Induzir por omissão - Rogério Coelho

Crianças bem orientadas pelos pais terão padrões morais indeturpáveis

“O bem anda na semiobscuridade com sandálias de veludo, enquanto o mal ganha   títulos   de cidadania sob os spotlights da promoção.” - Joanna de Ângelis

O verbo “induzir”, no entendimento acadêmico, é sinônimo de instigar, levar ou persuadir a fazer algum ato, aconselhar, aliciar, etc. Dá, portanto, a ideia da ação de alguém ou alguma coisa influenciando outrem.

Analisando, porém, a situação caótica do mundo de hoje, em quase todos os níveis e em especial no da moral e costumes, verificamos que podemos ampliar o conceito deste verbo.   Nesse passo, chegamos à conclusão de que podemos induzir até por omissão, por mais paradoxal que possa parecer, já que geralmente a indução é consequência da ação de alguém ou de alguma coisa... Esclareçamos: quando, por exemplo, os pais se acomodam e “confiam” excessivamente nos filhos, podem ter uma surpresa com essa negligência, vez que os filhos poderão tomar os caminhos das drogas ou do alcoolismo que são tardiamente descobertos, quando as consequências já se mostram devastadoras.

Os pais que assistem (quando assistem) junto com os filhos a um desses abundantes programas de televisão, onde se dá o desfile das “fezes mentais” de quantos os elaboram, e não discutem depois com eles sobre os “ensinamentos” vertidos da telinha, estão induzindo por omissão a que seus filhos acatem como corretos os conceitos ali mostrados. Os jovens incorporam, então, em seus psiquismos, aqueles padrões e parâmetros comportamentais deletérios, apodrecidos, desajustados e passam a se conduzir da mesma forma, como se tudo fosse natural.

As crianças bem orientadas pelos pais terão padrões morais imbatíveis e indeturpáveis a contrapor às influências exteriores.  Oportuno, então, não nos omitirmos em todos os momentos em que a ocasião surgir e agir interferindo em favor dos rebentos.

Não podemos temer parecer “caretas e antiquados” porque o mal, foi, é, e será sempre o mal, em toda e qualquer época!...

Adotar os padrões sadios e eternos de Jesus e agir segundo eles, eis a diretriz segura, a chave da felicidade atual e futura.

Não nos omitamos, ainda que saibamos ser o mal atrevido, ousado e insolente, pois quando os bons quiserem, o bem preponderará.

Os canais de televisão funcionam na base do ibope e veiculam, naturalmente, o que atende nitidamente à preferência da população.   Por isso a culpa do que aparece hoje nos diversos canais não pode ser debitada tão somente aos produtores. Não dar preferência ao que não presta fará cair o tal ibope e naturalmente o programa.

A questão número quinhentos e oitenta e dois de “O Livro dos Espíritos” elucida magistralmente o assunto em tela, onde os Benfeitores Espirituais afirmam:  “sem contestação possível, a paternidade e a maternidade são uma verdadeira missão.   É ao mesmo tempo grandíssimo dever e que envolve, mais do que o pensa o homem, a sua responsabilidade quanto ao futuro.  Deus colocou o filho sob a tutela dos pais, a fim de que estes o dirijam pela senda do bem, e lhes facilitou a tarefa dando àquele uma organização débil e delicada, que o torna propício a todas as impressões. Muitos há, no entanto, que mais cuidam de aprumar as árvores do seu jardim e de fazê-las dar bons frutos em abundância, do que de formar o caráter de seu filho. Se este vier a sucumbir por culpa deles, suportarão os desgostos resultantes dessa queda e partilharão dos sofrimentos do filho na vida futura, por não terem feito o que lhes estava ao alcance para que ele avançasse na estrada do bem.”



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