Desarme o espírito - Cláudio Bueno

Desarmar o espírito é excelente medida para evitar confrontos. É uma forma de se antecipar a conflitos comuns nas relações humanas, quase sempre originados do orgulho e   do   egoísmo, não deixando   que   eles   cresçam   ou   sequer   apareçam.   O indivíduo "desarmado" exercita a tolerância, a compreensão, o que facilita o convívio com o próximo.

Desarmar-se significa estar pronto a ouvir o outro e saber “ler” uma situação incômoda sem reagir com imprudência. O indivíduo desarmado confia em si, nas suas experiências de vida, compreende e aceita que o outro seja como é. Mas se for preciso confrontá-lo, não utiliza argumentos de ataque.

O indivíduo desarmado controla a mente, as emoções, e seus gestos e palavras nunca são agressivos, embora possam conter energia. Ele dispensa o desaforo, não espalha o terror nem faz ameaças, recursos estes que machucam as pessoas. Não precisa gritar nem usar a força dos músculos. Suas armas são outras, as do homem educado que respeita e faz-se respeitar, que trabalha pela fraternidade e sabe que viver é aprender a dominar-se. O domínio sobre si mesmo leva à superação dos vícios morais; o domínio sobre o outro gera o descontentamento, a infelicidade.

O quadro moral aflitivo da sociedade atual está pedindo que as pessoas se desarmem nas suas relações sociais e familiares, se predispondo a atitudes pacíficas, com lealdade e sem hipocrisia.

Somos todos interdependentes e, na essência, buscamos praticamente os mesmos objetivos. Por isso o respeito ao outro e o comportamento pacífico se impõem como lei para a boa convivência. A agressão ao semelhante, sob quaisquer formas, desestabiliza o agressor e o afasta do direito que julga possuir com exclusividade.

Desarmar o espírito, despreocupar a mente, isolar-se das paixões desgastantes, é o que se espera do homem de hoje na construção do mundo renovado, onde seus habitantes se amarão, serão livres e felizes de verdade.



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