Consolo
“... Vinde a mim, todos os que andais em sofrimento e vos achais sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e achareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve...” – Jesus (Mateus, cap. 11, versículos 28 a 30.)
Todos os que vivem nesse mundo sofrem, desde aqueles que estão nas choupanas, àqueles que estão nos palácios. O sofrimento ainda é o caso na Terra. Até mesmo os que amam sofrem. Basta que nos recordemos de Jesus, o senhor da Terra, mestre dos mestres. Puro amor. Sofreu tanto nas mãos dos homens, que passados mais de dois milênios de sua vinda ainda nos perguntamos se teríamos a coragem que ele teve, de passar por todos os martírios que enfrentou e manter a força, a coragem e a serenidade. Ele sabia o que enfrentaria. Muitas vezes avisou seus discípulos sobre o seu calvário que se aproximava. Sabia tudo o que lhe sucederia. Bem se observa a sua grandeza e a nossa pequenez, embora tenha transcorrido mais de dois mil anos após esse fato.
Hoje, no atual estado evolutivo em que estamos, se soubéssemos com antecipação que algo semelhante nos aconteceria, com certeza nosso instinto de sobrevivência falaria bem alto. Desapareceríamos. Ninguém nos encontraria. O Mestre, no entanto, sabendo de tudo, apenas rogou ao Pai que se possível lhe retirasse aquele cálice, a dor. Mas sorveu daquele cálice até o fim, mudando a história para antes de Cristo e depois de Cristo.
A história da humanidade, como diz Léon Denis em seu livro magistral O Problema do Ser, do Destino e da Dor, é de um longo martirológio. Através dos tempos, comenta ele, por cima dos séculos rola a triste melopeia dos sofrimentos humanos; o lamento dos desgraçados sobe com a intensidade dilacerante, que tem a regularidade de uma vaga.
Hoje, tanto tempo depois de Jesus nos trazer o seu evangelho de amor, o ser humano ainda sofre as desditas de suas escolhas desta vida ou das vidas precedentes.
Há algum tempo, uma história nos comove. Um jovem que em toda a sua vida experienciou nesta encarnação o amor, começou a ser atacado por espíritos, que finalmente o localizaram, após muitos séculos de seus erros. Ele melhorou, disse-nos ele, mas os espíritos daquela época não entenderam isso e o atacam. E ele tem que aguentar. Os ataques se acirraram de tal modo que ele pediu ajuda, pois não estava mais aguentando. O fato se confirmou nas reuniões mediúnicas. Os espíritos se comunicaram, contando as dores por que passaram em suas mãos. Um dos mentores que atenderam ao caso comentou que são débitos muito antigos e que graças a Deus ele estava tendo a oportunidade de resgatar aqueles débitos. Tudo passaria. Tudo passa.
O sofrimento é grande, mas bendita a consolação que o Espiritismo, com o conhecimento, nos faculta!
Bendita a dor que redime, disse um dia Jésus Gonçalves, após sua desencarnação, ele que foi Alarico, o guerreiro que destruiu a antiga Roma, poupando as igrejas, a pedido de Santo Agostinho, que, agradecido, o protegeu em futuras encarnações, até que ele se libertou no Brasil, na última encarnação de que tivemos notícias dele, como Jésus Gonçalves, que passou pela provação da hanseníase em tempos difíceis desta vez no Brasil.
A hora presente é de extrema dificuldade. Os sofrimentos se acirraram a ponto de muitos conhecedores do evangelho comentarem que estamos no momento da separação do joio e do trigo, anteriormente anunciada por Jesus.
Guerras tristes na Europa e no Oriente Médio acarretaram um enorme contingente de refugiados, que aguardam, muitos em campos preparados, o momento em que serão aceitos no país de sua escolha, para que tenham nova oportunidade de vida.
É doloroso. Colocamo-nos no lugar deles. Tinham casa, família, profissão. Tiveram que deixar tudo, para sobreviverem.
O bem se levanta, no entanto. Milhares de anônimos, na Alemanha, no Canadá, nos Estados Unidos, no Brasil e em tantos outros países oferecem seus próprios lares, comovidos com a situação que observam. A dor clama e o bem estende suas mãos.
Esse jovem, que se vê aturdido com os ataques espirituais que tem sofrido, está sendo amparado por tantas orações e auxílio, que vemos o bem socorrendo.
Assim é o caminho da humanidade. Sofrimento, até que o amor surja e aconteça a determinação divina de que aquele sofrimento deve cessar. E Deus deseja que o amor triunfe, que o bem consiga auxiliar.
Lembremos a história do nosso querido médium, Chico Xavier, em época de dor profunda, pedindo socorro a Emmanuel, que trouxesse de Maria para ele palavras de conforto e Emmanuel o atende trazendo para ele o recado de Maria de que a dor passaria.
Tudo passa! A dor também passa.
Como diz Léon Denis, no livro que citamos acima, o gênio não é somente o resultado de trabalhos seculares; é também a apoteose, a coroação do sofrimento. De Homero a Dante, a Camões, a Tasso, a Milton, todos os grandes homens, como eles, têm sofrido. A dor fez-lhes vibrar a alma, inspirou-lhes a nobreza dos sentimentos, a intensidade da emoção que souberam traduzir com os acentos do gênio e que os imortalizou. É na dor que mais sobressaem os cânticos da alma.
Reforça ele que, ante a dor e a morte, a alma do herói e do mártir revela-se em sua beleza comovedora, em sua grandeza trágica, que toca às vezes o sublime e o nimba de uma luz inextinguível.
Sim, meus irmãos, ainda passamos por isso, todos os encarnados na Terra, mas dia virá, quando o amor fulgir entre nós, que a enfermeira dor não será mais necessária. Aí o brilho do amor resplandecerá naqueles que passaram pela dor e dela fizeram surgir esse sentimento divino. Até lá, busquemos a luz da consolação no bendito conhecimento das causas das aflições, que o Espiritismo proporciona, e tenhamos fé de que tudo passa!
Coragem, irmãos! Quando a dor bater à porta, lembrem-se de Jesus e tenham forças e coragem para suportar as provações, que são degraus de subida para o espírito, se aceitas com resignação e amor a Deus!
Comentário