Johann Karl Friedrich Zöllner

Friedrich Zöllner, como era mais conhecido, foi um astrofísico famoso e professor da Universidade de Leipzig, Alemanha. Nasceu em Berlim em 8 de novembro de 1834 e faleceu precocemente em Leipzig, Alemanha, em 25 de abril de 1882, aos 48 anos de idade.

Deixou inúmeros trabalhos na área da astronomia e da física ótica, onde ficou bastante conhecido por suas pesquisas na área da ilusão de ótica. Seu trabalho em ótica, desenvolvido em 1860, foi denominado Ilusão de Zöllner, em que linhas paralelas se mostravam como diagonais. Na área da astronomia se destacou provando a teoria de Christian Doppler sobre o efeito do movimento na cor das irradiações eletromagnéticas das estrelas em consequência do desvio das linhas do espectro da luz emitida por estes corpos celestes. Ele inventou um aparelho muito sensível chamado Astrofotômetro, capaz de medir essas variações. Em sua homenagem, uma das crateras da lua foi denominada Cratera de Zöllner.

Em 1872, foi convidado a ocupar a cadeira de Astrofísica na Universidade de Leipzig. Foi membro da Royal Society, da Real Sociedade Astronômica de Londres, da Imperial Academia de Ciências Físicas e Naturais de Moscou e da Sociedade Científica de Estudos Psíquicos de Paris, além de membro honorário da Associação de Ciências Físicas de Frankfurt.

Desde muito cedo Zöllner se interessou pelos fenômenos mediúnicos. Quando surgiu a oportunidade, em 1875, foi à Inglaterra visitar um dos maiores cientistas da época, William Crookes, que era a maior referência nas pesquisas dos chamados “efeitos mediúnicos”, tais como o movimento de objetos sem interferência de uma fonte de energia e da materialização de espíritos. Zöllner buscava uma explicação científica para tais fenômenos.

Desde cedo interessou-se pelos fenômenos espíritas, desenvolvendo a "teoria da quarta dimensão", que defendeu apoiado em posições teóricas e, sobretudo, em experiências práticas. Pela sua teoria, o universo teria, além das três dimensões da geometria euclidiana, uma quarta, pela qual se explicariam os fenômenos de ordem mediúnica. Essa dimensão suplementar seria uma extensão da própria matéria, invisível e imperceptível aos sentidos físicos humanos. Com isso, os fenômenos espíritas perderiam a sua característica mística e ingressariam no campo da Física. Como exemplo, ilustrava que "(...) nós, seres de três dimensões, só poderemos atar ou desatar um nó, movendo uma das extremidades, 360º num plano que ser 'inclinado' para o que contiver a parte do nó de duas dimensões". Porém se, entre nós, houver alguém que por sua vontade possa efetuar movimentos de quatro dimensões, poderá atar e desatar os nós de um modo muito mais simples. A respeito dessa teoria, o astrônomo italiano Giovanni Schiaparelli afirmou, em carta endereçada a Camille Flammarion "(...) é a mais engenhosa e provável [teoria] que pode ser imaginada". Zöllner promoveu inúmeras reuniões com médiuns e pesquisadores famosos no século XIX, em sua própria residência, em Leipzig. Em 1877, recepcionou pela primeira vez o médium de efeitos físicos inglês Henry Slade. Para analisar a mediunidade de Slade, Zöllner contou ocasionalmente com a participação de diversos outros professores universitários, o que trouxe visibilidade à sua pesquisa, tendo os resultados sido apresentados em vários periódicos, sob a forma de artigos, e, posteriormente, na forma de livros, versando sobre a “física transcendental”.

Além de Slade, Zöllner ele estudou os fenômenos produzidos por madame D'Esperance, protagonista de fenômenos de aparição e de transporte de objetos, quando de sua passagem pela Alemanha. Estando a médium de partida para Breslau, Zöllner sugeriu-lhe que procurasse ali um amigo, o Dr. Friese. Este recepcionou a médium, ficando convencido da autenticidade de suas manifestações. A própria D'Esperance relatava um fato pitoresco acerca de uma visita que Zöllner fez a ambos em Breslau: "Durante a visita do prof. Zöllner, a morada do Dr. Friese foi invadida por muitíssimas pessoas, que vinham com ansiedade informar-se dos últimos acontecimentos. Como um relâmpago, a notícia havia sido propalada entre os estudantes e as histórias mais extraordinárias estavam em circulação. Muitos imaginavam que o doutor tinha um batalhão de espíritos à sua disposição para fazer milagres e escamoteações, curar enfermos e dar informações sobre amigos desaparecidos ou qualquer outra coisa."

Em março de 1880, o barão Von Hoffmann trouxe o médium de efeitos físicos inglês William Eglinton para participar de reuniões com Zöllner, tendo tido lugar um total de vinte e cinco sessões. Zöllner declarou-se satisfeito com os resultados, acrescentando que não havia fraude nas manifestações. Faleceu antes de publicar uma segunda obra sobre os fenómenos pesquisados. Em sua homenagem uma cratera na Lua recebeu o seu nome: a cratera de Zöllner.

Seu livro mais famoso é: “Provas Científicas da Sobrevivência” ou “Física Transcendental.

Outros livros publicados por Zöllner que chamaram a atenção do mundo científico foram: A Natureza dos Cometas; Esboços de Fotometria Universal dos Céus Estrelados; Natureza dos Corpos Celestes.

Ao oferecer seu livro “Provas Científicas da Sobrevivência ou Física Transcendental” a William Crookes, Zöllner escreveu uma dedicatória muito expressiva da qual extraímos o seguinte trecho: “Com o mais elevado sentimento de gratidão e reconhecimento pelos serviços prestados por vós a uma nova ciência, eu vos ofereço, respeitabilíssimo colega, o terceiro volume dos meus Tratados Científicos. Por uma coincidência notável, as nossas investigações científicas se encontraram no mesmo terreno, fornecendo à humanidade admirada uma nova classe de fenômenos físicos que proclamam bem alto e de um modo não mais duvidoso a existência de um outro mundo material de seres inteligentes. Aceitai, pois, a presente obra como sinal de agradecimento e simpatia, vertidos do coração honesto de um alemão”.



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