Mediunidade e sintonia - Rogério Coelho
No campo da mediunidade o Evangelho do Senhor não pode ser negligenciado.
"(...) Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará o vosso coração." Jesus (Mt., 6:21.)
Há que se alargar os horizontes de desdobramentos da mediunidade... Instrumento vibrátil, podemos compará-la a uma antena parabólica assestada na direção arbitrada por seu portador, que é, por isso, o único responsável pela sintonia de sua "aparelhagem". Por essa razão, médium não será tão somente aquele que se submete ao intercâmbio entre os dois planos da vida.
Kardec mostra em O Livro dos Médiuns os diversos matizes de médiuns e mediunidades e a importância do ajuste da função mediúnica a uma personalidade evangelizada, a fim de que o processo se desenrole sob o pálio dos Irmãos Maiores da Espiritualidade, resultando em oportunas e profícuas lições para todos nós que arrastamos a grilheta carnal.
Assim, como regista o Evangelho, "acharemos o que buscamos"; e a mediunidade responderá na faixa na qual sintonizarmos a nossa "antena mediúnica". Se nos movemos, por exemplo, nos vales tenebrosos da maledicência, da exacerbação dos sentidos, da irresponsabilidade intelectual, constituir-nos-emos em veículos dos agentes das sombras: os inimigos da luz... Todavia, se respaldarmos nossa sintonia nas suaves vibrações do Evangelho do Senhor obteremos o concurso amigo dos Benfeitores Espirituais que nos secundarão nos labores do Bem.
É imprescindível, portanto, examinarmos a direção para a qual está voltado nosso equipamento mediúnico.
Segundo Manoel Philomeno de Miranda, “(...) o médium sincero, mais do que outro lidador laborioso em qualquer área de ação, encontra-se em constante perigo, necessitando de aplicar a vigilância e a oração com frequência, de forma a manter-se em paz ante o cerco das entidades ociosas e vingadoras da erraticidade inferior. Isto porque, comprazendo-se na prática do mal, a que se dedicam, as mesmas transformam-se em inimigos gratuitos de todos aqueles que lhes parecem ameaçar a situação em que se encontram.” (1)
Por isso mesmo, a prática mediúnica reveste-se de seriedade e de entrega pessoal, não dando espaço para o estrelismo, as competições doentias e as tirânicas atitudes de agressão a quem quer que seja...
Ensina Emmanuel: “(...) examina os teus desejos e vigia os próprios pensamentos, porque onde situares o coração aí a vida te aguardará com as asas do bem ou com as algemas do mal." (2)
(1) FRANCO, Divaldo. “Mediunidade: desafios e bênçãos”. Salvador: LEAL, 2015, cap. 10. p. 85.
(2) XAVIER, F. Cândido. Mediunidade e sintonia. Jabaquara: CEU, 1986, cap. III.
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