Estudai as próprias imperfeições - Ricardo Baesso
Kleber Halfeld, tarefeiro espírita de longos anos, da cidade de Juiz de Fora (MG), mantinha um Posto de Socorro Mediúnico na Casa espírita, dedicado ao atendimento emergencial a pessoas com problemas espirituais diversos. Uma tarefa de grande valor, onde dezenas de pessoas eram atendidas, orientadas e tomavam o passe.
Certo dia, perguntei a ele:
– De todas as pessoas que você atende, semanalmente, quantas se curam de verdade?
Depois de pensar por alguns momentos, Kleber voltou-se e disse:
– Muito poucas; no máximo cinco por cento.
Levei um susto e indaguei:
– Mas só isso, Kleber, um grupo tão homogêneo e tão preparado como o seu? Apenas cinco por cento?
Ele voltou, concluindo:
– Quase todos melhoram muito. Mas voltam a piorar, porque não fazem o que deviam.
A resposta do Kleber evoca o pensamento, aceito até mesmo pela ciência oficial, de que somos, em grande parte, responsáveis por nossas aflições e também pela solução de muitos problemas. É claro que muita coisa não depende de nós, e é aí que os livros de autoajuda se equivocam. Mas, aqueles que procuram fazer a sua parte levam óbvia vantagem sobre os outros.
Segundo o Espírito Emmanuel, o pensamento sombrio adoece o corpo são e agrava os males do corpo enfermo.
Conta-se que um garotinho procurava algo debaixo de um poste, altas horas da noite. Um cidadão se aproximou, perguntando:
– Perdeu alguma coisa, meu filho?
– Sim, moço, a chave de casa.
– Mas você perdeu a sua chave aqui, debaixo do poste?
E ele:
– Não, perdi no escuro, mas como aqui está claro, procuro aqui.
Sobre nossa paz, nossa saúde e nosso estado de espírito, é sempre oportuno examinar se estamos fazendo a nossa parte, o dever de casa.
Esse dever consiste em deixarmos de procurar a solução dos nossos problemas no claro, ou seja, fora de nós, nas outras pessoas, e começarmos a procurar no escuro, dentro de nós mesmos.
Com razão, advertiu Allan Kardec: Estudai as vossas próprias imperfeições, a fim de vos desembaraçardes delas.
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