Identificação introjetiva - Rogério Coelho
Os estudiosos já começam a localizar a zona metafísica da vida
“Muito mais do que podemos imaginar é a influência dos Espíritos em nossas vidas.” (O Livro dos Espíritos, questão 459.)
A palavra “psicologia” é formada pela raiz grega “psyché”, que significa: alma, espírito, intelecto... E, por isso mesmo, por mais que a ciência psicológica se desdobre em um amplo leque de variegados matizes, todos esses segmentos derivados terão sempre certa intimidade, (às vezes ostensiva, outras vezes veladas) com a alma ou espírito.
Examinando o trabalho de Freud, o notável pai da psicanálise, podemos notar os vários momentos em que ele, mesmo sem o perceber, tangenciou os domínios da metafísica, chegando perto da fronteira do Mundo Espiritual.
No estudo das contradições das áreas da conduta, por exemplo, Freud teria encontrado a “ponte” para a zona espiritual se tivesse aprofundado um pouco mais o escopro do seu raciocínio, em vez de ficar simplesmente com a hipótese da existência de uma segunda mente, fenômeno conhecido hoje em dia em psicologia como dissociação da conduta ou divisão esquizoide. (Ele considerou essa segunda mente apenas um fenômeno animista e sequer cogitou de que ela poderia ser uma segunda pessoa, ou seja, um espírito).
Outro momento importante em que Freud quase aportou no Mundo Espiritual com as suas investigações foi quando estudou exaustivamente a questão das introjeções. Para compreendermos e vislumbrarmos isso de uma maneira mais clara e objetiva, socorramo-nos nos apontamentos de José Bleger(1) : “introjeção é a incorporação ou assimilação, por parte de um sujeito, de características ou qualidades que provêm de um objeto externo, do mundo exterior.
A introjeção pode ser parcial ou total, enquanto incorpora-se uma parte do objeto externo ou sua totalidade.
Foi especialmente estudada por Abraham e Freud nos estados de luto nos quais, pela perda de um ser querido, o sujeito incorpora propriedades do mesmo e passa a ter algumas de suas características. (Observemos que o autor usa o verbo incorporar, e nos meios espiritistas é bastante conhecido o significado real deste verbo).
Se o objeto introjetado invade demasiado a personalidade do sujeito, esse último passa a se conduzir, parcial ou totalmente, com os traços do objeto introjetado. Isso recebe o nome de identificação introjetiva. (Preferimos dar a isso o nome que Kardec deu: subjugação moral e corporal).
Como se vê, a identificação introjetiva inclui também tudo o que se estudou com o nome de imitação, que tanta importância assume em psicologia social. A identificação introjetiva intervém também em outros fenômenos mais massivos de mudança de personalidade: as metamorfoses”.
Nada nos impede de compreender, sob a óptica espiritista, que quando o sujeito “incorpora” as propriedades de um ente querido desencarnado, na verdade ele pode estar incorporando o próprio desencarnado.
Também não fica difícil entender onde está a raiz da chamada “mudança de personalidade”, isto é, das metamorfoses, uma vez que os Espíritos revelaram1 a Kardec o quanto os desencarnados influem na vida dos encarnados, a ponto mesmo de serem estes, vezes sem conto, dirigidos por aqueles.
Sem absolutamente pretender desmerecer as extraordinárias pesquisas e conclusões freudianas, visto que não temos nem engenho e arte para tal vemos, por outro lado, o esforço de estudiosos como Jung, Assagioli, Maslow, S. Grof, cujas ilações já começam a localizar a zona metafísica da vida.
E para coroar e mesmo festejar as ricas possibilidades dessas descobertas científicas, vem agora Joanna de Ângelis, através da abençoada psicografia de Divaldo Franco, retirar de vez os véus que obnubilavam os horizontes espirituais, trazendo-nos os excelentes livros de cunho eminentemente psicológico, (16 títulos) veiculando as boas novas que vêm auxiliar o homem a conhecer-se a si mesmo e, consequentemente, a viver melhor e progredir sempre, sem cessar, pois tal é a lei”.
(1) José Bleger – “Psicologia da conduta” – cap. 13, item 3 - Editora Artes Médicas Sul Ltda.
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