Espíritas...Negacionistas? - José Lucas

Com o advento da pandemia da COVID19 é caso para se dizer “cada cabeça sua sentença”. Pode ser assim, afinal cada um pensa como quer, mas, não vale tudo, ao abrigo da liberdade de “expressão”, mesmo quando essa suposta “liberdade” prejudica a Sociedade e, conduz à morte de outros que acreditam na “não ciência”.

Ser espírita, é ser conhecedor da Doutrina dos Espíritos, codificada por Allan Kardec em 1857, que demonstrou experimentalmente a imortalidade do Espírito, a comunicabilidade dos Espíritos, a reencarnação.

A partir daí, o Espiritismo é uma ciência filosófica de consequências morais (enquadrava-se no ramo das ciências filosóficas, à época, sendo uma ciência de observação).

As consequências morais do estudo e prática do espiritismo levam o espírita a ter, não só um conhecimento holístico da vida, como também uma atitude consentânea com a solidariedade, fraternidade, igualdade de todos, perante Deus. Se não a tem, não é um verdadeiro espírita, pois o espírita radica-se no exemplo, no quotidiano, daquilo que defende.

Não pode o espírita ser fraterno num dia e egoísta no outro; não pode o espírita ser solidário num tema e egoísta noutro; não pode o espírita conhecer a evolução do Espírito e negar no dia seguinte os avanços da ciência.

Quero dizer, poder, pode, mas isso retira-lhe toda a credibilidade.

Podemos dizer que é um mau espírita, vai-se ajeitando e o espiritismo serve para algumas coisas aconchegantes, mas não serve para outras.

Os espíritas negacionistas exigem o direito ao respeito pelas suas opiniões contra as vacinas, mas, esquecem que essa atitude egoísta mina o esforço social / mundial de imunização. Troca o “todos por um, um por todos” pelo “eu é que sei, deixa-me ver se eles morrem ou não e, logo se vê”.

Este tipo de atitude, egoísta a título pessoal e egoísta a título social / mundial, é própria de quem não conhece a Lei de Sociedade (in “O Livro dos Espíritos”, Allan Kardec), de quem não conhece a essência amorosa do Espiritismo, cuja moral se suporta na mensagem de Jesus de Nazaré: “amai-vos uns aos outros; não façais ao próximo o que não quereis para vós”.

Não existe o “meu” espiritismo. Espiritismo só há um, o de Kardec e mais nenhum.

Estamos num planeta muito pouco evoluído, onde Espíritos egoístas que somos, o Mal ainda se sobrepõe ao Bem.

Seria perda de tempo enumerar conceitos a favor e contra as vacinas / negacionistas.

Foi perda de tempo obrigar Galileu Galilei a negar o óbvio: que a Terra se movia em torno do Sol.

Os factos são factos, independentemente de gostarmos ou não.

As vacinas, apesar de serem ainda um negócio chorudo e terem contraindicações (deviam ser de patente livre para a Humanidade) salvaram, salvam e salvarão milhões de vidas.

Ignorar isto é entrar na onda do fanatismo e da auto-obsessão.

Se, ser espírita é uma questão de opção, a sua assumpção leva-nos a ver a vida com um sentido ético e moral universal, mesmo que tenhamos de abdicar da nossa camisola partidária, clubística ou opiniática.

Este é um tema que ninguém quer abordar, fingindo que está tudo bem.

Para sermos intelectualmente honestos sejamos espíritas na íntegra, seguindo a postura de Allan Kardec: um homem íntegro, que se libertava das paixões e das opiniões próprias, mediante os factos novos que lhe apareciam pela frente.

Factos… são factos, quer fechemos os olhos ou não, quer gostemos ou não!

As leis da Natureza são imutáveis quer queiramos ou não, quer nos dê jeito ou não!

Agora… ser espírita – negacionista é algo que não existe.

Ou se é espírita ou se é negacionista.

A escolha é sua!



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