Divaldo Franco: É necessário que o homem se abra para o amor, construindo um mundo de regeneração
A etapa final da XXII Conferência Estadual Espírita, promovida pela Federação Espírita do Paraná, foi, como as anteriores, realizada nas dependências da Expotrade, em Pinhais, Região Metropolitana de Curitiba, nos dias 13, 14 e 15 de março último.
Na abertura, na noite de 13 de março, o Coral Ildefonso Correia encantou o público, harmonizando os pensamentos e sentimentos e preparando o ambiente para recepcionar os expositores e convidados.
Jorge Godinho Barreto Nery, presidente da Federação Espírita Brasileira, externou seu sentimento de gratidão à FEP e ao Movimento Espírita paranaense por proporcionar momentos de reflexão sobre Deus, Jesus e o homem, ampliando conhecimentos, lançando luzes mais potentes sobre a imortalidade da alma, a mensagem crística sobre a vida eterna e sobre o magnífico exemplo legado pelo Cristo, ao tempo em que exortou os presentes a orarem em favor da serenidade, da fé e da esperança.
Luiz Henrique da Silva, presidente da FEP, destacou a importância que as reflexões desta Conferência irão proporcionar, principalmente sobre o que está ocorrendo no Brasil e no mundo, pois que o tema da Conferência é: O Homem, a Consciência e Deus. Destacou a necessidade de a criatura humana realizar ações nobres e acalentar pensamentos edificantes, à luz de Jesus e seus ensinamentos.
Conferência de abertura
Divaldo Franco, discorrendo sobre A Conquista da Paz, asseverou que no apagar das luzes do século XX o homem conseguira aprofundar-se no infinitamente pequeno e nas conquistas do macrocosmo, onde as sondas alcançam o inimaginável para a grande massa humana na Terra. É a ciência oferecendo oportunidades para que a vida flua de maneira menos surpreendente, com deveres e direitos, alongando o olhar através dos telescópios ultra potentes propiciando o homem conhecer sextilhões de astros.
Viajando para fora, esqueceu-se de que é um ser moral, dotado de sentimentos. Com toda a tecnologia posta a serviço do homem, este ainda não se sente feliz, plenificado, está triste. A humanidade imaginava que no alvorecer do terceiro milênio conquistaria a paz, a felicidade e o bem-estar, contudo, assim não se verificou até o presente momento.
Líderes mundiais e idealistas, estabelecendo uma aliança pela paz através da UNESCO, lançaram um memorando com seis itens fomentadores da paz. 1. É necessário amar a vida; 2. É necessário preservar a paz; 3. É necessário desenvolver a tolerância; 4. É necessário estabelecer o diálogo e a compreensão entre todos; 5. É necessário preservar a natureza, desenvolvendo um sentimento ecológico; e 6. É necessário retornar à solidariedade. Com estas medidas, os líderes saudaram a imensa possibilidade da paz. Com o memorando em favor da paz foi ampliada a divulgação desse ideal.
Jesus já falara de paz, que é alcançada através da prática do amor a si mesmo, ao próximo e a Deus. Mas, como o homem pouco conhece o Cristo, uma fatalidade se abateu sobre a humanidade em 11 de setembro de 2001, estabelecendo um marco na escalada do terrorismo internacional, mudando as medidas de relacionamento entre as pessoas, criando desconfiança entre todos. O medo se instalou no seio da sociedade humana e o terror e a perversidade criaram um desequilíbrio emocional.
O Semeador de Estrelas, enriquecendo o conteúdo apresentado, narrou singular lenda contida no livro Estante da Vida, de Humberto de Campos, sob o título: A Lenda da Guerra. Seu fundamento está contido no desperdício que o homem pratica em suas várias reencarnações, postergando aprendizados importantes e inadiáveis com relação ao seu adiantamento moral. E na prestação de contas com o Senhor, que identificando a insensibilidade humana, e mostrando-se entristecido ordenou em seguida que alguns anjos descessem aos infernos e libertassem perigoso monstro sem olhos e sem ouvidos, mas com milhões de garras e bocas. Foi então que, desde esse dia, o monstro cego e surdo da guerra acompanha os pastores do bem, a fim de exterminar, em tormentas de suor e lágrimas, tudo o que, na Terra, constitua obra de vaidade e orgulho, egoísmo e tirania dos homens, contrários aos sublimes desígnios de Deus.
