Mediunidade e alienação mental

Quantos não se resignam com as verdades que a Doutrina Espírita veio descerrar à mente humana, há mais de um século, dizem, inconscientemente, que a mediunidade gera a loucura. E multiplicam teorias complicadas que lhes justifiquem o modo de pensar, observando-a simplesmente como “estado mórbido”, dando a ideia de especialistas que apenas examinassem os problemas do homem natural através do homem doente.

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Considerando-se a mediunidade como percepção peculiar à estrutura psíquica de cada um de nós, encontrá-la-emos, nos mais diversos graus, em todas as criaturas.

À vista disso, podemos situá-la facilmente no campo da personalidade, entre os demais sentidos de que se serve o Espírito a fim de expressar-se e evolver para a vida superior. Não ignoramos, porém, que os sentidos transviados conduzem fatalmente à deturpação e ao desvario.

Os olhos são auxiliares imediatos dos espiões e dos criminosos que urdem a guerra e povoam as penitenciárias; contudo, por esse motivo, não podem ser acusados como fatores de delinquência.

Os ouvidos são colaboradores diretos da crueldade e da calúnia que suscitam a degradação social, mas não apresentam, em si mesmos, semelhantes desequilíbrios.

As mãos, quando empregadas na fabricação de bombas destruidoras, são operárias da morte; entretanto, não deixam de ser os instrumentos sublimes da inteligência em todas as obras-primas da Humanidade.

O sexo, que constrói o lar em nome de Deus, por toda parte é vítima de tremendos abusos pelos quais se amplia terrivelmente o número de enfermos cadastrados nos manicômios; contudo, isso não é razão para que se lhe deslustre a missão divina.

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A manifestação é da instrumentalidade. O erro é da criatura.

A faculdade mediúnica não pode, assim, responsabilizar-se pela atitude daqueles que a utilizam nos atos de ignorância e superstição, maldade e fanatismo.

E qual acontece aos olhos e aos ouvidos, às mãos e ao sexo que dependem do comando mental, a mediunidade, acima de tudo, precisa levantar-se e esclarecer-se, edificar-se e servir, com bases na educação.


Do livro Seara dos Médiuns, cap. 43, obra mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.



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