Pílulas gramaticais (julho 2019)

Dos chamados erros comuns que ocorrem no uso do idioma português, eis mais dez exemplos:

1. Nós estávamos ali e tudo assistimos, sem nada podermos fazer.

O correto: Nós estávamos ali e a tudo assistimos, sem nada podermos fazer.

Explicação: No sentido de ver, presenciar, o verbo “assistir” pede objeto indireto.

2. Então, o que faremos com o homem?

O correto: Então, que faremos com o homem?

Explicação: O pronome interrogativo “que” dispensa o “o” que o antecede na frase citada. Napoleão Mendes de Almeida diz-nos no seu Dicionário de Questões Vernáculas, p. 257, que não cabe em tais interrogações função sintática nenhuma ao vocábulo “o”. A palavra “que” exerce, por si e bastante, a função de pronome interrogativo.

3. Amigo, é cedo ainda. Não se vai; fica mais um pouco.

O correto: Amigo, é cedo ainda. Não se vá; fique mais um pouco.

Explicação: O erro advém do desconhecimento de como é formado o imperativo dos verbos utilizados no texto acima.

4. No parque central tem muitas árvores centenárias.

O correto: No parque central há muitas árvores centenárias. [Outra opção: No parque central existem muitas árvores centenárias.]

Explicação: Os verbos haver e existir são os mais indicados em frases assim.

5. A mãe, antes de sair, pediu ao filho para cuidar do avô.

O correto: A mãe, antes de sair, pediu ao filho que cuidasse do avô. [Outra opção: A mãe, antes de sair, pediu ao filho cuidar do avô.]

Explicação: A parte final do texto – “cuidar do avô” – é objeto direto de “pediu”. Não pode, pois, ser antecedida da preposição “para”, que não cabe em frases desse tipo.

6. O rapaz saiu de casa decidido a viajar pelo país a fora.

O correto: O rapaz saiu de casa decidido a viajar pelo país afora.

Explicação: O termo “afora”, seja como preposição, seja como advérbio, é escrito numa só palavra.

7. As dificuldades começaram há muitos anos atrás.

O correto: As dificuldades começaram há muitos anos.

Explicação: Como se trata de evento passado, não cabe na frase a palavra “atrás”, que constitui uma redundância perfeitamente evitável.

8. Tudo ia bem, até que surgiu a doença da esposa, o acidente com o filho, a morte do meu pai etc.

O correto: Tudo ia bem, até que surgiram a doença da esposa, o acidente com o filho, a morte do meu pai etc.

Explicação: Com sujeito plural, o verbo normalmente tem de ir para a forma plural.

9. Algumas estatais, como a Petrobras, foram praticamente saqueadas nesses últimos anos.

O correto: Algumas estatais, como a Petrobras, foram praticamente saqueadas nestes últimos anos.

Explicação: Em frases assim, em que o demonstrativo se refere ao tempo presente, aos anos em que ainda nos encontramos, o correto é usar “neste”, em vez de “nesse”.

10. Como disse-te no último encontro, vou mudar-me para Portugal.

O correto: Como te disse no último encontro, vou mudar-me para Portugal.

Explicação: O vocábulo “como”, na função de conjunção subordinativa, atrai o pronome oblíquo te.



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