Nestes atuais dias, asseverou o ínclito orador, um Anjo Bondoso, enviado por Deus, e por extrema compaixão, trouxe um ser pequenino, invisível a olho nu, que soprado sobre a Terra, e que fosse temido, por ser difícil combatê-lo, deve ensejar ao homem profunda reflexão para que repense e avance na direção da moralidade, dado o transbordar das paixões humanas. Esse coronavírus, o Covid-19, é a oportunidade oferecida por Deus para que as guerras percam a intensidade, e até mesmo seja impedida a eclosão de uma guerra de caráter nuclear, e faça com que o homem passe a respeitar as divinas leis, utilizando o Evangelho de Jesus.
A Doutrina Espírita convida ao trabalho, à tolerância e à solidariedade. Jesus é o modelo de virtudes jamais observado na face da Terra. A imortalidade da alma é uma realidade, e o amor disseminado pelo Mestre é a grande lição ainda não aprendida. O Espiritismo ainda não se instalou por completo no coração dos espíritas, nem no do homem em geral. A mensagem ética e moral está sendo deturpada na atualidade, aturdindo o ser humano aprisionado por sensações mil, criando um campo vibracional de polaridade negativa. O amor de Deus fala aos corações humanos através da exuberante natureza, estimulando-os ao incessante trabalho da renovação de caráter. Todos os espíritas deveriam vivenciar a Doutrina Espírita tendo certeza da imortalidade.
Para falar sobre a imortalidade, Divaldo narrou que há cerca de dois meses um Espírito se apresentou para contar a sua história, afiançando a imortalidade. Era um Espírito que se apresentava e falava no idioma alemão. Tratava-se do autor e protagonista desse episódio conhecido como A Menina da Maçã, de Herman Rosenblat. Essa história está no filme O Homem do Pijama Listrado. Recomendou, o protagonista da história, que os homens passem a se amarem.
Jesus é a excelência do amor. É necessário amar sempre, sem condições. Deus manda o coronavírus para que a humanidade desperte e o amor possa permear a sociedade humana. O monstro cego, surdo e insensível deve dar lugar a Jesus, o condutor dos homens. É necessário que o homem se abra para o amor, construindo um mundo de regeneração. O amor é a caridade que liberta. Somente o amor é capaz de felicitar o homem. A Lei de Amor é o sentido da vida, e todo o homem sensato não deve dar vazão e razão às queixas, às intrigas, ao mal. O Amor é paz interior, é sabedoria.
Atividades no sábado
A continuidade da XXII Conferência se deu no dia 14 de março com sete seminários proferidos pelos seguintes expositores:
1. Sandra Borba Pereira, do Rio Grande do Norte, desenvolveu o tema: Compromissos com Jesus. Destacou que estar compromissado com Jesus é tarefa inadiável, classificando os seus seguidores em duas categorias, os que o seguem de longe e os de perto. Os de longe buscam as honrarias e os prazeres de O seguir; são possuidores de recursos, que os emprega para si, ainda se melindram; abraçam a causa crística sem dar o devido testemunho. Já os de perto são todos os que realizam sacrifícios incessantes na transformação moral mediante o emprego do trabalho árduo para se melhorar; fazem esforços para a realização do bem; aceitam o martírio, dando o seu exemplo de testemunho. Posta a Sua mensagem, Jesus não faz aliciamento, não oferece promessa enganosa e não impõe, pelo contrário, aguarda o despertar de cada um. O compromisso com Jesus se traduz em amorosidade, em caridade, com o exercício da autodisciplina, pensando e sentindo nos padrões do Cristo, sem ilusões, superando as próprias imperfeições, compreendendo que a vida é dinâmica e evolutiva, principalmente no campo moral.
