Nossas obras, nossa herança - Rogério Coelho
Cada um colhe o fruto imperecível de suas obras passadas e presentes.
“A cada um será dado de acordo com as suas obras”. Jesus. (Mt., 16:27.)
Em virtude da ação constante do pensamento e da vontade sobre o perispírito, vê-se que a retribuição é absolutamente perfeita: cada um colhe o fruto imperecível de suas obras passadas e presentes; colhe-os não por efeito de uma causa exterior, mas por um encadeamento que liga em nós mesmos o pesar à alegria, o esforço ao êxito, a culpa ao castigo... É, pois na intimidade secreta de nossos pensamentos e na viva luz de nossos atos que devemos procurar a causa eficiente da nossa situação presente e futura.
O Espírito ilumina-se a cada pensamento altruísta, a cada impulso de solidariedade e de amor puro; e entenebrece-se a cada pensamento ruim, a cada ato criminoso e cada hábito pernicioso.
Os atos violentos, a crueldade, o homicídio e o suicídio produzem no culpado um abalo prolongado, que repercute, de renascimento em renascimento, no corpo material, e traduzem-se em doenças nervosas, tiques, convulsões e até deformidades, enfermidades ou casos de loucura, consoante a gravidade das causas e o poder das forças em ação. Toda transgressão da lei implica diminuição, mal-estar, privação da liberdade... As vidas impuras, a luxúria, a embriaguez e a devassidão conduzem-nos a corpos débeis, sem vigor, sem saúde, sem beleza. O ser humano que abusa de suas forças vitais, por si mesmo se condena a um futuro miserável, a enfermidades mais ou menos cruéis.
Tua obra mais valiosa e mais bela és tu mesmo!
Com teus esforços constantes podes fazer de tua inteligência, de tua consciência, uma obra admirável, de que gozarás indefinidamente. Cada uma de tuas vidas é um cadinho fecundo do qual deves sair apto para tarefas, para missões cada vez mais altas, apropriadas às tuas forças e cada uma das quais será tua recompensa e tua alegria.
Assim, com tuas mãos irás, dia a dia, moldando teu destino... Renascerás nas formas que teus desejos constroem, em organismos superiores aos da Terra; renascerás nos meios que preferes, junto dos seres queridos, que já estiveram associados a teus trabalhos, a tuas vidas, e que viverão contigo e para ti, como tu reviverás com eles e para eles.
Terminada que seja tua evolução terrestre, quando tiveres exaltado tuas faculdades e tuas forças a um grau suficiente de capacidade, quando tiveres esvaziado a taça vinagrosa dos sofrimentos, das amarguras e das felicidades que nos oferece este mundo, quando lhe houveres sondado as ciências e as crenças, comungado com todos os aspectos do gênio humano, subirás então, com teus amados para outros mundos mais belos, mundos de paz e harmonia...
Volvidos ao pó, teus últimos despojos terrestres, chegada às regiões espirituais tua essência purificada, tua memória e tua obra hão de amparar ainda os homens, teus irmãos, em suas lutas, em suas provações, e poderás dizer com a alegria de uma consciência tranquila: “minha passagem na Terra não foi estéril; não foram vãos meus esforços!”
[1] - Apontamentos calcados no livro “O problema do ser do destino e da dor”, de Léon Denis – 2ª parte, cap. XIX.
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