O cogente ato de orar - Jorge Hessen

A rigor, a eletricidade é energia dinâmica; o magnetismo é energia estática; o pensamento é força eletromagnética. Muito se tem dito a respeito da prece, mas muito pouco ainda conhecemos do seu mecanismo de funcionamento.  Por isso mesmo, pouco a valorizamos, e por vezes até a esquecemos.

Muitas vezes surgem aqueles que contestam a eficácia da prece, alegando que, pelo fato de Deus conhecer as necessidades humanas, torna-se dispensável o ato de orar, pois sendo o Universo regido por leis sábias e eternas, as súplicas jamais poderão alterar os desígnios do Criador

No entanto, não pode perder de mira a assertiva do Mestre: O que quer que seja que pedirdes na prece crede que obtereis, e vos será concedido.

As preces que fazemos não irão desviar-nos de nossos problemas e desilusões, mas elas são um bálsamo reconfortante para a nossa alma enfermiça, pois faz-nos penetrar em estados de suave sossego e gozos que somente aquele que ora é capaz de decifrar.

Tem, assim, a prece o inefável dom de dar-nos forças para suportarmos lutas e problemas, internos e externos, de colocar-nos em posição de vencermos obstáculos que, antes, pareciam irremovíveis.

A prece, qualquer que ela seja, é ação provocando a reação que lhe corresponde. Conforme a sua natureza, paira na região em que foi emitida ou eleva-se mais, ou menos, recebendo a resposta imediata ou remota, segundo as finalidades a que se destina.

Desejos banais encontram realização próxima na própria esfera em que surgem. Impulsos de expressão algo mais nobre são amparados pelas almas que se enobreceram. Ideais e petições de significação profunda na imortalidade remontam às alturas.

Cada prece, tanto quanto cada emissão de força, se caracteriza por determinado potencial de frequência e todos estamos cercados por Inteligências capazes de sintonizar com o nosso apelo, à maneira de estações receptoras.

Sabemos que a Humanidade Universal, nos infinitos mundos da grandeza cósmica, está constituída pelas criaturas de Deus, em diversas idades e posições. No Reino Espiritual, compete-nos considerar igualmente os princípios da herança. Cada consciência, à medida que se perfeiçoa e se santifica, aprimora em si qualidades do Pai Celestial, harmonizando-se, gradativamente, com a Lei.

Quanto mais elevada a percentagem dessas qualidades num espírito, mais amplo é o seu poder de cooperar na execução do Plano Divino, respondendo às solicitações da vida, em nome de Deus, que nos criou a todos para o Infinito Amor e para a Infinita Sabedoria.

O pensamento produz uma espécie de efeito físico que reage sobre o moral: é isso unicamente o que o Espiritismo poderia fazer compreender. É o pensamento que dá qualidade curativa aos fluidos, que existem em estado natural ao nosso redor.

É ele que transforma o fluido inerte em energia capaz de recompor um tecido doente ou reduzir os males de ordem espiritual que afetam os indivíduos.  É o pensamento também o fio que nos permite estabelecer um relacionamento positivo com os espíritos, que participam das atividades curadoras.  Mas, ao mesmo tempo em que nos permite tudo isso, ele também poderá nos ligar a espíritos cuja presença será prejudicial ao ato de curar.

Toda moeda tem dois lados, as leis da natureza são estradas de duas mãos.  A mente é fonte de energia curativa ou de energia destruidora. A prece é, sem dúvida, um dos meios pelos quais a cura de um mal pode ser alcançada.  Mas é, também, um meio dos mais difíceis, haja vista a pequena capacidade mental que temos para orar

Isto porque a oração tem sido um ato mecânico, que se realiza pelos lábios.  Contudo, a prece é algo que depende enormemente do pensamento e da vontade.  Sem esses dois requisitos, a prece se transforma em algo sem maior valor.

A prece deve ser cultivada, não para que sejam revogadas as disposições da lei divina, mas a fim de que a coragem e a paciência inundem o coração de fortaleza nas lutas ásperas, porém necessárias. E em nos voltando para Deus, não devemos ter em mente senão a humildade sincera na aceitação de sua vontade superior.



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