2. Haroldo Dutra Dias, de Minas Gerais, apresentou o tema: O santuário da consciência. Deus em sua infinita bondade e justiça criou o homem com a capacidade de cocriar. Inicialmente se apresentou simples e ignorante, mas com vontade de evoluir, escondendo em seu coração o poder, que somente será acessado no momento propício, quando desperto para a vida. Como ainda não realizou o seu aperfeiçoamento moral, o homem exerce o poder de maneira equivocada, isto é, exerce-o sobre o outro e dificilmente sobre si mesmo. Deus vê o homem através de sua misericórdia, pondo no fundo do coração humano a consciência, que só bons conselho fornece. Embora escorraçada, o homem desvia o seu curso, ficando, portanto, a consciência a chamar a atenção visando a retomada do caminho reto. No âmago de todas as criaturas humanas há o gene divino, ali está ocultado o tesouro que será acessado a partir do momento da maturidade espiritual, com conhecimento de seus deveres espirituais, tomando posse desse tesouro. A consciência é o santuário da luz divina, orientando as noções de responsabilidade, do exercício dos deveres perante a vida. Jesus ensinou a acessar o local sagrado através do cumprimento da lei e dos profetas, que estão no altar da própria consciência, comungando com Deus.
3. André Trigueiro, do Rio de Janeiro, apresentou reflexões sobre a Lei de conservação e a Lei de destruição. Evidenciou que o homem, em estando encarnado na Terra, guarda com esta uma identidade, seja no corpo fisco, seja no perispírito, pois que o planeta está em cada ser, dado que os minerais da Terra estão no corpo dos homens, salientando que o que está fora, está dentro do corpo humano. Se o homem é parte do planeta, o que e está fazendo com a Terra, e consigo mesmo? O homem, através de suas ações tem gerado poluição ambiental e espiritual com graves consequências físicas e espirituais. Discorrendo sobre várias questões contidas nos capítulos V e VI de O Livro dos Espíritos, André Trigueiro ressaltou que a Terra nem sempre é capaz o bastante para fornecer o necessário, chamando a atenção ao consumismo. A Natureza é sinônimo da manifestação de Deus. Assim, o coletivo deve sobrepor-se aos interesses individuais, onde sem o exercício da caridade o homem não se salvará. Cumpre, portanto, ao homem a tarefa de se reformar, amando a si mesmo, ao próximo e a natureza, já que está é, também, a manifestação de Deus.
4. Alberto Almeida, do Pará, apresentou tema: A (a)ventura da (in)consciência. Há uma conjunção de forças orientando a humanidade para a era nova, sob a justa e amorosa condução de Jesus. Os atuais são dias difíceis, porém, superáveis, afiançou o orador paraense. A nova era, programada e implantada em processo progressivo, vai-se apresentando, inicialmente reticente, afirmando-se na consciência de cada ser humano, dado que é o resultado de um processo de múltiplas existências, agora dotada de capacidade de fazer escolhas. O homem é herdeiro de si mesmo. O inconsciente emerge para o consciente, expressando-se segundo suas experiências transatas. O Espiritismo ensina que o homem não é somente um ser humano, mas, para além do corpo, é um Espírito, resultado de sua multimilenar construção psicológica, tornando-se mais consciente e menos inconsciente, assenhorando-se de si mesmo, para que possa expressar-se na dimensão divina, conectando-se com o divino.
5. Sandra Borba Pereira, retornando ao palco, apresentou suas reflexões sobre o tema Conhecimento, consciência e responsabilidade. O conhecido texto de João “Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” Cap. 8:32, foi a base para a sua atividade, destacando desta sentença três ideias: conhecimento, verdade e liberdade. É a curiosidade que estimula a busca do conhecimento, porque o homem é um ser de conhecimento, aprendendo em ambos os planos da vida. As funções superiores do pensamento e a capacidade perceptiva, ampliam a base onde se assenta o ser humano. É através do conhecimento que a verdade irá descortinando-se ao ser imortal. A experiência e o conhecimento são adquiridos pelo esforço pessoal, desenvolvendo a consciência. A consciência percorre o caminho da experiência, que se amplia através do estudo e do trabalho. A consciência é uma força moral, embora ainda insipiente. A aquisição da consciência exige esforço e treinamento mediante a aquisições morais e espirituais, aprendendo a administrar conflitos. O despertar da consciência lúcida se dá pelo conhecimento e pela prática da lei Divina, em esforço e emprego da vontade em alcançar a própria evolução espiritual.
