Eterna sucessão dos mundos - Rogério Coelho

As leis divinas atuam o tempo todo para garantir a harmonia da Criação

"(...) porquanto és pó, e em pó te tornarás!  - Gênesis, 3:19

Aprendemos com Allan Kardec[1] que uma só é a divisa do brasão do Universo: unidade-variedade.

Remontando à escala dos mundos, encontra-se a unidade de harmonia e de criação, ao mesmo tempo em que uma variedade infinita no mesmo jardim de estrelas.

Uma única lei, primordial e geral, foi outorgada por Deus ao Universo, para lhe assegurar eternamente a estabilidade. Esta lei nos é perceptível aos sentidos por muitas ações particulares que podemos nomear forças diretrizes da Natureza.  São essas forças que atuam o tempo todo no superlativo concerto universal para garantir a harmonia da Criação Divina.

Sob o império dessas forças, os mundos são criados, passam por todas as fases de crescimento, atingem a madureza e, da mesma forma que seus elementos foram agregados, diluem-se no espaço infinito sob o cadinho dos milênios sem prejuízo da perenidade do que é imperecível: o Espírito imortal. Assim, a matéria sofre as transformações necessárias, que levam do gérmen ao fruto maduro, e que, sob a impulsão das forças diretrizes da Natureza, ela percorre a escala das revoluções periódicas.

Num dado momento - sempre sob o pálio das forças diretrizes da Natureza - a matéria cósmica se condensa sob a forma de imensa Nebulosa, tomando o aspecto esferoide; e em seguida, a massa ígnea vai solidificando-se, e eis que, surge nos proscênios do Infinito a nova corda da harpa divina, ocupando seu lugar e vibrando no concerto Universal dos Mundos. Tal fato ocorre sem cessar. Mundos e mundos são criados; assim como os Espíritos que os vão povoar. Por isso nosso Pai Celestial é chamado de Criador.

A Gênese de um Planeta

 Acompanhemos o desenrolar da vida de um planeta e saberemos o que sucede a todos os demais[2]: sob o comando das Potestades - que por sua vez obedecem à vontade do Criador - o fluido cósmico disseminado no   espaço   começa   a   condensar-se   em   formidáveis   quão indescritíveis   espetáculos de grandeza e força. Ao caos primitivo, (sempre sob o influxo da Divina Volição), vai-se sucedendo a ordem, a organização, as condições ambientais: surge a vida, enfim...

 Temos aqui um mundo que, desde o primitivo berço, percorreu toda a extensão dos anos que a sua organização especial lhe permitia percorrer. Extinguiu-se-lhe o foco interior da existência, seus elementos perderam a   virtude inicial; os fenômenos da Natureza, que reclamavam, para se produzirem, a presença e a ação das forças outorgadas a esse mundo, já não dispõe do ponto de apoio que lhe era indispensável.

Ora, dar-se-á que essa Terra extinta e sem vida vai continuar a gravitar nos Espaços Celestes, sem uma finalidade, e passar como cinza inútil pelo turbilhão dos céus?! Dar-se-á permaneça inscrita no livro da vida universal, quando já se tornou letra morta e vazia de sentido? Não! As mesmas leis que a elevaram acima do caos tenebroso e que a galardoaram com os esplendores da vida, as mesmas forças que a governaram durante os séculos da sua adolescência, que lhe firmaram os primeiros passos na existência e que a conduziram à idade madura e à velhice, vão também presidir à desagregação de seus elementos constitutivos, a fim de restituí-los ao laboratório onde a potência criadora haure incessantemente as condições da estabilidade geral.

 Esses elementos vão retornar à massa comum do éter, para se assimilarem a outros corpos, ou para regenerarem outros Sóis.  E a morte não será um acontecimento  inútil,  nem para  a Terra que consideramos, nem para suas  irmãs... Noutras regiões, ela renovará outras criações de natureza diferente e, lá onde  os sistemas de mundos se desvaneceram, em  breve  renascerá outro  jardim de flores mais brilhantes e mais perfumadas"; e ao vaticínio exarado em Gênesis (3:19): "(...) porquanto és pó, e em pó  te tornarás", podemos acrescentar: e do pó retornarás infinitas vezes, ou seja: quantas vezes sejam necessárias para que o Espírito alcance a sua alforria definitiva.

 


[1] - KARDEC, Allan. A Gênese. 43.ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2003, cap. VI, item 1 e seguinte.

[2] - Idem, ibidem, cap. VI, item 50.



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