Pílulas gramaticais (outubro de 2019)

Dos chamados erros comuns que ocorrem no uso do idioma português, eis mais dez exemplos:

1. Episódio igual ocorreu há três meses atrás.

O correto: Episódio igual ocorreu há três meses. [Outra opção: Episódio igual ocorreu três meses atrás.]

Explicação: A palavra “atrás”, por redundante, não cabe na frase proposta, visto que o uso da forma verbal “há” mostra que se trata no caso de um período de tempo decorrido. Se na frase não houver a forma verbal “há”, a palavra “atrás" é cabível, como se vê na segunda opção.

2. O candidato, perguntado sobre suas preferências políticas, ficou calado.

O correto: O candidato, questionado sobre suas preferências políticas, ficou calado.

Explicação: Os estudiosos do idioma deploram o uso do particípio “perguntado” quando se refere a pessoas. O melhor em tais casos é usar as palavras “questionado”, “inquirido”, “interrogado”. Os manuais de redação de dois dos principais jornais do Brasil adotam este entendimento. A ideia é esta: “Foi-lhe perguntado isto...” E não “Ele foi perguntado sobre isto...”

3. No início do ano, os alunos pediram ao reitor para não suspender as aulas este ano.

O correto: No início do ano, os alunos pediram ao reitor que não suspendesse as aulas este ano.

Explicação: O verbo pedir requer objeto direto. Quem pede, pede algo, alguma coisa. É erro dizer “pediram para”, mas sim “pediram que”

4. Amigo, se nada te fiz, porque me odeias?

O correto: Amigo, se nada te fiz, por que me odeias?

Explicação: Usa-se “por que” em duas situações:

1ª. Quando se faz uma pergunta, direta ou indireta: Por que você não veio? Por que me odeias? Meu pai quer saber por que você adiou o noivado. Por que estás tão contente? Diga-me por que essa notícia o afetou tanto.

2ª. Em substituição a “pelo qual”, “pela qual”, “por qual” e as formas plurais dessas expressões: A crise por que passamos felizmente chegou ao fim. Por que motivo você não foi à reunião?

5. Não os obedecemos, enquanto foram presunçosos.

O correto: Não lhes obedecemos, enquanto foram presunçosos.

Explicação: O verbo obedecer é transitivo indireto, ou seja, requer preposição entre o verbo e seu objeto: Obedecer ao professor. Obedecemos a Jesus. O pronome oblíquo que corresponde ao objeto indireto neste caso é “lhes”, pois o “os” é utilizado somente na função de objeto direto.

6. Que horas você telefonou?

O correto: A que horas você telefonou?

Explicação: Faltou a preposição “a”, antes do pronome “que”, pois em expressões que indicam as horas se usa essa preposição, como podemos ver em “telefonei às duas horas”.

7. Informei-lhe do acontecido durante a assembleia.

O correto: Informei-o do acontecido durante a assembleia.

Explicação: O verbo informar tem duas regências diferentes: “informar algo a alguém” ou “informar alguém de algo”. Nesta última forma, ele é seguido de objeto direto, função que é exercida pelo pronome “o”, e não pelo pronome “lhe”.

8. Essa será a conclusão que o presidente chegará.

O correto: Essa será a conclusão a que o presidente chegará.

Explicação: Faltou na frase a preposição “a”, que rege o verbo chegar, que é transitivo indireto: Quem chega, chega a algum lugar.

9. Preferia brincar do que trabalhar.

O correto: Preferia brincar a trabalhar.

Explicação: A regência do verbo “preferir” resume-se nesta regra: “prefiro uma coisa a outra”. O primeiro complemento é objeto direto, e o segundo, antecedido da preposição “a”, é objeto indireto.

10. Fomos todos assistir o filme.

O correto: Fomos todos assistir ao filme.

Explicação: O verbo assistir, quando tem o sentido de ver, requer a preposição “a”: Assistir ao filme. Assistir à novela. Assistir ao jogo de futebol.



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