6. Jorge Godinho Barreto Nery, presidente da Federação Espírita Brasileira, trabalhou o tema: Consciência e Responsabilidade. A Doutrina Espírita abriu uma nova oportunidade à humanidade, e O Livro dos Espíritos é o conhecimento dos Espíritos ali expresso para que a humanidade entenda o processo evolutivo e a mensagem de Jesus, ampliando o conhecimento para o despertar da consciência, assumindo a responsabilidade por seus atos, ou omissões. O exercício do amor através das Leis Morais é o móvel da felicidade, mediante a utilização do livre-arbítrio. A autoiluminação é aquisição do Espírito através dos esforços empregados ao longo das existências, aprendendo uns com os outros, em convivência com Espíritos de diversos graus evolutivos. Sendo o Espírito a individualização do Princípio Inteligente, criado simples e ignorante, sua missão é chegar à verdade pelo conhecimento, aproximando-se de Deus. O desenvolvimento do livre-arbítrio se dá na medida em que o Espírito tem consciência de si mesmo, responsabilizando-se pelo seu destino, tendo sempre em vista que Jesus é o modelo e o guia para a humanidade. A criatura humana é de origem divina e, portanto, tem oportunidades inúmeras para o desenvolvimento da consciência com responsabilidade. Eis alguns pilares para que os cristãos possam se orientar: que o Evangelho de Jesus seja o roteiro a seguir; que a consciência tranquila seja o consolo; que a ausência do mal seja a estratégia; e que a prece seja a fortaleza.
7. Antes da exposição de Divaldo Franco, Juan Danilo Rodríguez, trabalhador da Mansão do Caminho, apresentou bela página musical, tocando violão e cantando, como prece inicial, interpretando sua adaptação do poema Gostaria de ser, de Amélia Rodrigues, psicografado por Divaldo Franco. Essa canção faz parte do CD musical O amor é o teu nome, do mesmo Juan Danilo que foi amplamente aplaudido ao término de sua apresentação.
Divaldo Franco, abordando o tema proposto - O homem perante a consciência cristã -, citou a seguinte frase de Carl Gustav Jung, dando início a sua conferência: Tenhas o conhecimento teórico de várias ciências, sejas possuidor de um grande conhecimento, quando, no entanto, se estiveres diante de uma alma, lembra-te, estás diante de uma alma.
Essa é uma reflexão profunda e merecedora de alta consideração ante a necessidade de que as criaturas humanas têm de ouvir, de sentir e de compreender o outro. Cada indivíduo vive conforme a sua própria consciência. No passado, toda a pessoa dotada de conhecimento era considerada possuidora de consciência, porém, a experiência demonstrou o contrário.
A consciência é um atributo do Espírito, do ser imortal. Carl Gustav Jung, psiquiatra suíço e fundador da psicologia analítica, em 1950, escreveu freneticamente sob inspiração de um ser, em três dias e três noites, o livro Resposta a Jó, personagem mitológica da Bíblia, onde apresenta uma definição a respeito da consciência, destacando que o verdadeiro momento de consciência é quando o EGO toma conhecimento do SELF, do EU profundo. A busca pelo autoconhecimento levará o homem a construir-se mais equilibrado, responsável, amoroso. A família é o laboratório ideal. Voltar à família, construindo o genuíno lar é tarefa que todos devem realizar.
Apresentando dois pesquisadores, George Ivanovich Gurdjieff, que viveu no período da revolução bolchevique, e o seu discípulo Peter Ouspensky, Divaldo Franco, com seu verbo iluminado, discorreu sobre os quatros níveis de consciência do ser humano, segundo Ouspensky. Ele classificou a sociedade em dois biótipos. Denominou de fisiológico aquelas criaturas que se relacionam através das sensações. Ao outro biótipo chamou de psicológico – uma minoria da sociedade. Em seus estudos, Ouspensky classificou o ser humano em quatro níveis de consciência. Consciência de sono sem sonhos é o primeiro nível. Neste está a grande maioria, com raras exceções. É o estágio primário na escala de evolução. Ouspensky afirmou que pelas reencarnações o indivíduo vai adquirindo conhecimento e despertando a consciência. O segundo nível é o de sono com sonhos, ou consciência desperta. A criatura humana alcança o discernimento, dá-se conta que sua existência tem um significado psicológico. Elucidando estes níveis de consciência, Divaldo expôs o pensamento de Joanna de Ângelis que os desdobra um pouco mais. Para tal, utilizou-se do Mito da Caverna, de Platão. Na questão 621 de O Livro dos Espíritos, lembrou o professor Divaldo Franco, Allan Kardec indagava sobre onde estava escrita a Lei de Deus, obtendo como resposta que a Lei está gravada na consciência do ser humano.
