, pior, se por uma fatalidade do destino, voltasse apenas seu cadáver. A cantora Clara Nunes, pelo que eu soube, submeteu-se a uma simples cirurgia plástica e foi abraçada pela Parca. Com isso, ficamos privados de bela voz, em pleno viço da idade, de famosa cantora.

Felizmente, nada disso aconteceu com aquela família, como também minha querida esposa retornou medicada e sã do consultório oftalmológico onde a deixei. Então, lembrei-me da história do sábio pai que, atendendo ao pedido do filho, comprou-lhe um cavalo árabe veloz.   

Vendo o rapaz feliz, um amigo disse ao pai daquele: — Como seu filho cavalga bem seu lindo corcel! Você lhe fez um grande bem.

O sábio respondeu-lhe: — Pode ser que sim, pode ser que não.

— Como pode ser que não? Indagou o amigo.

O sábio, porém, nada mais lhe disse sobre aquele assunto.

Passados alguns dias, o jovem levou uma queda grave do cavalo, fraturando o fêmur e o joelho duma perna. Sabendo disso, o amigo procurou novamente o pai do rapaz e lhe falou: — Como você disse, o cavalo não fez bem ao seu filho...

— Pode ser que sim. Tornou a dizer o pai do jovem, para espanto do amigo.

Passados outros dias, um país vizinho entrou em guerra com o seu, e todo jovem saudável, na idade do rapaz,  foi convocado para a luta. Como ele estava entrevado, foi dispensado do serviço militar. Muitos jovens do local acabaram morrendo em combate.

Então, o vizinho tornou a dizer para o amigo: — Mais uma vez você acertou. As fraturas na perna foram um bem para seu filho.

— Pode ser que não, respondeu o sábio novamente...

Assim é a vida. Ora o que nos faz mal torna-se um bem; ora o que parece ser bom acaba sendo mau. A saída desse círculo vicioso está em nossa harmonia espiritual, ou seja, no equilíbrio entre o que temos, o que sabemos e o que fazemos.



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