O jovem rico

Narram os Evangelhos que um moço rico buscou o jovem Rabi da Galileia, em certa tarde em que os acordes da natureza soavam belezas na paisagem.

O moço rico, cujo nome os Evangelistas não registraram, vinha em busca de uma resposta para a sua indagação. Indagação que lhe corroía a alma, desde há muito.

Que devo fazer para herdar a vida eterna?

O Mestre falou-lhe dos mandamentos, mas o moço rico afirmou que esses, ele os seguia desde a sua mocidade. Voltou-se o Mestre para ele, fitou-o profundamente, com Seus olhos da cor do céu, e fez o convite: Vem, e segue-me.

Sabemos, pela narrativa evangélica, que o moço rico voltou as costas para o Meigo Nazareno e foi buscar as glórias efêmeras, nas corridas de bigas, com seus cavalos árabes, na tentativa de conquistar para as cores de Israel mais uma vitória.

O jovem rico tinha conhecimento das leis e as seguia. Temeu, no entanto, abandonar o que mais prezava: o aplauso das multidões e os louros das vitórias nas arrojadas corridas de bigas, em que era um ás.

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Toda vez que a cena evangélica nos é reavivada na memória, lamentamos a escolha do moço rico.

No entanto, será que nós, ao menos seguimos os mandamentos?

O Decálogo prescreve: Não matar!

Diremos, possivelmente, que nunca matamos. Será mesmo? Será que nunca matamos as esperanças de alguém, falando afoitamente?

Será que não matamos os sentimentos, os ideais de alguém, a alegria, agindo de forma leviana e inconsequente?

O Decálogo ensina: Não roubar!

Afirmamos depressa que jamais tomamos algo que não nos pertencesse de forma legítima. Mas, será que nunca roubamos a felicidade, o equilíbrio de alguém, com nossas palavras ou com nossas atitudes?

Será que nunca roubamos a liberdade do nosso próximo, sua paz?

Nas normas recebidas por Moisés, no monte Sinai, encontra-­se: Não dirás falso testemunho!

De imediato, diremos que jamais dissemos algo nesse sentido, de quem quer que seja.

Será que não medimos e apontamos as atitudes do próximo, será que não vemos e relacionamos, com prazer, erros e defeitos alheios?

Não nos comprazemos com as gafes de alguém ou não menosprezamos valores alheios?

Honrarás pai e mãe!

Será que honramos nossos pais com nosso carinho, respeito e atenção? Temos tido com eles paciência, em especial com aqueles de idade avançada?

Neste breve exame, com certeza, descobriremos muitas falhas em nós, demonstrando a nossa imaturidade espiritual e a nossa inconsequência.

Por isso mesmo, as lições devem ser repetidas para nós inúmeras vezes. Para que as incorporemos na intimidade e as coloquemos em prática.

É por essa mesma razão que Jesus prossegue de braços abertos, a nos convidar ao bem, através dos versos harmoniosos traduzidos nas páginas dos Evangelhos.

Amai-vos ... Sede perfeitos... Vinde a mim...

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Ao homem compete sempre a opção do melhor caminho a seguir.

Contudo, será sempre responsável pelos seus atos, pois como se lê no Velho Testamento, no livro do Eclesiastes: Há tempo de plantar e tempo de colher...

Há tempo de espalhar pedras, há tempo de recolher pedras...

Há tempo de chorar, há tempo de sorrir...

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Redação do Momento Espírita com base no artigo Vem, segue-Me, publicado na revista Reformador, de dezembro/1997, ed. FEB. Em 15.5.2018.



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