Consciência de si mesmo é o terceiro nível estabelecido por Ouspensky. Neste nível o autor apresenta as funções da máquina – o ser humano. A primeira função é a intelectiva. A segunda é a emocional. Na ordem estão as funções instintiva, motora ou postural, e a sexual. A sexta função é a intelectiva emocional, e a intelectiva superior é a sétima. Estas funções devem ser administradas por essa consciência de si mesmo. Peter Ouspensky denominou o quarto nível como o de consciência objetiva, que Allan Kardec chamou de consciência cósmica. Educação moral, familiar, cultural, emocional e social, impõem-se como fundamentais. Essa deve ser a consciência dos espíritas, sob as dúlcidas vibrações de Jesus, pois que o Espiritismo é a doutrina do amor e do perdão.
Fácil, portanto, de se depreender que a educação do Espírito, por meio do desenvolvimento de hábitos saudáveis e nobres, seria o caminho para se atingir patamares mais elevados de consciência. O amor de Deus pode refazer o Universo, assim, todos os indivíduos deveriam tornar-se seres de consciência emocional superior.
Encerramento
A atmosfera leve e radiante assinalou o domingo, 15 de março, quando, cumprindo a última etapa da XXII Conferência Estadual Espírita, se revezaram na tribuna três expositores, acolhendo imenso público.
1. André Trigueiro desenvolveu o tema: A força do Um, destacando que o futuro é construído a partir dos atos atuais, influenciando os acontecimentos do porvir. Não sabeis que um pouco de fermento leveda a massa toda? (I Coríntios, 5:6.) Fazendo uso desta sentença do Apóstolo Paulo, Trigueiro asseverou que tudo emana de cada um, formando moldes mentais, pois que todos os pensamentos atuam nas mentes que estão à volta. Os pensamentos e vibrações influem na qualidade da psicosfera, isto é, na qualidade do ambiente. O bem e o mal são vibrações contrárias, há que se optar pelo bem, se nos amamos e amamos o próximo. Lembre-se que todas as suas palavras ditas ou escritas gerarão influências em quem ouve, em quem lê. Assim, uma pergunta se impõe: - Elas possuem qualidades positivas ou negativas? As palavras possuem força. Todos os atos são modelos vivos influenciando os que se encontram a volta. A força do um significa que todos interferem, mais ou menos, construindo ou destruindo. A vida é sistêmica, e as adversidades contribuem, de forma fundamental, para a evolução. A força do um é ser contribuinte para a diversidade.
2. Alberto Almeida discorreu sobre o tema: Enamorar-se de Deus. Em toda a parte, em tudo e todos, Deus. Jesus apresentou um Deus paternal, único, sem Lhe tirar a divindade, aproximando-o aos homens, bem como as relações com a Natureza. Deus é amor, assim se expressou João, em belíssima síntese. As percepções sobre o Cristo sofreram alterações ao longo do tempo, a Doutrina Espírita veio repor o conhecimento apresentando Jesus como era. Também permite o Espiritismo que possamos entender as relações com o Deus que nos criou, e não com o deus que os homens criaram. As relações diárias com Deus se dão através dos outros, assim, as relações com o próximo deverão possuir mais fraternidade. O espírita deve entender que o templo espírita é o Universo, não a casa espírita, tão somente. O espírita deve se ver como Espírito, não como um corpo perecível. As relações com Deus não devem ter hora, locais, circunstâncias e posturas. Há um sincronismo divino, tudo está certo, pois Deus cria sempre e os homens também criam. Estamos em Deus, existimos e nos movimentamos Nele. Deus, somente Deus.
3. Divaldo Franco desenvolvendo a sua temática – Jesus! -, encerrando a XXII CEE, narrou que na história dos hebreus haviam-se passado cerca de quinhentos anos sem o som das vozes proféticas. Roma havia distendido suas fronteiras e as legiões asseguravam para a Capital a luz do sol a brilhar permanentemente, dado a extensão territorial. Passando ligeiramente pela fundação de Roma e a sua importância, destacou os seus dois triunviratos, com maiores detalhes em torno do período em que Caio Júlio Cesar militar romano conduziu a transformação da República Romana para o Império Romano, um gigante da sociedade patrícia, mas que mesmo assim foi traído por parte do Senado e morto a punhaladas. Júlio Cesar foi, então, sucedido pelo segundo triunvirato formado por Marco Antônio, Marco Emílio Lépido e Caio Júlio Cesar Otaviano Augusto, que encerrou o triunvirato - após as mortes dos outros dois integrantes - restabelecendo a República Romana e governando com reconhecidos valores morais buscando, através de novas diretrizes, reparar os equívocos e excessos perpetrados por Júlio Cesar.
Roma estava em paz pela segunda vez em um período de aproximadamente 640 anos. Pairavam messes de alegria e bem-estar. Neste período de Otaviano não renasceram homens belicosos em Roma, porém, filósofos, artistas e intelectuais reencarnaram, empregando esforços na construção de um período de crescimento intelectual e moral para os romanos.
Otaviano, demonstrando o seu acentuado amor pela moralidade, não tergiversou nem com a esposa, que havia se envolvido na prática de envenenamento de desafetos, nem mesmo com a filha, que com atitudes impróprias, desonrava a corte, expulsando-as sem apelação.
Foi um período de muita paz e progresso para os romanos. Sabiamente Otaviano Augusto compreendera que um povo só é feliz quando está em paz. É necessário que haja paz, que a paz somente é possível quando existe moralidade, e essa deve começar pelos seus governantes para servir de modelo aos governados.
O que estava acontecendo? Os Espíritos dizem que o mundo estava em preparação para receber o Messias, que efetivamente veio, nascendo em uma gruta de calcário, no seio do povo hebreu. Antes da chegada do Messias, a civilização conhecida, por cerca de 300 anos, experimentou o martirológio imposto por diversos bárbaros conquistadores, tal qual Aníbal, o Cartaginês; Ciro, o Rei dos Persas; Alarico I e II; Átila, o Huno; e Gengiskan, entre outros. Todos conquistadores cruéis.
Tudo preparado, foi durante o governo de Otaviano Augusto que nasceu em humilde aldeia de Belém Aquele que seria o Modelo e Guia de toda a humanidade: Jesus, que vivendo em Nazaré venceu a humanidade, apresentando o Amor. Somente Ele veio como se fosse uma sinfonia melodiosa a penetrar em todos os escaninhos da Terra.
Ernest Renan, (1823-1892), filósofo, escritor e historiador francês do século XIX, foi nomeado em 1862 professor de hebraico no Collège de France, mas, após sua primeira aula, onde chamara Jesus de “homem incomparável”, seu curso foi suspenso pelo governo de Napoleão III, curso depois suprimido até 1870. Em 1864-1865, em uma segunda viagem ao oriente o ajudou a preparar a sequência, que ele meditava, da ‘Vida de Jesus’, uma das obras mais célebres do século XIX, rapidamente traduzida em quase todas as línguas. Renan era o primeiro em França a vulgarizar a exegese alemã de David Friedrich Strauss, segundo a qual a vida de Jesus nada tinha de intervenção sobrenatural.
Ernest Renan, instigado por sua irmã Henriette, pesquisou sobre Jesus nos originais, ficando fascinado por esse Homem extraordinário. Desta forma Ernest Renan, embora ateísta, decidiu escrever sobre a vida Jesus, em três tomos. Foi naquela aula inaugural no Collège de France, em 22 Fev. 1862, que Ernest Renan afirmou que Jesus é um Homem incomparável, e que dividiu a História em antes e depois Dele. Jesus foi um vulto tão grande que não coube na História da Humanidade, sendo a personagem histórica mais biografada de todos os tempos.
Jesus venceu o mundo com olhos de ternura e compaixão, amando também as crianças, tão desprezadas a seu tempo. Ele foi a primeira personagem que não afastou de seu coração pater-maternal as crianças. Tornou-se o Embaixador da paz em nome de Deus. Ninguém revelou tanta sabedoria como Ele. Até hoje sua mensagem é acalentada nos corações humanos. Doze séculos depois, Francisco de Assis rogava para se tornar um hábil instrumento da paz.
Divaldo Franco destacou que na velha Palestina, na baixa Galileia, junto ao lago Genesaré, Jesus contemplava o outro lado, formado por uma cadeia de montanhas, em cujo topo se encontrava a cidade de Gadara. Ali, naquela região, se localizava a Decápolis, detestada pelos judeus, haja vista que seus habitantes criavam porcos. Foi nesse cenário, no mês de Nissan (março/abril) com temperatura amena e o ar perfumado pelas rosas, que o Mestre Galileu, tomando o barco de Pedro, atravessou o lago, desembarcando em singela praia, no contraforte da montanha escarpada. Aqueles eram tempos difíceis.
O Mestre intentava visitar a comunidade malsinada e odiada pelos judeus. Subindo a escarpa, no primeiro platô havia um pequeno cemitério abandonado. De uma sepultura saltou alguém desgrenhado, gritando, - o que tens contra nós? E Jesus indaga: - e tu, quem és? Ao que recebe como resposta: - Legião, nós somos muitos, não nos mande para o Hades, deixe-nos, ao menos, ficar junto aos porcos. Não nos mande para as Geenas!
Jesus, então, ordena: - Legião! Sai dele! E o possesso, aturdido levanta-se, perguntando: - Senhor! Que queres que eu faça? Deixando livre o subjugado, aqueles Espíritos perversos, vibracionalmente, causaram pânico aos porcos, que aturdidos, se atiraram do alto daquele precipício. Aquele homem, possesso, estava há vinte anos sob o domínio ultrajante, vivendo no cemitério. Foi curado, e sorrindo, dizia a todos que havia sido Ele, Jesus, que o havia curado.
Ao mesmo tempo os gadarenos, que cuidavam os porcos, O amaldiçoaram por terem perdido seus animais, dizendo que não O queriam em Gadara, pois que Ele era judeu, recomendando que não voltasse mais, suplicando que os deixassem em paz. Alguém mais exaltado lançou uma pedra que raspou uma face do rosto de Pedro. Ide de volta, vociferaram, que Te vá, deixa-nos em paz, já perdemos os nossos porcos. Os gadarenos perguntavam-se entre si, quem era Aquele homem. Não sabiam responder, não haviam indagado sobre o visitante, nem mesmo procuraram saber o que viera ali fazer.
Ele, acompanhado pelo recém-liberto e os demais, embarcaram de volta. Os gadarenos haviam trocado Jesus pelos porcos. É um exemplo de obsessão coletiva e a legião, também, se apossou dos demais criadores de porcos, desperdiçando a oportunidade de ascensão vertical, preferindo a horizontal, a que contempla os bens materiais. Até os dias atuais, muitos optam pelas paixões asselvajadas, trocando-O sem conhecê-Lo.
Jesus, o Incomparável Mestre, amando incondicionalmente, estabeleceu nova ordem para a humanidade, o amor, que deve ser a si mesmo, ao outro e a Deus. Ele é um Rei singular. Não possui trono, seu território é invisível. Ele assenta-se no trono construindo em cada coração que o recebe, estabelecendo, assim, o Reino de Deus em cada criatura humana. Jesus é compaixão, é piedade para com todos.
Asseverou o nobre orador que o importante é não ser inimigo de ninguém. Joanna de Ângelis destaca que a ação dos belicosos é a saudade que eles sentem de Jesus, e não sabendo expressar essa saudade, agridem, ofendem, matam, na ânsia de acalmar a falta de Jesus em seus corações. Anseiam por Jesus.
Ao final, o Espírito Dr. Bezerra de Menezes, pela mediunidade de Divaldo Franco, amorosamente se expressou dizendo da necessidade que todos temos de Jesus, onde o amor vige em tudo e todos, estimulando o homem ao progresso espiritual. A humanidade, enfrentando desafios, entre eles as pandemias, deve munir-se da fé, da esperança, evitando as paixões que dividem. O grande antídoto para todos os males é o amor incondicional, ressaltando que os exemplos ofertados sejam positivos, de confiança e de esperança.
Nota do Autor:
As fotos desta reportagem são de autoria de Jorge Moehlecke.
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